Mapa dos Principais Parques Eólicos Instalados e em Instalação
Fragata USS FFG-14 "Sides" da Classe "Oliver Hazard Perry".
O Chefe de Estado Maior da Armada, almirante Vidal Abreu, falou recentemente na necessidade de aproveitar a "irrepetível" oferta dos EUA de venda de duas fragatas a um preço extremamente barato para substituir as actuais e já velhas fragatas da classe "Comandante João Belo".
Não sendo propriamente novas, as fragatas FFG 12 George Philip e FFG 14 Sides que podem ser incorporadas na Armada, são navios muito modernos que darão outro visual à marinha de guerra nacional e um notável poder de combate pois vão substituir as mais que obsoletas Comandante João Belo.
As fragatas foram oferecidas a 150 milhões de dólares, um preço de favor que talvez tenha a ver com a gratidão dos EUA relativamente ao apoio dado pelo anterior Governo Português à intervenção no Iraque. São da classe Oliver Hazard Perry, uma das mais numerosas da marinha norte-americana com 51 unidades sob o pavilhão americano e mais umas tantas construídas por países aliados como a Espanha, Austrália e Taiwan. Acrescente-se, todavia, que carecem de ser repostas em funcionamento e remuniciadas e reequipadas com novos motores ou com motores recondicionados, o que elevará o preço para mais do dobro. Mesmo assim, ainda serão baratas se compararmos com o custo de navios novos. Resta saber é como o Governo actual vai encontrar a verba necessária sem aumentar o défice das contas públicas.
As duas unidades de um grupo de três que o governo PSD/PP se comprometeu a adquirir podem vir a ser os maiores navios da marinha portuguesa, já que ultrapassam em tamanho as Meko 200 da classe Vasco da Gama, 124,4 metros de comprimento contra 115,9 por 14,5 contra 14,8 e 4,4 contra 5,97 m, além de 2648 / 3486 toneladas de deslocamento mínimo e máximo contra 2920 / 3200 das Vasco da Gama.
A FFG 12 George Philip foi incorporada na US Navy a 18.01.80 e FFG 14 Sides a 30.05.81, mas estão desde os anos noventa fora de serviço na reserva, podendo vir a ter um tempo de serviço na Armada de mais de dez anos.
Fundamentalmente, as Oliver Hazard Perry de short hull, casco curto, como são designadas para as diferenciar de outras mais recentes com 135,7 m de comprimento, são navios à americana, isto é, com mais tonelagem e mais casco que armamento e maquinaria. Diz-se isso por possuírem um único lançador de mísseis do tipo Mk 13 para lançar a dotação máxima de 40 mísseis SM-1 SAM (anti-aéreos) e Harpoon SSM (anti-navios) e uma única peça de artilharia, o famoso canhão italiano Oto Melara de 76 mm, completada com um sistema Vulcan-Phalanx de combate a curta distância contra mísseis ou aviões. Além disso estão equipadas com 12 tubos lança-torpedos anti-submarinos Mk 32 de 12,75 polegadas.
O sistema propulsor é constituído por duas turbinas a gás LM 2500 GE de 40 mil cavalos-vapor ligadas a um único veio e hélice, permitindo uma velocidade máxima de 28,5 nós e 4.500 milhas de navegação a 20 nós. Estas turbinas têm a vantagem de serem iguais às das fragatas Vasco da Gama, mas falta um motor diesel para uma navegação mais económica de cruzeiro. Não são navios de patrulha, mas para isso estão implementadas outras soluções para a Marinha de Guerra.
Em caso de avaria das turbinas, há dois motores retractáveis de 325 cavalos que permitem a navegação de emergência a 6 nós.
As Oliver Perry possuem um elevado grau de redundância, nomeadamente dois sistemas de controlo de fogo, dois radares de pilotagem bem separadas e muita mais duplicação pouco apreciada em tempos de paz, mas bem útil em operações militares.
O sonar de casco SQS-56 é muito limitado, sendo de feixe directo, mas em compensação levam um sonar rebocado SQR-19 de maior alcance a ser eventualmente completado por um sonar hélio-transportado.
A FFG 12 e a FFG 14 foram concebidas para levarem dois helicópteros Lamps III, mas de facto não levam mais que um, pois falta-lhes para efeito algum equipamento que só apareceu a partir das fragatas FFG 36 de casco mais longo. Mesmo assim, possuem um excelente hangar que deverá dar para um hélio do tipo do Lynx das Vasco da Gama.
O casco é de alumínio com liga especial de 19 mm na zona dos mísseis e de aço de 16 mm no envolvimento da casa das máquinas.
Sendo navios aparentemente ligeiros e pouco protegidos, a realidade é que uma fragata igual às que vêm para a Armada, a FFG 31 Stark sobreviveu ao impacto de dois mísseis Exocet verificado a 17.05.87 e lançados por engano por um Mirage F-1 iraquiano no decurso da guerra entre o Iraque e o Irão e que causou a morte de 37 membros da guarnição da Stark.
A FFG 31 estava então no Golfo Pérsico, a menos de 100 milhas das costas do Irão, numa zona frequentemente atacada pelos jactos iraquianos para impedir as exportações petrolíferas do país do Ayatola Komeni. A 12 milhas de distância e a 5 mil pés de altitude, o Mirage F-1 iraquiano disparou o primeiro Exocet que à velocidade de 900 km por hora atingiu o casco por baixo da ponte de comando sem que no navio americano tivesse havido tempo para pôr a funcionar o sistema Vulcan-Phalanx que estava no modo operativo manual. A ogiva explodiu em plena camarata da guarnição, fazendo com que muitos marinheiros tivessem sido projectados para o mar pelo enorme buraco aberto pelo míssil. As chamas desenvolveram-se através de parte da estrutura de alumínio e atingiram a central de combate e, como tal, paralisaram toda a capacidade combativa do navio. O míssil foi visto da ponte 10 segundos antes e poucos segundos depois da explosão do primeiro míssil verificou-se o segundo impacto na super-estrutura. Deste segundo Exocet, a ogiva não explodiu, mas o carburante não consumido do motor foguete provocou um incêndio enorme.
Posteriormente, os americanos disseram que o sistema Vulcan-Phalanx estava avariado com um defeito no computador, mas a realidade deverá ser que o ataque não era esperado ou que, talvez, contra este tipo de ataque a defesa não seja possível. Nessa época, Sadam Hussein era considerado amigo dos americanos e comprava armas e munições a todos os países do Ocidente, incluindo a Portugal que também fornecia o Irão.
Fundamentalmente, as Oliver H. Perry são actualmente escoltadores oceânicos anti-aéreos com alguma capacidade anti-navio e anti-submarina. Foram a dada altura consideradas excedentários na marinha norte-americana e propostos para venda a vários países aliados, mas posteriormente, a US Navy reconsiderou e voltou a valorizar estes navios como indispensáveis para o combate mundial ao terrorismo e a eventuais países que o apoiam. Permitem multiplicar a presença norte-americana em muitos locais do globo, considerando que o número de países altamente equipados com sistemas como a dupla Mirage F-1 Exocet tende a diminuir dado o seu alto custo e a URSS não existe mais para fornecer algum equipamento bélico a países pobres. A doutrina táctica de utilização deixou de ser de escolta oceânica para passar a ser de patrulhamento anti-aéreo e anti-navio em zonas mais ou menos costeiras e, nesse aspecto, estariam perfeitamente adequadas às missões da marinha portuguesa.
Acrescente-se que os meios bélicos que Portugal pode vir a dispor são muito discutidos por comentadores e políticos, dado ser considerados como desnecessários para a defesa nacional por serem insuficientes contra alguma nação poderosa e por não se vislumbrar no horizonte qualquer perigo de guerra.
Contudo, as nações europeias, incluindo as pequenas, querem ser participantes activas num esforço comum de defesa, o qual, por existir, afasta qualquer perigo de guerra. E, de resto, há dois Séculos que as guerras são ganhas sempre pelos mesmos, os chamados Aliados, que além de derrotarem Napoleão e a Alemanha do kaiser e de Hitler, derrotaram a URSS na guerra virtual que se chamou de fria. A poderosa aliança Nato afastou o perigo de guerra da Europa durante o mais de meio Século da sua existência e continuará a fazê-lo no futuro.
Louçã apresentou a sua candidatura à presidência da República com as palavras habituais de todos, ou seja, com dois palavreados; um que nada diz acerca de esquerda socialista moderna, fim ao consenso mole, etc., termos sem sentido. O outro palavreado dá uma ideia errada dos poderes presidenciais.
Louçã pretendeu dar a entender que o PR vai governar o País. Ora, mais que ninguém, Louçã, como líder partidário e deputado, sabe que o PR não governa.
Mas, Louçã embarcou nessa ideia. Disse que há actualmente 2,7 milhões de pensionistas que absorvem 12, tal por cento do PIB e que no ano não sei quantos vão gastar 16,tal por cento do PIB.
Até aí tudo bem. Todos os entendidos sabem isso. Louçã disse ainda que a sustentabilidade do sistema social não é possível e que deverá ser alimentado pelos impostos como acontece já com uma pequena parte do IVA. Louçã disse que a taxa social única deve variar em função da mais valia produzida e acrescentou que seria errado prolongar a idade da reforma, MAS NÃO CONCRETIZOU QUAL.
Louçã não disse que o erro está em aumentar a idade da reforma dos funcionários portugueses ou dos restantes trabalhadores.
Nunca esteve em causa aumentar a idade do regime geral de 65 anos, mas sim dos regimes especiais da função pública para 65 anos (em 10 anos) nos funcionários propriamente ditos e 60 anos nos membros dos corpos policiais e militares.
Louçã não teve a CORAGEM de se pronunciar no concreto e não foi muito verdadeiro ao dar a entender que o Presidente da República pode decidir sobre esses assuntos e passar por cima das decisões da Assembleia da República e dos Governos.
Depois, Louçã disse que muitos dos problemas portugueses têm a ver com a Europa, como de resto eu tenho vindo a dizer repetidamente, e criticou o deixar andar, o não fazer nada, etc.
Louçã não disse que um país de 10 milhões de habitantes não pode mandar nos 500 milhões que povoam a Nova Europa e não quis salientar que Portugal liderou um grupo de onze países contra a livre importação dos têxteis chineses. Liderança que nunca podia ser feita no espectáculo mediático, mas no âmbito das manobras próprias da diplomacia em que falam todos uns com os outros para depois nas reuniões conseguirem algo como se nada tivesse sido combinado previamente.
Louçã pretendeu dizer que o PR pode chegar a Bruxelas e bater com o punho na mesa e obter o que quiser. O grupo dos onze conseguiu uma pequena moratória de três anos no fim dos contingentes dos têxteis e continua na luta.
Enfim, todo o Candidato que se apresentar com um Programa de Governo estará a falar de poderes que a Constituição não lhe dá.
De resto, também Cavaco deu a entender que podia aconselhar o Governo em matéria económica. Se é para fazer as trágicas asneiras que fez como primeiro-ministro, os portugueses dispensam esses conselhos. Além disso, a situação actual é totalmente diferente e nunca vi Cavaco falar na nova questão económica que é a presença dos euros nas nossas contas e porta-moedas, isto é, da divisa mais forte do Mundo.
Nem Cavaco, nem nenhum economista conhecido estudou ainda a questão do funcionamento de uma pequena economia inserida num espaço de moeda única, o primeiro que foi constituído no Mundo e que não é referido em qualquer tratado de economia. Mesmo de fora não tem vindo qualquer estudo sobre o assunto.
Um candidato a PR pode dizer que não promulga um vasto pacote de leis que lhe seja apresentado e referir no concreto o tipo de leis que recusará. Mas, mesmo aí, os seus poderes são limitados, pois o PR pode mandar para o Tribunal Constitucional ou vetar politicamente. Neste último caso, as leis regressam à AR e se forem novamente votadas por maioria absoluta dos deputados existentes, mais de 50%, o PR será obrigado a promulgar.
Quer dizer, o único poder do PR é mandar para o Tribunal Constitucional que avalia apenas a constitucionalidade das leis ou então atrasar a sua entrada em vigor enquanto existir uma maioria nítida na AR.
Um PR não tem de fazer o Orçamento de Estado e não tem poderes sequer para vetar um OE e, menos ainda, tem poderes para definir as linhas de orientação da economia nacional.
O Jerónimo de Sousa que é contra a União Europeia e a Nato, se fosse eleito, não teria poderes para fazer Portugal sair destas organizações.
Mas, o PR tem um poder discricionário da máxima importância. Pode DISSOLVER a Assembleia da República e convocar novas eleições.
Claro, Cavaco pode muito bem fazê-lo se as sondagens derem a vitória ao PSD, mas pode sair o tiro pela culatra e o Povo Português achar que a AR foi eleita para quatro anos e acabar por não acatar o que dizem as sondagens, principalmente se não se verificar a demissão do chefe do Governo como aconteceu com Guterres e Durão.
O Cavaco, se eleito, poderá dizer que após duas derrotas do PS nas urnas (autárquicas e presidenciais) há razões para dissolver a AR e convocar eleições legislativas. Só que o PS obteve 36,5% da totalidade do eleitorado e o PSD/PPD-CDS 38,tal% na autárquicas, pelo que não seria líquido que o PSD venha a sair vitorioso.
Claro, o Governo de Sócrates pode, logo após a eleição de Cavaco, fazer votar na AR uma Moção de Confiança, e o Cavaco ao dissolver a AR entrará numa situação de conflito institucional que é, em si mesmo, anti-constitucional e contraria as suas funções de zelar pelo regular funcionamento das instituições da República. A Constituição não permite confundir eleições e, de resto, invalidar uma só eleição seria o mesmo que tornar todas as eleições passadas e futuras inválidas por qualquer razão e há sempre razões para as oposições, sindicatos, capitalistas, etc.
E não tenho dúvidas que tanto Louçã como Jerónimo iriam dissolver imediatamente a AR, se fossem eleitos PR, para aproveitar a onda eleitoral e fazer dos seus pequenos partidos na AR grandes forças políticas.
O único candidato que não faria isso seria o Mário Soares. Não o fez quando o PSD esteve 10 anos no poder e menos o faria contra o PS.
Por isso, acho que os candidatos deveriam dizer claramente se vão ou não dissolver a AR se forem eleitos Presidentes da República, mesmo que as suas hipóteses sejam remotas, mas nada é impossível numa eleição. Acho que dos eventuais quatro candidatos da esquerda qualquer um pode ir a uma segunda volta e aí ganhar ou perder contra Cavaco.
Por isso, é imprescindível exigir dos candidatos a afirmação sobre se querem ou não dissolver a AR ou quais as condições políticas em que o fariam.
Cavaco pode e deve dizer que vai dissolver a AR se o défice subir acima de um dado montante ou se os impostos forem aumentados ou se o crescimento económico não for o que ele achar que deve ser. Nestes aspectos muito claros é que um candidato deve tomar posição quanto a uma dissolução da AR. Ou pode dizer que nunca dissolveria uma AR em que há uma maioria absoluta que sustenta um governo, mesmo que não seja do seu partido.
Que eu me lembre, só Mário Soares disse que era contra dissoluções presidenciais da AR e que não queria ver em Portugal uma repetição da 1ª República e que não queria ser um Manuel de Arriaga que nomeou e demitiu passado pouco mais de um mês o primeiro governo constitucional da República dirigido pelo mestiço ameríndio João Chagas e, assim, iniciou um longo período de 16 anos de instabilidade política.
Manuel de Arriaga foi eleito presidente por uma coligação de forças parlamentares que tinham de comum o serem contra a facção democrática do Partido Republicano dirigida por Afonso Costa e eram então denominados "bloco". Atrás do "bloco" manobrava já a Igreja Católica que odiava Afonso Costa.
Gerou-se pois a instabilidade numa luta permanente contra o maior partido português, o PRP ou Partido Democrático, de onde saiu a União Nacional Republicana de Brito Camacho e António José de Almeida.
Manuel de Arriaga acabou por ceder ao partido maioritário no Congresso da República e entregar o governo a Afonso Costa que governou durante 13 meses de Janeiro de 1913 a Fevereiro de 1914, ficando na história da República como o governo mais longo e o único que apresentou e cumpriu um Orçamento de Estado equilibrado. O mesmo Manuel de Arriaga demitiu Afonso Costa muito por influência dos ingleses que fizeram uma campanha gigantesca contra o grande político português da República.
Dsotto
Como já aqui foi dito muito antes das eleições, o voto no PS seria desfavorável nas zonas em que habitam grande número de funcionários públicos, nomeadamente em Lisboa, Porto e concelhos limítrofes.
O funcionalismo público viu os seus ordenados perderem poder de compra nos últimos dois anos e o Ministro das Finanças anunciou antes das eleições que os aumentos em 2006 seriam muito baixos ou quase nulos. Acrescente-se o aumento da idade da reforma para 65 anos gradualmente nos próximos dez anos, a retirado a alguns benefícios especiais a certos sectores como os das Forças Armadas, Policiais e Justiça. O congelamento da promoção automática nas carreiras também é um importante factor de descontentamento.
O próprio facto de o Governo querer acabar com professores com horário zero e mobilizar esses professores para darem aulas de acompanhamento, etc. descontentou todo o professorado.
Sendo o Universo dos Funcionários Públicos de 750 mil cidadãs e cidadãos mais uns 350 mil reformados e 180 mil cônjuges sobrevivos, além de familiares directos, podemos falar num Universo de mais de 1,5 milhões de pessoas, portanto, de uns 30 a 35% do eleitorado que vota efectivamente.
Claro, nem todos terão as mesmas ideias, nem sequer sobre a sua condição profissional. Muitos até compreendem que não há grandes alternativas, mas certamente que não serão a maioria. E os seus votos residenciais tanto foram para o PSD como para a CDU. Acredito mesmo que desta situação com a previsível vitória de Cavaco nas presidenciais, a CDU ainda vai tornar-se naquele partido eleitoral que nunca chegou a ser; se não maioritário, pelo menos com uma votação decisiva. Daqui a quatro anos estou a ver a CDU com mais de 30% do eleitorado.
O funcionalismo públicos é cada vez mais constituído por licenciados, pois muitos dos trabalhos ditos inferiores têm sido entregues a empresas de limpeza, segurança, transporte, manutenção, reparação, etc.
Por isso, era até agora ainda o Estado a grande possibilidade de emprego para jovens diplomados em sociologia, psicologia, economia, direito, biologia, agronomia, etc., etc. Um Estado de doutores e engenheiros, como no passado, nos Séculos XIX e XX.
Um Estado de doutores sustentado por uma economia de pé descalço, desculpem o eufemismo um pouco forte.
Mas, foi assim no passado. No Século XIX, por exemplo, a economia rural de pequena propriedade e alguns latifúndios associada a oficinas primitivas e uns poucos financeiros e uma indústria influente de moagem e tabacos, foi insuficiente para sustentar a aristocracia da Monarquia Absolutista, o baronato da Monarquia Liberal e os doutores da República. Hoje, uma economia mais evoluída, mas ainda de pé descalço e muito importadora quando comparada com a dos países europeus mais desenvolvidos é incapaz de proporcionar a sustentabilidade necessária a um Estado omnipresente e omnipotente de muitas dezenas de milhares de licenciados que se sentem mal pagos ao longo de quase toda a sua carreira profissional. Estado que se impôs a si mesmo a tarefa justa de garantir um nível de educação relativamente alto para todos, desde o pré-escolar à universidade, passando pelo secundário profissionalizante ou não, saúde, justiça e segurança, casas para os mais pobres, boas infraestruturas, etc., etc.
Essa falta de sustentabilidade levou à queda do Regimes dos Condes e Marqueses e depois dos Barões e ainda dos doutores. O próprio 25 de Abril teve a ver com o esgotamento financeiro do Estado que manteve 13 anos de guerra à custa do descalabro total das infraestruturas. Já nem se conseguia telefonar para o Porto nas horas de trabalho. A censura férrea da ditadura marcelista é que não permitia ter a consciência do descalabro financeiro do velhíssimo Estado dito Novo só sustentado pela avalanche de divisas enviadas pelos mais de dois milhões de portugueses que trocaram a economia nacional de pé descalço pela francesa, alemã, etc.
Hoje, os agentes da economia pé descalço não podem pagar mais impostos e os grandes bancos ou milionários não são suficientes.
O grande imposto que o Estado conseguiu impor à sociedade civil foi a nacionalização das principais empresas e a privatização, sem esquecer, contudo, que o Estado era o accionista principal das maiores empresas portuguesas, desde o Metro, CP, TAP às Hidroeléctricas, Celuloses, Cimentos, Siderurgia, Petrolíferas, Transportes Marítimos, Bancos, Seguros, etc. Ao longo dos anos da ditadura, o Estado pagou reformas de miséria e recebeu descontos avultados que foram colocados na economia pé de descalço, talvez para ver se andaria calçada.
Ainda recordo em criança quando o Governo proibiu em Lisboa as pessoas de andarem de pé descalço e eram as varinas, vendedores ambulantes e operários da construção civil, etc. E na costa, todos os pescadores andavam sempre descalços. Por isso é que utilizo esse eufemismo, pois até os banqueiros eram uma espécie de pés descalços em comparação com os gigantes das finanças mundiais e o Estado salazarista até teve de fundar o Banco de Fomento para emprestar dinheiro às pequenas fábricas pé descalço que viam os seus pedidos de crédito recusados pelos outros bancos. A carteira de participações do BF era enorme e recordo que até era sócio de uma miserável fábrica de sabão macaco ali para os lados de Sacavém.
As privatizações dos bens do Estado e de alguns capitalistas com os apoios de Bruxelas sustentaram o cavaquismo e o guterrismo, mas acabaram as privatizações e os subsídios da EU estão a chegar ao fim, a não ser que se arranjem umas obras importantes que interessem aos restantes parceiros europeus como o TGV e a Ota.
Portugal está naquela situação descrita por Oliveira Martins em que recorria aos empréstimos de Londres para financiar a construção dos caminhos-de-ferro, mas em troca tinha de liberalizar bastante as importações. Recordo que houve uma vez uma manifestação no Porto de marceneiros que foram deitar ao Rio Douro um carregamento de móveis vindos da Inglaterra. Qualquer dia faz-se o mesmo, ou pega-se fogo aos IKEA, AKI, Carrefour e quejandos.
Os funcionários públicos não são os culpados e a economia pé descalço também não o é de todo e não nasce outra por decreto, principalmente numa época global de recessão europeia que não deixará de contaminar as economias asiáticas, tal como dessas zonas está a vir a gripe das aves. Ainda hoje passei pela loja chinesa perto do meu local de trabalho e vi o chinoca à porta com um ar tristíssimo. Não deveria ter vendido hoje o quer que seja.
A economia portuguesa é ainda tão pé descalço que vejo os jovens saídos do nono ano ou do décimo segundo profissionalizantes sem possibilidades de emprego. Sabem mais que os patrões e estes não querem proporcionar a prática necessária para se tornarem excelentes profissionais. Quantos empresários conheço que só têm a quarta classe e desconhecem em absoluto o que é desenvolvimento. Apenas sabem importar aquilo que vizinho vende e pouco mais ou produzem com técnicas arcaicas a pagarem mão-de-obra barata relativamente aos 14 parceiros da ex-EU a 15, mas sem capacidade para exportar.
Enfim, para onde vamos, se nem uma jovem cabeleireira certificada profissionalmente encontra emprego ou um jovem com o décimo segundo ano de mecatrónica.
Uns dizem que falta pessoal qualificado e vejo as empresas recusarem. Muitos jovens formados profissionalmente no Instituto de Educação Profissional da Rua da Escola Araújo conseguem estagiar nalgumas empresas enquanto o Estado paga, mas depois não encontram emprego porque a empresa quer um novo estagiário à borla.
Enfim, resta-nos gastar o nosso dinheiro a produzir bons profissionais para emigrarem para os restantes países da Europa, o que tem acontecido, mas de uma forma moderada pois a Europa dos 15 conta com 20 milhões de desempregados. Só na Alemanha da VW, BMW, Mercedes, etc. há 5 milhões de trabalhadores sem trabalho.
Precisamos pois de inventar uma nova economia pós-moderna de equilíbrio que permita trabalho para todos sem crescimento. E no caso português trata-se antes de mais de calçar a economia portuguesa. O que é possível no prazo de alguns anos, já que estamos no barco europeu e para todos males há que encontrar um remédio que não seja o do passado, o das guerras europeias.
Dsotto
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