A China entrou em crise e não por causa do terramoto ou até pelo levantamento dos tibetanos contra a opressão e a sua redução a minoria étnica por via da emigração em massa de chineses para o Tibete.
A economia chinesa começa a vacilar. A inflação atingiu no passado mês de Março o valor mais elevado dos últimos 12 anos com 8,3%, o que é assinalável dado o baixo nível dos salários dos trabalhadores e das receitas dos seus agricultores. Os produtos alimentares aumentaram 22,1% em Abril, comparado com o mês análogo do ano anterior.
A China acumulou nas últimas duas décadas imensos saldos positivos na sua balança comercial, a qual atingiu os 16,7 mil milhões de dólares só no passado mês de Abril. A injecção de tanto dinheiro não dispendido com a população está a aquecer demasiado a economia, apesar das sumptuosas despesas com os jogos olímpicos e o luxo do centro das principais cidades a contrastar com a miséria das suas periferias e mesmo bairros fora do perímetro central.
O problema já vem de longe; em 2007 houve sete aumentos das taxas de juro, mas curiosamente em 2008 não houve nenhum, pelo que a economia está como uma chaleira com água a ferver, apesar dos bancos terem recebido ordens para aumentarem as suas reservas monetárias, colocando menos dinheiro em circulação.
Mas, o dinheiro proveniente das exportações está a fazer ferver a economia porque não é distribuído sob a forma de aumento de poder de compra dos trabalhadores e desvio de produções para o abastecimento interno. O governo chinês continua a apostar numa exportação agressiva com base na exploração da sua imensa força de trabalho paga a 20 a 35 cêntimos do euro à hora.
Quase mil milhões de rurais chineses vivem com cerca de um dólar diário e não têm electricidade, pelo que se estragam milhões de toneladas de alimentos por falta de uma vasta rede de armazéns frigoríficos, transportes também frigoríficos e, bem assim, arcas congeladoras e frigoríficos domésticos.
Para além disso, o desemprego crescente no Mundo Ocidental provocado pelos baixos salários chineses associado ao gigantesco custo do petróleo que aumentou 600% em seis anos ao mesmo tempo que o dólar desvalorizava apenas 60% relativamente ao euro, estão a provocar uma diminuição das exportações chinesas, já sentida por muitas empresas chinesas que começaram a despedir pessoal.
Enfim, a China Comunista, ao optar pela via de desenvolvimento capitalista, adquiriu as taras do modo de produção capitalista e, provavelmente, não está apta a lidar com as mesmas. Claro, por enquanto, as obras públicas vão sendo uma válvula de escape até porque muito há a fazer no campo das comunicações e da produção energética. A dependência excessiva das centrais térmicas a carvão na produção de electricidade está a tornar o ar de muitas cidades chinesas irrespirável e igualmente a própria economia que não pode deixar de abandonar as elevadas taxas de crescimento dos últimos anos.
Nota: A China Comunista ainda não possui um Serviço Nacional de Saúde. Os trabalhadores costumam descontar nas grandes empresas e ministérios algo para a saúde ou nas aldeias e os tratamentos são todos pagos nos hospitais, pelo que os pequenos camponeses e trabalhadores de pequenas empresas têm de juntar dinheiro para cuidar da saúde em caso de necessidade, o que também acontece com os outros trabalhadores, pois as contas empresariais da saúde são frequentemente utilizadas para outros fins ou desviadas pelos chefes.
Os feridos dos recentes terramotos têm de pagar os seus tratamentos ou então tem a respectiva família se estiver viva. Com a destruição de aldeias, fábricas, etc., o velho sistema parcelar e desigual deixou de funcionar, mas o governo ainda não se decidiu pelo tratamento gratuito de todos os acidentados.
Links Amigos
Os Meus Blogs
Transportes