A avaliar pelas manifestações de hoje, pelos discursos do Silva, Passos e outros, chegou a hora de deitar o Governo abaixo e entregar o destino do País aos eleitores.
José Sócrates e a sua equipa não conseguem dominar os mercados; os juros sobem quase diariamente e há quem admita que lá para o verão estarão já ao nível dos 11% como os que a Grécia e Irlanda estão a pagar. Por mais beijos que dê à Sra. Merkel ela não se comove pois as sondagens na Alemanha apontam para derrotas sucessivas do seu partido CDU e aliados CSU e Liberais e as mesmas sondagens dizem que os alemães não querem pagar as reformas e os salários dos trabalhadores de outros países. O modelo Euro com um Banco Central que não pode emitir moeda e adquirir a baixo juro dívida dos Estados só pode ser alterado com outro Artigo 126 do Tratado de Lisboa, o que implica referendos nalguns países.
Mas, como dá a entender Nicolau Santos no Expresso, ninguém tem a coragem de deitar abaixo o Governo.
Repare-se que a Moção de Censura do BE foi contra o PS e PSD como que a dizer ao PSD para não votar nela e não deitar abaixo o governo. Se Louçã quisesse mesmo fazer cair o governo, apresentava um texto consensual e um apelo a toda a oposição, mas não, fê-lo de maneira que se o PSD votasse a favor sairia derrotado como se fizesse parte do governo.
Cavaco fez um discurso duro, pelo que tinha a obrigação de dizer logo que vai demitir o governo e, eventualmente, dissolver a Assembleia da República para que se organizem novas eleições. Mas, não teve a coragem necessária para tal e não sei se a terá nas próximas semanas ou meses.
Estão todos à espera, como diz Nicolau Santos, de que Sócrates “Obviamente demita-se!
Mas que soluções podem advir de um bando de cobardes que têm medo de votar uma Moção de Censura simples a dizer apenas que o atual elenco não serve o País sem colocarem questões ideológicas ou outras.
Com o petróleo a subir e, bem assim, uma série de matérias primas e produtos alimentares e com a turbulência no Mundo Árabe e, talvez, noutros países, é óbvio que Passos tem medo de chegar ao poder e a dupla BE/PCP tem medo de ganhar eleições. As sondagens não apontam para isso, mas a degradação imposta pela União Europeia, a começar pela Alemanha, a Portugal é tão forte que até uma vitória da extrema esquerda é possível. Só que o sectarismo tanto do PCP como do BE devem ser um impedimento a uma união de esquerdas, a uma CDU que englobe os dois partidos mais uns apêndices sem que seja o Jerónimo ou o Louçã a mandarem, mas os dois em conjunto.
Desde os tempos de Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht, Trotsky e outros, o grande erro dos Partidos Comunistas foi não serem capazes de se aliarem a partidos tão de esquerda como eles e com programas semelhantes.
Seria interessante saber como vão outros governar o País; tanto a direita Passos e Portas ou a extrema esquerda Louçã e Jerónimo.
É óbvio que não iriam acalmar os mercados, antes pelo contrário, e que se quisessem mesmo ir aos bolsos dos ricos veriam milhares de milhões de euros voarem daqui para fora antes mesmo de tomarem posse. Toda a gente sabe que no exterior estão depositados quase 50% do Pib português pertencentes a cidadãos nacionais e muito dos lucros da banca resultam de vendas de investimentos feitos no exterior e de lucros vindos de fora que obedecem aos princípios de ausência de dupla tributação. Uma filial do Millenium na Polónia paga lá os seus impostos, pelo que não é obrigada a voltar a pagar IRC em Portugal, mas o banco gosta de englobar todos os seus lucros para criar confiança junto dos seus clientes.
O País não tem alternativa que não seja passar a viver dos seus próprios meios e para tal equilibrar a balança de transações correntes e deixar de ter um défice nas contas públicas. Não creio que seja possível chegar a isso sem sacrifícios tremendos e num prazo nunca inferior a uns quatro ou cinco anos. Mesmo assim, uma parte do OE terá de ser utilizado para o serviço da dívida pública, ou seja, pagamento de juros e prestações vencidas.
A Europa não é solidária porque a Alemanha não quer. Os pequenos países não se querem juntar para formar um bloco forte. Os novos países como a Roménia, Hungria, Polónia, etc. competem todos para atrair investimentos alemães, acenando com os seus baixos salários e o mesmo fazem outros países. A Espanha abre-se em facilidades para ter mais unidades de fabrico de automóveis alemãs, francesas, etc..
Portugal está no “fim do Mundo” europeu, não sendo o melhor local para investimentos externos e, além disso, os sindicatos não suscitam grande confiança, politizados como estão.
Veja-se o caso da Auto-Europa. A VW teve em mente fabricar aí os modelos Tiguan e Touran, o que triplicaria a produção e o número de trabalhadores, mas teve medo. Preferiu fabricá-los na Áustria e Hungria.
No fundo, somo um povo todo à rasca e é aí que está o problema.
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