Nota de 03.12.2008
Afinal o "crude" continua mesmo a descer. Verificou-se o rebentamento da bolha petrolífera, mas cuidado, os preços continuam voláteis e tanto podem descer mais como subir de repente. Hoje o "crude" desceu a um dos valores mais baixos de sempre em resultado de uma recessão mundial, mas também da subida do dólar.
Todo o Mundo teme que os americanos tentem salvar a sua indústria automóvel e os postos de trabalho dos seus operários com limitações às importações ou direitos aduaneiros muito agravados. Se a crise acelerar na indústria automóvel e noutras dos EUA é isso que acabará por acontecer com repercussões negativas nas economias europeias, japonesa e chinesa. Mas, enfim. não é possível que a economia dos EUA entre em crise sem arrastar o resto do Mundo.
A inusitada subida do petróleo bruto "brent" para mais de 55 dólares depois de ter descido para os 48 e qualquer coisa mostra como são voláteis os preços e como o mercado é instável.
Qualquer aumento generalizado do consumo mundial na suposição que o petróleo desceu de vez provocará, sem dúvida, uma subida muito acentuada do petróleo e concomitantemente dos combustívels.
Não são pois de aconselhar os exageros no consumo. Devemos todos continuar a gastar o menos combustível possível, utilizar transportes públicos e se for necessário adquirir uma viatura nova que seja um modelo mais económico.
Recordemos que os grandes construtores andaram loucos nos últimos anos. A Porsche está a lançar uma viatura com o seu desenho aerodinâmico típico, mas de quatro portas e outros tantos lugares, para levar uma família completa a 300 km/h com um consumo que se proxima dos 50 litros aos 100 km. A VW, se não me engano, lançou um Bugatti que faz 400 km e gasta nada menos que 100 litros aos 100 km. Enfim loucuras de administradores milionários que vêem o mercado pela óptica das suas bem recheadas carteiras.
Claro, há modelos mais económicos e relativamente baratos e novos, mas não atingiram ainda o grau de economia que seria desejável. A indústria automóvel entrou em crise porque viu mal o futuro e agora, tal omo os bancos, agarra-se ao Estado para ver se se consegue salvar.
É próprio de todas as bolhas rebentarem e não vejo que não suceda o mesmo com a actual bolha petrolífera e que os preços venham a descer acentuadamente. A dificuldade está em prever o quando, mas, de qualquer maneira, o fim da actual alta exagerada de preços tem a ver com as alternativas que têm de ser encontradas de uma maneira definitiva no âmbito dos esquemas já descritos neste blog e outros.
Segundo a revista norte-americana “Time”, o Mister Rainwater que nada tem a ver com a água da chuva e que tem sido o maior especulador nos futuros em petróleo e gás e nas acções das grandes petrolíferas retirou-se do mercado com os seus dois biliões de dólares que ganhou desde 1998 quando o “crude” estava a uns 10 dólares. Rainwater aproveitou para as suas contas bancárias a subida de 1.350% do preço do barril em onze anos e diz que está, eventualmente, disponível para voltar a entrar no mercado quando os preços descerem acentuadamente. Para ele, foi convincente uma sondagem feita nos EUA em que 77% dos americanos disseram que estavam a tomar medidas muito sérias para reduzir as suas despesas em combustíveis, utilizando menos as suas viaturas, deslocando-se mais em transportes colectivos, bicicletas ou scooters e mudando para carros mais pequenos e económicos, etc. Uma percentagem tão grande de americanos a gastarem menos 10 a 20% de combustível representa muito, tanto mais que, por todo o Mundo, os cidadãos não podem deixar de fazer o mesmo.
Dos dois grandes países que subsidiavam os seus combustíveis, a Índia e a China, o primeiro está a sair desse esquema, passando apenas a apoiar o querosene barato que é utilizado pelos agricultores pobres na confecção das suas refeições. O estado indiano estava já a gastar mais de 10 mil milhões de dólares em subsídios e as três petrolíferas estatais registam prejuízos superiores a essa verba. Isto num país que possui um parque automóvel inferior a um décimo do português. Por cada indiano com automóvel, há dez portugueses com carro. As gasolinas e o gasóleo na Índia aumentaram já em 11% e continuam a subir com protestos de vastos sectores da população, apesar de a tracção animal ainda ser largamente utilizada.
A China enfrenta problemas semelhantes, também com subsídios da ordem dos 10 mil milhões de dólares e com empresas petrolíferas estatais a assumirem uma parte importante do défice petrolífero junto dos consumidores. Depois dos jogos olímpicos, os chineses vão, naturalmente, rever os seus preços, tal como começa a suceder noutros países asiáticos que procuraram poupar os seus consumidores como a Indonésia que tem muito petróleo seu, mas insuficiente para os seus gastos, as Filipinas, a Tailândia, Singapura, Taiwan, Hong Kong e Coreia do Sul.
Muitos destes países não possuem uma rede eléctrica nacional que cubra as suas aldeias cada vez mais populosas. A China gasta imenso combustível na distribuição de carvão e outros combustíveis por quase um milhão de aldeias, cidades e partes das mesmas. Recorde-se que o louco plano de Mao para a instalação de pequenas siderurgias nas aldeias falhou por causa da impossível logística da distribuição de carvão e minério de ferro.
O eventual aumento drástico dos combustíveis pode provocar grandes convulsões na China que podem ir até à queda do regime pois as ditaduras, tal como as bolhas, também rebentam. A economia tem funcionado à custa de combustíveis artificialmente baratos e salários baixíssimos. Se um dos factores aumenta, o segundo não pode ficar na mesma ou sofrer reduções para compensar a alta dos custos industriais.
O preço alto da energia fóssil está a impulsionar uma nova revolução industrial que acabará numa Humanidade menos dependente do petróleo e, por ventura, com muito menos emissões de CO2. Os países têm a possibilidade de resolverem o problema da dependência dos hidrocarbonetos e estão a fazê-lo a nível da produção da energia eléctrica e a partir daí a passarem para as viaturas híbridas ou eléctricas. Mas, antes de se chegar a uma solução satisfatória há que trabalhar muito e não pode a Humanidade pensar que se houver uma quebra muito acentuado no preço do petróleo que está tudo resolvido e regressa-se aos carros grandes consumidores, aos muitos e quase desnecessários sistemas de ar condicionado e aos aquecimentos eléctricos sem o devido isolamento das casas.
Texto de Dieter Dellinger.
Acréscimo de 7 de Agosto de 2008.
Texto escrito e publicado a 18 de Junho de 2008, portanto, antes do 11 de Julho, data em que o barril do "crude" ultrapassou os 145 Dólares.
Hoje, está a 119. Em duas semanas desceu mais de 26 dólares, o que pode significar que a "bolha petrolífera" está a rebentar.
Mister Rainwater é, sem dúvida, um homem inteligente. Retirou-se a tempo com os biliões que ganhou, vendeu as acções das principais petrolíferas quando estavam no auge.
O presidente Hogo Chávez da Venezuela já disse que o petróleo seria capaz de estabilizar por volta dos 100 dólares. Esperemos pelo fim dos Jogos Olimpícos para ver que a China vai fazer, pois está a tornar-se no primeiro consumidor mundial e o governo não quer muitas complicações até ao fim da festa, pelo que os aumentos de preços dos combustíveis foram ligeiros.
Contudo, a China está a ser prejudicada pelo aumento das "bancas", combustíveis para navios, que têm tornado o transporte das mercadorias chinesas mais caro, principalmente na longa distância para os mercados europeus e americano de produtos relativamente baratos. A proximidade dos mercados começa já a favorecer alguns sectores industriais portugueses.
Acréscimo a 20 de Novembro de 2008
Com o "crude" na casa dos 40 dólares, o meu vaticínio cumpriu-se totalmente.
Desde Junho deste ano que muitos "doutos economistas e jornalistas" previam o barril de petróleo a 200 dólares pelo fim do ano. Cá estamo, próximos de Dezembro, com o petróleo a 40 e tal dólares.
Não foi difícil fazer a previsão. É que nada sobe sempre e nada desce sempre. Há sempre um ponto de inflexão e o do petróleo começou quando um tal mister Rainwater resolveu abandonar a especulação no petróleo e nas acções das empresas petrolíferas. Só os parvos é que continuaram a apostar no crescimento dos preços.
Pode ser copiado para qualquer blog ou publicação desde que permaneça o nome do autor.
O super-petroleiro MV Sirius Star foi capturado por piratas somalis no passado dia 15 de Novembro a 450 milhas da costa do Quénia, tendo posteriormente sido forçado a ancorar nas imediações de Haradere na costa da Somália.
Falando por um telefone satélite, Mohamed Said, o chefe do bando pirata exigiu um resgate de 25 milhões de dólares à empresa armadora saudita Vela International Marine, ameaçando com uma catástrofe ambiental se o pagamento não for feito.
O petroleiro MV Sirius Star de bandeira liberiana é, sem dúvida, a mais importante presa da pirataria náutica dos últimos tempos para não dizer de sempre com a sua carga de dois milhões de barris de petróleo no valor aproximado de 100 milhões de dólares e acrescente-se ainda o imenso valor do petroleiro construído na Coreia do Sul pelos estaleiros Daewo, baptizado em Março passado.
O petroleiro de 162.252 toneladas brutas com capacidade para 318.000 ton (DWT), quando completamente carregado, apresenta um bordo livre de apenas 9 metros e um calado de 31 metros. Somente 25 homens fazem navegar este gigante de 330 metros de comprimento e 58 m de boca.
O VLCC “Sirius Star” é um dos 24 petroleiros da Vela International, uma empresa do grupo petrolífero Saudi Aramco e tem a sua base nos Emiratos Árabes.
O ataque perpetrado bem ao sul das zonas habituais ao largo da Somália e no Golfo de Aden mostra que a pirataria se estende por uma zona do Oceano Índico com mais de um milhão de milhas quadradas e, como tal, de difícil controle.
Tanto o Egipto como a Rússia sugeriram imediatamente à comunidade internacional a ocupação de grande parte da costa da Somália para aí impedir os movimentos dos piratas que vivem luxuosamente naquele país sem um governo central que controle todo o país.
Para o Egipto, o Canal de Suez é a sua terceira fonte de rendimento, pelo que está disposto a enviar quando navios ou tropas forem necessários para libertar todo o acesso ao Mar vermelho e, portanto, ao canal e evitar que a navegação internacional utilize a rota do Cabo da Boa Esperança. A Jordânia, a Arábia Saudita e o Iémen estão igualmente frustrados com a situação e dispõem-se a tomar uma iniciativa bélica com outros países. Entretanto, em Bruxelas discute-se se o envio de uma força deve ser feito sob a bandeira da Nato ou da União Europeia.
O estudo do INE recentemente publicado em Portugal sobre a pobreza merece uma atenção especial dado que o tema é relevante sob o ponto de vista político e social.
Infelizmente, os resultados agora apresentados referem-se ao período de 1994-2005, portanto já ligeiramente distantes do último ano completo que seria o de 2007, mas foi feito de acordo com um normativo estabelecido pela União Europeia e igual para todos os 27 países membros na base de inquéritos directos às famílias, os quais não são muito fáceis de fazer porque muita gente sabe lá quanto ganhou ao longo de dez anos.
Tratou-se pois de fazer a análise apenas dos rendimentos monetários e sintetizá-los em dois indicadores: a taxa de pobreza e a intensidade de pobreza. O primeiro indicador dá-nos a percentagem de população que se encontra abaixo da linha de pobreza e o segundo dá a distância relativa que separa o rendimento dos pobres da linha de pobreza. Para além disso, há uma pequena radiografia da pobreza fornecida pela sua distribuição por grupos etários, empregados, desempregados, reformados ou outros inactivos, sem, contudo, especificar mais concretamente por profissões.
Os resultados foram apresentados simultaneamente para todos os 27 países da actual União Europeia. Acrescente-se que os valores monetários da pobreza são diferentes para cada país europeu, dado que a EU considera o limiar ou linha da pobreza como sendo o valor igual a 60% do rendimento mediano por adulto equivalente. A preços de 2005, a linha de pobreza monetária variou entre os 3609 euros anuais em 1994 (301 mensais) e os 4575 em 2005 (381 mensais).
Saliente-se, contudo, que ao contrário do que acontece na Europa do Norte, em Portugal registam-se importantes rendimentos não monetários que o INE cifra em 19,2% do recurso das famílias. O principal é, sem dúvida, a casa própria ou a casa alugada a preços muitos baixos por ser antiga ou habitação social. Em Portugal existem cerca de 6 milhões de habitações independentes com contador de electricidade doméstica, das quais 1,4 milhões estão em pagamento. Cerca de 85% dessas habitações são propriedade dos locatários e muitas das outras estão alugadas a preços inferiores aos normais de mercado. Para além disso, nas zonas do minifúndio existe uma vasta área de agricultura de subsistência com casa que não entra no rendimento monetário apesar de também originar algum por via de vendas de produtos agrícolas a vizinhos ou locais de transacção sem factura ou contabilização. Estes últimos rendimentos, já monetários, fazem parte da economia não revelada, também cifrada em uns 20% dos rendimentos médios das famílias, mas que não entra nos estudos sobre a pobreza por estar concentrada em poucas profissões como pequeno construtor civil, pessoal das obras, pequenos empresários de reparações e serviços, empregos domésticos e, naturalmente, médios e grandes empresários naquilo que foge ao fisco e “desaparece” nas centenas largas de “offshores” organizados pela banca em geral, incluindo a própria CGD que manteve durante muito tempo as contas anti-imposto de capitais do BNU como a conta Londres (antigamente isenta de impostos), conta Macau (ainda isenta) e outras. Muitos trabalhadores com baixos salários, mesmo mínimos, auferem de rendimentos não monetários sob a forma de subsídios de refeição. Os estudos recentes têm mostrado que a não consideração dos rendimentos não monetários (19,2%) traduz-se numa sobrestimação dos níveis de pobreza.
Considerando apenas os rendimentos monetários e não monetários legais, a linha de pobreza variou entre 4414 euros anuais em 1994 (368 mensais) e os 5794 em 2005 (483 mensais), o que faz com que a Taxa de Pobreza tenha descido dos 18,2% de pobres em 1994 para os 16,4% em 2005. Valores corrigidos da inflação, portanto, actualizados para 2005. Saliente-se aqui que os 16,4% de pobres não são da totalidade da população como propalou a imprensa ao afirmar que há mais de 1,6 milhões de pobres em Portugal. Os 16,4% de pobres são relativamente a adultos com mais de 17 anos, ou seja, aos 10,4 milhões de habitantes menos 1,56 milhões de crianças e jovens. Portanto, os adultos abaixo da linha de pobreza são 1,37 milhões de residentes acompanhados por crianças cujo número o INE não apurou, mas que é percentualmente inferior ao do resto da população porque quase 50% dos pobres são idosos com mais de 65 anos de idade, enquanto que essa faixa etária nacional ronda os 15%.
No cotejo com os outros países europeus pode dizer-se que as linhas de pobreza têm valores diferentes, mas geralmente a uma dada massa monetária corresponde um dado nível de preços. Os salários altos têm de ser pagos pelo consumidor. Por exemplo, o trabalhador chinês ganha em médio 50 cêntimos do dólar à hora, mas, naturalmente, consome produtos a preços estabelecidos com esse custo de mão-de-obra. Na exportação é que a concorrência é destrutiva de postos de trabalho, se bem que permita o abastecimento das classes mais pobres da Europa e América com produtos mais baratos.
Considerando a Taxa de Pobreza Monetária em 2005, Portugal situa-se no 18º lugar europeu com sete países com taxas inferiores e com cinco ligeiramente acima, mas se tivermos em consideração o Rendimento Total, portanto, os 16,4% de portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, Portugal avança quatro lugares e fica acima das duas médias da EU 15 e EU 27 que rondam os 17% de pobres. Neste campo, os dois primeiros países são a Holanda e a República Checa, ambos com cerca de 10% da população abaixo da linha de pobreza, apesar de haver uma enorme diferencia salarial entre os dois países. O que se mede é, no fundo, a quantidade de pessoas que estão acima ou abaixo de uma linha diferente de país para país, mas que neste caso marca os desníveis de rendimentos no seio das populações.
Curiosamente, atrás de Portugal em termos de terem mais pessoas abaixo da linha de pobreza está o Reino Unido com quase 19% de pobres e a Espanha e a Itália, ambas com 20%, além da Grécia, Polónia, Eslováquia, Letónia e Lituânia com valores ainda mais altos.
Portugal progrediu nos dez anos do estudo, mas não se encontra propriamente bem e o aumento do salário mínimo é fundamental para reduzir a pobreza bem como a habitação social, o rendimento mínimo de inserção, o abono de família, etc. Saliente-se que o salário mínimo igual ao Indexante de Apoio Social é um valor determinante para o cálculo de todas as pensões de sector privado. Quanto maior for, mais elevadas serão as novas pensões de cada ano e todas, tantas as mais baixas como as médias e altas.
Na evolução da pobreza entre 1994 e 2005 relativamente à linha de pobreza dos 60% do rendimento mediano do adulto, verificamos que houve uma redução de pobres da ordem dos 11% nesse período e uma redução muito maior relativamente a linhas de pobrezas mais baixas ou de extrema miséria. Assim, no referido período, registaram-se menos 23% de pobres abaixo dos 35% de rendimento mediano com 1,9% dos pobres em 2005, menos 22% abaixo dos 40% com 5,2% de pobres, menos 21% abaixo dos 45% com 6,5%, menos 22% abaixo dos 50% com 9% e menos 17% abaixo dos 55%. Também podemos dizer que 11% da população ultrapassou a linha dos 60%, 8% a dos 65%, 6% a dos 70% e outros 6% a dos 80%. A miséria extrema traduzida em taxas de incidência teve uma redução significativa na década do estudo.
E quem são os mais pobres? Aí é que a radiografia estatística não é muito concludente, excepto nas faixas etárias, as quais dizem alguma coisa, mas pouco.
Em 1994, 33,1% dos pobres tinha mais de 65 anos; em 2005, essa percentagem desceu para 23,9%, revelando uma nítida melhoria nas pensões. Com os anos que passam, há mais pessoas com históricos de descontos para a Segurança Social mais longos e, como tal, a auferirem pensões mais elevadas.
Mas, a faixa etária com menos pobres é a dos 18 aos 64 anos, a dos mais activos, e que viu aumentada a sua incidência de 13,1% dos pobres em 1994 para 13,5% em 2005. No âmbito da capitação familiar, a pobreza infantil e juvenil (0-17 anos) passou dos 20,5% dos pobres para 19,1%, a traduzir um menor número de filhos nas famílias.
Na estatística familiar, os mais pobres são os adultos idosos a viver sem família que perfaziam 47,6% dos pobres em 1994 e estavam em 2005 nos 31,9%, graças a aumentos das pensões sociais e outros apoios. Os menos pobres são os agregados familiares constituídos por dois adultos não idosos que constituíam em 1994 apenas 8,2% dos pobres e passaram para 9,3% em 2005, o que a meu ver tem a ver com a “importação” de pobres oriundos dos países do Leste da Europa. Estes 9,3% representam 128.000 residentes.
Mas, enquanto a pobreza aumentou entre os agregados de dois adultos, diminuiu entre os de dois adultos mais uma criança e aumentou nos com duas crianças. No primeiro caso passou dos 11,7% de pobres para os 10,8% e no segundo variou entre os 19,7% em 1994 e os 21,5% em 2005, o que mostra como é difícil para as famílias portuguesas ter mais que uma criança.
Quanto à ocupação, os mais pobres são os desempregados que passaram de 24,6% em 1994 para 27% dos pobres em 2005, enquanto os reformados passaram de 31,5% para 21,3 no mesmo período e os empregados de 9,2% para 9,5%.
A classe pouco esclarecedora de outros inactivos passou de 21,1 para 16,6% de taxa de pobreza.
Conclusão: apesar da redução global da pobreza de 2% em Portugal muito há a fazer para perceber bem a pobreza e encontrar as políticas adequadas para a reduzir substancialmente. Numa sociedade socialmente democrática, nem deveria haver qualquer pessoa abaixo da linha de pobreza, mas a avaliar pelo melhor da Europa, os pobres deveriam estar abaixo dos 10% da população.
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