Hoje, na AR, o licenciado Paulo Portas, indagou o PM sobre os custos do Novo Aeroporto de Lisboa.
Sócrates respondeu que os cálculos estimam em 3,1 mil milhões de euros a despesa a ser feita na construção do NAL. Para além disso, acrescento eu, há despesas com a quadruplicação da linha de caminho-de-ferro e composições extras mais umas infraestruturas rodoviárias e algumas derrapagens, pelo que o custo total pode situar-se nos 4 mil milhões de euros a serem desembolsados ao longo de um período que vai de 2008 a 2017.
Este ano, espera-se ter as propostas e cadernos de encargos a serem colocados em concurso internacional para construção e exploração e em 2008 serão abertas as propostas e escolhido o vencedor para que o obra se inicie em 2009 para estar concluída entre 2015 e 2017.
Há uma verba inscrita no Quadro Comunitário de Apoio da EU de 170 milhões de euros para o aeroporto e está em discussão em Bruxelas a verba para as infraestruturas ferroviárias que têm sido apoiadas por Bruxelas em 50% ou mais como podemos avaliar pelas tabuletas colocadas na Ameixeira respeitantes ao Metro e na Estação Roma relativamente à obra da linha de Sintra. Por isso, é admissível que venham mais uns 230 milhões de euros para totalizar um apoio de 400 milhões.
O Estado pretende desembolsar até 600 milhões de euros, mas um dos factores preferenciais na escolha do vencedor será o da redução da participação do Estado.
De qualquer modo, consideremos que mil milhões de euros serão provenientes do OE e da EU.
Qual o significado desta verba para um Aeroporto que deverá servir no início uns 18 milhões de passageiros a aumentar para 35,6 milhões em 2040 e uns 47 milhões em 2050.
Para efeitos comparativos façamos umas contas respeitantes a despesas feitas pelo Portas quando Ministro da Defesa.
Portas, ou seja, o Governo Durão Barroso, encomendaram na Alemanha dois submarinos U-209P pela módica quantia de 900 milhões de euros em custo de estaleiro para serem entregues em 2009 e 2010 ou 2011. O actual governo tem tentado protelar a entrega dos submarinos e arranjou um contrato de leasing com um grupo bancários para que os mesmos sejam pagos em 20 a 25 anos.
O custo total deverá rondar os 1,5 mil milhões de euros, aos quais deveremos acrescentar a despesa operacional estimado neste tipo de navio de guerra em 10% do custo em estaleiro por ano, ou seja, em vinte anos 1,8 mil milhões de euros.
Para satisfação do ego de uns almirantes e do Portas, nós os contribuintes, vamos gastar qualquer coisa como 3,3 mil milhões de euros, ou seja, mais que o Novo Aeroporto de Lisboa situado na OTA.
Mas, para que vão servir os novos submarinos? Qual a guerra em que vão entrar? Qual a costa ou território que Portugal necessita de defender com submarinos? Quem vai usufruir dos submarinos? Que postos de trabalho vão ser criados? Quais os impostos pagos ao Estado português pelos construtores dos submarinos e dos equipamentos anexos como electrónica, motores, armas, etc.
É evidente que a resposta a todas essas perguntas é ZERO.
Quanto ao NAL, construído por portugueses em Portugal, o Estado vai arrecadar em impostos de toda a ordem bem uns 40% da verba gasta. Refiro-me a IRS dos trabalhadores, IRC das empresas, descontos para a Segurança Social, impostos de combustíveis e de viaturas, IVAs de materiais de construção, máquinas, etc. Daí que o Estado deve arrecadar 1,6 mil milhões de euros nestes impostos todos e quase ZERO nos submarinos, porque todo o equipamento é estrangeiro e só os salários dos membros das guarnições é que ficam cá e não serão mais de umas duzentas pessoas, incluindo pessoal do Alfeite que pagarão impostos com o dinheiro do Estado e não com a receita da exploração de um grande aeroporto, a qual vem em grande parte de fora.
Portas inventou umas contrapartidas que se revelaram iguais a ZERO pela comissão que as está a avaliar. Portas chegou a referir como contrapartida uns navios construídos e a construir nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo para um armador alemão que nada tem a ver com os estaleiros dos submarinos e que manda construir navios nos ENVC há mais de trinta anos.
Assim, nos próximos 22 anos temos de um lado 3,3 mil milhões de euros para dois pequenos submarinos e do outro temos 4 mil milhões de euros para um Aeroporto a servir 27,1 milhões de passageiros. Os submarinos irão então para a sucata, enquanto o Aeroporto dará trabalho a 28 mil pessoas e poderá alargar a sua capacidade para quase 50 milhões de passageiros em 2050 e continuar a ser Aeroporto em 2100 e mais para além.
Mas, acrescente-se ainda que o desmantelamento do Aeroporto de Portela poderá dar lugar a um amplo parque industrial e empresarial a servir a cidade de Lisboa, além de espaços habitacionais e jardins. No seguimento de Camarate até Alverca, Portela tornar-se-á numa ampla zona de empregos industriais com evidente encaixe para o Estado. Estima-se em mais de mil milhões de euros o valor dos terrenos, a preços especialmente baixos para a indústria, da imensa zona da Portela, o que poderá amortizar completamente a verba dispendida pelo Estado e há espaço até para uma grande fábrica de automóveis, por exemplo. Com os apoios da EU, impostos pagos ao Estado e valor dos terrenos, o NAL custaria ao Estado, se fosse a entidade pagadora, uns 800 milhões de euros, mas como poderá ser entregue a uma entidade construtora e exploradora do mesmo, o Estado terá lucro. Em 2050, o NAL poderá movimentar 47 milhões de passageiros a pagarem taxas equivalentes a uns 1,5 mil milhões de euros anuais, enquanto os dois submarinos do Portas serão vendidos para sucata. Se o Estado vendesse os submarinos à China, por exemplo, ficaria com dinheiro para subsidiar largamente uma importante fábrica de automóveis e camiões, incluindo motores.
Saliente-se que a solução preconizada pelo Portas de Portela mais outro aeroporto significaria que cada um dos aeroportos deveria ter capacidade para 24 milhões de passageiros, pelo que o segundo aeroporto acabará por custar tanto como a OTA e a economia de escala será menor. Os especialistas em aeroportos afirmam todos que o ideal é um aeroporto a crescer dos 17 para os 47 milhões de passageiros. Para muito mais, o espaço aéreo será incontrolável e para menos dividido em dois aeroportos os custos operacionais serão a duplicar.
A propósito de submarinos, saliente-se que a actual classe Delfim adquirida à França entre 1967 e 1969 destinavam-se a proteger as linhas de navegação para as colónias, mas só um submarino fez uma viagem às Ilhas de Cabo Verde para verificar que não estava adequado para operar em águas tropicais, apesar de ter sido encomendado para isso.
Outra curiosidade da direita. Dizem agora que o actual presidente da TAP quer que seja feito um aeroporto para trazer milhões de brasileiros para Portugal de acordo com a vontade do governo brasileiro em promover a imigração dos seus excessos de população. Como se o Estado português não existisse.
Já saiu a Revista de Marinha de Maio com artigos destinados tanto a profissionais como aos amantes do mar e dos navios actuais e históricos.
Salientam-se, entre outros artigos, o excelente trabalho do engenheiro construtor naval António F. Mateus sobre “Navios de Patrulha Oceânica: Uma Breve Revisão do Passado Recente” no qual relata o desenvolvimento e as necessidades dos navios de patrulha oceânicos como ferramentas indispensáveis para a protecção e vigilância dos espaços marítimos com a constatação evidente que a maior fronteira da União Europeia é a sua longa linha de costa. Noutro artigo de interesse técnico, o capitão-tenente Nuno Sardinha Monteiro explica o funcionamento melhorado e futuro dos sistema de navegação GPS, “Diferential GPS” e “WAS Enabled”, norte-americanos, e do sistema europeu EGNOS, o precursor do Galileu que dará autonomia à Europa em matéria de navegação marítima e terrestre por satélites de alta precisão. Segundo o autor, espera-se que o sistema europeu entre em funcionamento público muito breve dado que os satélites já estão instalados e a emitir sinais.
Rui Henriques escreve no seu nono artigo sobre Desastres Marítimos com Navios de Passageiros, o azar do grande paquete francês “L’Atlantique” que ardeu em 1933 quando navegava sem passageiros para o porto Saint Nazaire para ser vistoriado.
Por sua vez, Dieter Dellinger dá a conhecer as características e o destino actual do maior navio do mundo, o super-petroleiro “Knock Nevis”, ex-“Jahre Viking” e ex-“Happy Giant”. Com 458,46 metros de comprimentos, o navio ultrapassaria em altura as célebres torres Petronas de Kuala Lumpur com 424 metros e, bem assim, o Empire State Building. De alguma forma é a maior peça móvel construída pelo homem e, talvez, a maior de todas as obras humanas, salvo uma ou outra barragem. Actualmente, o navio serve no Qatar de depósito de petróleo bruto proveniente de um campo petrolífero da zona. Dieter Dellinger descreve também a forma com este navio foi atacado durante a guerra entre o Irão e Iraque que provocou o seu afundamento perto da costa, portanto com as estruturas fora de água para ser recuperado e reparado num estaleiro de Singapura.
O Comandante Augusto Salgado, conhecido arqueólogo submarino e autor de numerosas obras, entre as quais o livro “Os Navio da Armada Invencível”, faz um relato do que foi a “Semana do Património Cultural Subaquático em Lisboa”.
Salienta-se ainda o artigo do correspondente da RM no Brasil, Marco António Pedro, acerca do afundamento do navio de cruzeiros “Sea Diamond” no Mar Egeu no passado dia 2 de Abril por motivos que ainda estão totalmente por esclarecer. Este artigo como todos os restante artigos e noticiários sobre actividades navais e portuárias caracterizam-se por uma exibição de pormenores e notáveis fotografias que dão à revista um notável aspecto gráfico que muito se deve ao talento estético do seu director, o comandante Gabriel Lobo Fialho.
A revista está à venda nos mais importantes balcões de venda de revistas especializadas, no Museu da Marinha e podem ser feitos pedidos directamente para revistamarinha@netcabo.pt.
Atenção! Compradores de Programas. Não se deixem enganar pela Microsoft e outras empresas do ramo.
Há pouco tempo adquiri um computador novo para a empresa e paguei um bom dinheiro pelo programa “Microsoft Office”. O fornecedor, agente da City Desk, entregou o computador com o programa instalado e a respectiva etiqueta da licença, livro de instruções e garantia e uma caixinha de plástico que deveria conter o ou os CDs do programa. Qual não foi o meu espanto? Não havia lá nenhum CD. Telefonei ao agente da “City Desk” e disse-me que a “Microsoft” fazia isso agora, só fornece a licença e não o CD e só em caso de avaria e a pedido especial contra um pagamento é que fornecem o CD.
Ao mesmo tempo adquiri um Anti-Vírus McAfee e qual o meu espanto? O programa tem um tempo limitado de funcionamento, passado esse tempo deverei encomendar pela Internet um novo programa.
E, há dias, numa pequena loja de material informático situada na estação de Metro das Picoas perguntei se tinham um cabo e programa para transferência de fotografias do telemóvel para a porta USB do portátil. O vendedor com cara de quem veio do Bangla Desh foi muito solícito e vendeu-me uma caixinha com o cabo e o CD do programa. Quando comecei a instalar; qual não foi o meu espanto? O CD era apenas para ligar à Net e encomendar o programa, enviando para uma conta desconhecida num país não identificado a quantia de 24 Euros por uma parte do programa mais outros tantos para ter todo o “data cable” a funcionar.
Os compradores devem certificar-se que quando compram um programa que este venha completo no CD e que não verba a mais a pagar.
Cuidado! A Microsoft rouba; a McAfee rouba e muitos outros estão a fazer o mesmo.
As eleições francesas revelaram, em primeiro lugar, nas duas voltas, uma afluência quase inédita em eleições daquele país e da Europa em geral. Em segundo lugar, mostraram na primeira volta uma votação insignificante na candidata do Partido Comunista Francês e na dos candidatos da extrema-esquerda e, em parte, no da extrema-direita.
Só Sarkozy e Segoléne Royal foram capazes de ir à segunda volta, pelo que se pode dizer que só o Partido Socialista teve a capacidade para enfrentar a direita, sendo derrotado por uma margem de pouco mais de 6% de um eleitorado gigantesco e ficando a 3% da maioria absoluta. Milhões de franceses votaram à direita e outros milhões à esquerda no PS.
Quer isto dizer o quê?
No meu entendimento é que em França, como em toda Europa, predominam largamente as classes médias que não se revêem nas velhas teorias das classes exploradas pelo grande ou pequeno capitalismo. As contínuas acusações aos Partidos Socialistas de que fazem uma política de direita só levam a que uma parte maior das classes médias votem PSs, nomeadamente as classes médias com os mais baixos rendimentos que não se sentem proletários explorados mas carecem e querem o apoio do Estado na educação, segurança social e saúde sem verem que, para tal, haja a necessidade a estatizar a economia no todo ou em parte. Simplesmente ninguém acredita que a economia estatizada proporcione rendimentos suficientes para uma boa política social. A experiências de quase um século de vários regimes de esquerda demonstram-no à saciedade.
Os interesses são cada vez mais os de classes médias com muita gente que aspira a posições mais elevadas. O número de licenciados é cada vez maior e de há muito que se pretende que todos os cursos proporcionem uma licenciatura como acontece com os enfermeiros, ex-agentes técnicos, etc., etc. E nas profissões sem curso superior a tendência para a elevação do estatuto social é nítida, tanto na França como em Portugal e noutros países europeus; umas vezes de uma maneira, outras de outra, mas sempre no sentido promocional. Ainda há dias, num dado serviço aberto ao público vi o porteiro com um cartão ao peito com o seu nome e por debaixo “gestor de acessos”. Não estou a criticar, apenas a constatar e perfeitamente de acordo com o facto.
O gestor seja do que for, o técnico nos serviços públicos das mais elementares tarefas não se sente um proletário; aspira a ser promovido.
O proletariado que ainda existe e muitos elementos das classes médias de rendimentos mais baixos vêem na emigração um instrumento para que o nível salarias se mantenha o mais baixos possível, pelo que votaram em Sarkozy que lhes deu mais garantis de fazer uma política restritiva de emigração.
Curiosamente, o fenómeno leva a que um certo número de pessoas das classes médias de baixos rendimentos acabem por votar ao lado das das classes médias altas e dos próprios detentores do grande capital, os quais, por sua vez, lutam contra o “promocionismo”, principalmente a nível de Estado, por saberem que isso acarreta mais despesa, logo impostos agravados.
Podemos é certo analisar a estrutura de uma sociedade em todos os aspectos da sua vertente sociológica, não podemos é encontrar uma solução do agrado de todos. Mas, de qualquer modo, a verdade é que o centralismo político se impôs como solução de sobrevivência de uma esquerda democrática e como instrumento de uma direita política que sabe não poder prescindir das classes médias para favorecer apenas o pequeno grupo dos muitos ricos.
Ninguém teme as revoltas operárias, pois toda a gente sabe que o proletariado não está na Europa, mas sim na China a fabricar e montar os produtos baratos que utilizamos quase diariamente, à custa, é certo, de taxas de desemprego da ordem dos 6 a 8%, mas insuficientes para garantirem a vitória eleitoral seja de quem for.
A meu ver, as vitórias eleitorais pertencem aos que forem mais convincentes em termos de projectos de futuro que proporcionem o futuro melhor para as classes médias, mesmo que se tenham atingido patamares em que as possibilidades de concretização sejam cada vez mais limitadas.
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