Engenharia do rodado metido na carruagem
Nos tempos da minha juventude, ainda quase adolescente, ganhava uns escudos a fazer traduções de alemão para português e vice-versa.
Nesses anos cinquentas e muitos, a peseta estava a cinco tostões e eu costumava ir a Madrid com amigos, pois apesar do franquismo, a capital espanhola era muito alegre e barata, tendo excelentes museus e livrarias, etc.
O meio de transporte que utilizava era um notável comboio espanhol, o Talgo inteiro e articulado sem locomotiva que hoje , conhecido pelos espanhóis como o pato por ter uma frente igual a muitos TGV em forma de pato.
Esse comboio já fazia uns 130 km/h nessa época e quando foi construído pela primeira vez, em 1930, conseguia chegar então à extraordinária velocidade dos 90 km/h. Hoje, o Talgo 350 é um verdadeiro TGV mais barato que faz 300 a 380 km/h com um consumo energético inferior em 30% aos dos TGVs franceses e alemães. A velocidade de cruzeiro habitual é 300 km/h.
Os espanhóis tiveram medo de o utilizar exclusivamente como TGV, pelo que adquiriram algumas composições francesas, mas sabe-se hoje que o Talgo é melhor e mais confortável com os seus concorrentes e há anos que é utilizado e construído nos EUA.
Fundamentalmente, o Talgo mantém a engenharia da sua conceção original de 1930, ou seja, as carroçarias não assentam em conjuntos de quatro rodas motrizes ou não com baterias, mas antes em rodas independentes metidas no interior da carruagem, pelo que a altura do mesmo relativamente aos carris é de uns 30 cm. Há apenas quatro rodas por carruagem articulada que ligam entre si por um veio fixo e rebaixado ligado a um conjunto de dois triângulos em aço perfurado que ligam às outras duas rodas numa espécie de chassis ligeiro sobre o qual assenta a cabine. As rodas estão mais ou menos como nos automóveis de hoje e desde 1930, o que é notável. O motor está à cabeça logo atrás do posto de condução, mas nos modelos convencionais é puxado por uma locomotiva diesel-elétrica.
O peso do Talgo por passageiro é quase metade do dos concorrentes, pelo que consome menos material e fica muito mais barato.
Se fosse construído uma linha TGV Lisboa-Madrid, os espanhóis estariam dispostos a explorar a linha com os seus Talgo como nos meus tempos de juventude em que o referido “Tren Articulado Ligero Goicochea Oriol” chegava a Santa Apolónia e até à Estação de Alcântara. Havia então, como percebi ao falar com passageiros espanhóis, gente que vinha no Talgo até Alcântara para apanharem um paquete para a Argentina e outros países da América Latina.
Os espanhóis ao explorarem a linha ficavam com lucros ou com prejuízos, pagando uma portagem pela utilização dos carris portugueses. De resto, ainda em 1999 circulava desde Irun a Lisboa o Talgo Lusitânia espanhol puxado por uma locomotiva da CP, também conhecido por “Tren
Hotel” que parece ter sido substituído pelos Alfa Pendulares, se não estou equivocado, pois já não ando de comboio há ano, exceto no Metro.
Fábrica dos Cabos Ávila em Ruínas
A minha candidatura ao Congresso destina-se a apresentar uma pequena e despretensiosa moção setorial sobre Indústrias e Empresas em Lisboa e na grande área urbana abrangida pela Faul que compreende 11 Concelhos com cerca de 2.100.000 habitantes e uma área de aprox. 1.400 km2. O Concelho de Lisboa tem apenas 80 km2.
Em toda esta grande área acabámos com as barracas e temos estabelecimentos de ensino, hospitais e unidades de cuidados médicos em quantidades quase suficientes. Os eixos de comunicações rodo-ferrovários e aeroportuários sãoóptimos. O grande problema é hoje o emprego e os imensos cemitérios de indústrias fechadas com edifícios degradados e abandonados, os quais começam em Lisboa, em Chelas, Matinha, Braço de Prata, Av. Infante D. Henrique e estendem-se pelos eixos Sacavém-Vila F. de Xira e Charneca, Camarate, Sintra,etc.
Não compete às autarquias criarem fábricas, mas podemos implementar pólos industriais, áreas de incubação de empresas de todo o tipo que possam absorver a inteligência produzida nas universidades de Lisboa e a mão de obra desempregada da construção civil e de muitas indústrias e empresas de serviço.
O PS tem responsabilidades em diversas autarquias da área da FAUL, pelo que terá sempre uma palavra a dizer. O Tagus Parque é um exemplo a seguir como é o pólo tecnológico do Lumiar ainda longe de estar preenchido.
Os 11 Municípios abrangidos pela FAUL pertencem ao grupo de 30, cujos habitantes têm um poder de compra acima da média nacional e, como em todo o País, uma elevada taxa de desemprego devido ao processo de desindustrialização, tanto na margem norte do Tejo como na margem sul. O espaço geográfico de ambas as margens, zona urbana de Lisboa e Península de Setúbal, apesar de separadas pelo rio, formam um todo comunicante, dado o enorme número de pessoas que habita numa das margens e trabalha na outra, tanto de norte para sul como na inversa e a interação empresarial das duas margens.
A importância da indústria e da logística na economia nacional não carece de explicação, mas a verdade é que não parece, tantas são as fábricas que
fecham e todos os projetos industriais, logísticos e de transportes estão parados.
Numa área de grande consumo, o mercado industrial e logístico terá sempre um destino próximo, apesar de o ideal é que qualquer unidade sirva a exportação como o fornecimento de todo o País.
No plano da geografia económica podemos salientar os seguintes eixos de industrialização e logística na área abrangida pelos 11 concelhos da FAUL:
1) Zona portuária de Alcântara ao Cais do Tabaco e prolongamento até à Matinha e à Avenida Infante D. Henrique mais algumas áreas contíguas. Trata-se de uma zona que não pode ser abandonada ao turismo, devendo manter o caráter de serviço portuário no qual não pode deixar de estar incluído o terminal de contentores de Alcântara e os que se seguem ao Cais do Tabaco. Aí e na Matinha, o ordenamento urbano deveria ter em conta a instalação de pequenas indústrias ligadas ao mar e áreas logísticas. Também a zona que vai de Braço de Prata à
Rotundo do Batista Russo e Avenida Infante D. Henrique deverá ser preferencialmente industrial, comercial e logística, apesar de o espaço ser
limitado para a instalação de fábricas de alguma dimensão. Já lá estiveram muitas e podem voltar a estar empresas que produzam postos de trabalho. A RDP/RTP está ali perto e na Infante D. Henrique estão instaladas empresas que prestam serviços televisivos e outras junto a ruínas infelizes de muitas empresas industriais. Os principais cais do Porto de Lisboa para contentores podem servir de atrativo para espaços logísticos e, mesmo, indústrias diversas.
2) Zona Empresarial Alverca-Azambuja, industrial por excelência com numerosas fábricas, estando quase todas em dificuldades. Uma grande fábrica de cimentos da Cimpor que, naturalmente, estará a produzir menos devido à paragem de quase todas as obras no País, uma grande fábrica de adubo azotados com armazéns contíguos para sementes e tratamento das mesmas e fábricas de tintas, trefilaria e muita coisa mais, estando tudo à espera da lei do despedimento com uma indemnização de uma semana por cada ano de casa para produzirem mais umas dezenas ou centenas de milhares de desempregados. Salientemos aqui a fábrica Covina de vidros planos da Saint Gobain, cujo futuro é mais que incerto, na Póvoa de Santa Iria. As fábricas do grupo Unilever-Jerónimo Martins em Santa Iria da Azóia e Sacavém de detergentes, margarinas, etc. e a fábrica da Soc. Central de Cervejas emVialonga e da Solvay de químicos inorgânicos na Póvoa de Santa Iria. Não há aqui nenhuma indústria segura e quase nenhuma entidade empresarial com dinamismo e vontade de fazer mais do que o pouco que faz atualmente e muitas foram as que fecharam. Estão todas à espera de subsídios e apoios para fazerem o menos possível. O capitalismo industrial não é negócio, limita-se a existir se os contribuintes entrarem com o dinheiro dos seus impostos. Recordemos que foi preciso dar 175 milhões de euros ao Pedro Queiroz Pereira para instalar uma gigantesca máquina de papel de impressão, cuja exportação permite obter um lucro fabuloso, tanto para o empresário como para o País.
Se não fecharem como aconteceu à Mague em Alverca e à Ford e à GM na Azambuja já seria uma sorte. Sem proteção aduaneira, muitas destas indústrias estão a sucumbir perante a concorrência chinesa e dos países do leste europeu
que exploram muito mais os trabalhadores que em Portugal e até de países que pagam salários mais altos que os portugueses, mas têm unidades fabris com tecnologias superiores e melhores economias de escala. Dos 12 milhões de metros quadrados de área industrial e logística instaladas na grande Lisboa, mais de um terço está neste eixo, sendo aqui também a zona com uma maior área disponível dado o abandono de um grande número de unidades industriais e espaços logísticos, estes em virtude da abertura das fronteiras com redução da atividade alfandegária em Sacavém. Aqui uma política de terreno industrial semelhante à das áreas agrícolas pode tornar o espaço abandonado mais barato e, como tal,
apetecível a novas indústrias. Esta zona está bem servida pela Auto-Estrada A 1 e Estrada Nacional 10 com uma vasta área de terreno de pouco relevo. A nova travessia do Tejo entre Carregado e Benavente e a Auto-Estrada Bucelas-Benavente IC 11 permite uma boa ligação a zonas de grande potencial agrícola que podem abastecer indústrias agro-alimentares no grande mercado que é Lisboa e sua área urbana. Há aqui mais de 3,5 milhões de metros quadrados de superfícies empresariais a funcionar ou disponíveis com uma taxa de desocupação da ordem dos 15%. As instalações fabris ocupam neste eixo cerca de 1,3 milhões de metros quadrados e 60% da área empresarial ocupada é destinada a armazenagens.
Neste eixo estão instalados os principais operadores logísticos da grande área urbana de Lisboa a norte do Tejo com armazéns e espaços de distribuição e transporte de numerosas empresas comerciais que atuam em Lisboa, arredores e no resto do País como o entreposto Modis da Sonae em Vila Nova da Rainha, a Gestiretalho, responsável pela logística do Grupo Jerónimo Martins. Até a Fnac tem na zona um grande armazém. Este eixo é também um espaço de eleição para os maiores importadores estrangeiros que vendem no mercado português.
3) Zona Empresarial de Lisboa-Loures-S. Julião do Tojal – é a segunda zona empresarial da Grande Lisboa onde se localiza o Mercado Abastecedor de Lisboa (MARL) que tem contribuído muito para a valorização desta zona, pois a proximidade do principal mercado que abastece Lisboa com produtos alimentares deu azo à instalação de diversas empresas e indústrias agro-alimentares. Toda a área é ampla e muito pouco ocupada, pelo que permite uma grande expansão no futuro, dada também a proximidade de importantes eixos rodoviários que ligam à vasta área urbana de Lisboa a Cascais e a todo o litoral até ao Porto. Podemos considerar como cruciais os concelhos de Mafra, Loures e Odivelas com este
último a ter uma ocupação de uns 80% de toda a zona aqui mencionada. São Julião do Tojal e Prior Velho são já verdadeiros pólos industriais e logísticos da área da Grande Lisboa com mais de 1.300 metros quadrados de espaços empresariais, mas o concelho de Loures está a caminho de reunir quase 10% de espaço desocupado. Uns 60% dos espaços empresariais ocupam áreas pequenas da ordem dos 5.000 metros quadrados. Esta é a zona com maiores possibilidades futuras e mais suscetível de nela serem instalados pólos industriais com vias de acesso às auto-estradas da zona.
4) Zona Empresarial Lisboa-Sintra-Cascais – é a terceira maior zona empresarial da Grande Lisboa Norte, sendo também a mais ocupada também por áreas habitacionais e, como tal, tem no seu seio a maior parte da oferta de mão de obra qualificada da Grande Lisboa. Contudo, a maior ocupação do espaço limita a instalação de empresas industriais e comerciais, principalmente pelo preço dos terrenos. As maiores superfícies comerciais estão instaladas no eixo Lisboa-Sintra ao longo da IC 19, nomeadamente, indústrias farmacêuticas, gráficas como a Lisgráfica, material de engarrafamento como a Sotancro. A fábrica mais importante da região deve ser a de tabaco Philips Morris (ex-Tabaqueira) instalada no Concelho de Sintra, salientando-se a Nokia-Siemens e muitas empresas de informática. O Tagus Parque de Oeiras é um exemplo de pólo de desenvolvimento como é o pequeno Business Center de Sintra. Toda esta área caracteriza-se por um grande desordenamento urbanístico, salvo algumas exceções. Não houve verdadeiramente um planeamento das zonas industriais que nasceram em função da existência de terrenos livres. Falta pois
um verdadeiro Plano Empresarial e Habitacional da Zona da Grande Lisboa a realizar por um acordo dos diferentes Concelhos a formarem uma Coordenadora Urbanística de toda a Zona.
Nota Final: Não pretendo ensinar nada a ninguém, já que todos habitamos a Grande Lisboa e conhecemos e trabalhamos neste grande espaço geográfico, agora também debilitado pela crise. Contudo, é um espaço para atração de capital nacional e estrangeiro e para a intervenção do Estado quando o Partido Socialista for governo e não tiver o horror que os atuais governantes têm a qualquer ação positiva em termos económicos que não seja puramente privada ou pertença de estados estrangeiros. Para já, é assunto para os
autarcas socialistas da região a terem em conta.
Um tal Carlos Barbosa do ACP caracteriza-se tanto pelo seu ódio ao PS como pelo seu servilismo relativamente ao PSD. Assim, por incumbência do PSD/CDS resolveu entregar uma participação criminal no DIAP por “gestão danosa” devido à realização de auto-estradas SCUT – Sem Custos para o Utilizador – do Interior Norte (NortScut), Beira Litoral, Grande Porto, Litoral Centro e Grande Lisboa. Apresenta como testemunhos pessoas leigas em auto-estradas como Medina Carreira, João Duque e outros. Mas, essas pessoas só podem dizer que “gestão danosa” resulta de as referidas vias terem sido construídas por privados com o Estado a pagar as portagens.
Em princípio as estradas deveriam ser de utilização gratuita na medida em os combustíveis e os automóveis pagam importante impostos, tanto na compra como anualmente e sobre os seguros. O Barbosa do ACP deveria ter conhecimento desses impostos. Claro, o país é pobre e daí que o Estado para desenvolver o interior quis uma auto-estrada sem custos para o utilizador como também na circulação no grande porto e na grande Lisboa, se bem que aqui não conheço nenhuma verdadeira auto-estrada que tenha sido construída recentemente, salvo uns lanços minúsculos. O Barbosa não apresentou provas, pretende que os magistrados do DIAP vão buscar essas provas. É como se eu chegasse ao senhor X e o acusasse de roubo, dizendo que fosse a magistratura a descobrir qual o roubo e quem foi roubado e em que montante.
Se o Barbosa dos automóveis fosse uma pessoa honesta teria participado também contra o atual governo por ter portajado a Via do Infante, construída há quinze anos com dinheiros da União Europeia e que representa não apenas gestão danosa, mas simplesmente roubo e um gravíssimo atentado ao turismo nacional e, em particular, ao Algarve. Vimos o triste espetáculo dos espanhóis em fila para pagarem antecipadamente o direito de visitarem Portugal e deixar aqui algum dinheiro nos bons e baratos restaurantes do Algarve, nas lojas e até nos hotéis.
Como presidente do ACP, Carlos Barbosa deveria ser um defensor intransigente da liberdade dos automobilistas, principalmente de circularem em estradas sem custo para o utilizador, dado que estes pagam impostos altíssimos na compra do automóvel, no selo do carros e nos combustíveis em cerca de 60% do seu preço vai para o Estado. Claro, o país é pobre e não põem todas as auto-estradas serem “gratuitas”, mas aquelas que foram construídas para o serem, mesmo que a portagem seja paga pelo Estado deveriam continuar assim.
O objetivo fundamental do PSD em utilizar um gajo como o Carlos Barbosa é avançar com processos judiciais contra governantes do PS antes de que os reformados das classes médias e baixas venham a processar o PM e ministro das Finanças por roubarem o seu subsídio de férias, logo que em Agosto constatarem que o mesmo não foi depositado nas suas contas e em Janeiro de 2013 ao verificarem eventualmente que o subsídio de
Natal não lhes foi pago. Todos os reformados com mais de 600 euros de reforma podem organizar-se em grupos de quinhentos a mil para participarem ao DIAP o roubo de 14,2% das suas reformas anuais.
O Barbosa e o PSD pensam que os reformados têm alguma coisa a ver com o PS ou com as auto-estradas e vão ter medo de acusarem Gaspar, Coelho e Companhia de ROUBO. Por sua vez, a manobra do Barbosa passa por não ter nada a ver com o PSD quando tem e muito.
Sim, o não pagamento dos subsídios em causa não é feito por via de aumento do IRS, o que sendo nojento
seria legal, mas por uma simples decisão orçamental de não pagarem o que devem. Ora quem não paga o que deve é LADRÃO e o tal Carlos Barbosa está ao serviço dessa LADROAGEM.
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