De entrevista em entrevista, Manuel Alegre vem revelando o quer, sempre sem frontalidade e com expressões indirectas embrulhadas num papel sebento de esquerda envelhecida.
Alegre considera-se senhor e proprietário de um milhão de votos. Consta que foi comprar à Moviflor uns armários baratos para colocar lá o seu milhão de votos.
Com isso, Alegre quer negociar com Sócrates nada mais nada menos que metade do grupo parlamentar, pois considera que o PS pode ter qualquer coisa como dois milhões de votos. Assim, metade serão dele e a outra metade do Sócrates. Claro, as secções, federações, etc. não contam para a escolha dos candidatos a deputados. Metade serão do Alegre, independentemente de os militantes quererem ou não, votarem ou não.
A arma dele era a possível transformação do seu MIC num novo partido socialista. Só que Sócrates é um político experiente e muito sabido. Deixou passar o tempo, foi fazendo de conta que cedia muito a Alegre e nunca se zangou nem o atacou em público. O próprio Almeida Santos não diz mal de Alegre. Por vezes chama-lhe grande poeta, o que, obviamente, não é mentira. Só que na idiossincrasia semântica do português, o poeta não é grande coisa para outras tarefas como a política.
Por enquanto, Alegre tem o seu pequeno grupo parlamentar com a mana Teresa Portugal, a Matilde Sousa Franco e mais não sei quem. Não é suficiente para retirar a maioria ao grupo parlamentar do PS. Por isso, a ambição de Alegre na próxima legislatura seria ter um grupo maior, mas não vai conseguir. Já passou tempo suficiente para inventar um novo partido e o septuagenário Alegre não tem aquela dinâmica para conseguir rapidamente isso. Claro, não se pode dizer que seja impossível e que um novo projecto não possa ter o êxito desejado, mas é cada vez mais difícil.
Links Amigos
Os Meus Blogs
Transportes