Há duas irritantes contradições: Uma é ler um artigo do Der Spiegel de 33 páginas sobre a crise financeira sem a mais pequena crítica à Alemanha e ler também os diversos jornais alemães na Net, todos a apontar culpas aos outros países; a segunda é o pessimismo profundo do Coelho e do seu Governo que fala em 2015 como ano em que talvez a situação se vai alterar e os portugueses poderão pagar um pouco menos impostos.
Quanto aos alemães, os números são simples: O Pib alemão é 38,6% do Pib da zona Euro quando o português nem chega aos 2%. A dívida alemã é de 83,5% do seu Pib, logo ca. de 33% do Pib da zona Euro e a dívida portuguesa é de aprox. 2% do Pib da mesma zona e a grega é de uns 3% da Eurozona. Os alemães estão contra aquilo a que chamam a monetarização das dívidas públicas porque isso provoca a inflação. Mas não seria metade da dívida portuguesa, 1% da zona euro, que iria causar inflação, mas sim uma parte importante dos 33% alemães e outro tanto da França. A dívida pública da Alemanha e França é quase 70% da dívida total da zona Euro. E não há um Passos Coelho e outros dirigentes europeus que digam isso à Merkel e ao Sarkozy.
Como há um único Banco Central Europeu temos de ver a questão pelo conjunto das dívidas dos 17 Estados que constituem a Zona Euro e apontar o dedo aos mais endividados, porque esses é que criaram a situação de impossibilidade de uma monetarização (emissão de dinheiro fresco) de 30 a 40% das eurodívidas para reduzir os juros muito elevados extorquidos a Portugal e à Grécia. Mesmo que a Alemanha tenha um éfice de 0,5 a 1% este ano e no próximo, a sua dívida não será liquidada e, como tal, ficará a ocupar um espaço que não corresponde à pretensa moral e ética financeira que os economistas e políticos alemães apregoam para si mesmo.
Links Amigos
Os Meus Blogs
Transportes