O Bloco de Esquerda disse na AR que as reservas financeiras de 17 mil milhões de euros atualmente na posse do Estado deviam servir para aumentos de ordenados, pensões, etc, porque com isso aumentaria o consumo e, como tal, também a receita em impostos.
É evidente que a rapariga do BE não percebe nada de contas, porque:
No último dia de Fevereiro deste ano a dívida pública total atingiu a soma astronómica de
228.226.646.971€ (228,226 milhões de euros) = 129,5% do PIB
Pelo que os 17 mil milhões são apenas 7,4% da dívida total e um pouco mais de 10% do PIB, devendo ao longo deste ano serem pagos um pouco mais de 7 mil milhões em juros. Os restantes 10 mil milhões destinam-se a pagar amortizações, não representando mais de 4,3% da dívida total.
Parecendo que a “almofada” de 17 mil milhões de euros é muito dinheiro e pode ser distribuída em despesas justas, na verdade não representam quase nada e injetar uma parte desses 4,3% da dívida (10 mil milhões) que ficarão livres depois de pagos os juros não vai provocar um aumento do PIB significativo, pois são apenas uns 5,8% do PIB e, a prazo, não resolveriam nada porque seria necessário pedir mais dinheiro emprestado para os juros e amortizações do próximo ano e anos seguintes.
Quanto menor for a dívida, mais livre ficará Portugal da ditadura germânica do BCE.
Os quatro anos de governo PSD/CDS provocaram um aumento da dívida pública em mais de 50 mil milhões de euros e o saldo das contas públicas de 1 de Março de 2014 a 28 de Fevereiro de 2015 foi de -7.304 milhões de euros.
O saldo primário sem juros foi ainda negativo de -228 milhões de juros, ou seja, 3% do saldo total, portanto, ainda fora do tratado orçamental que obrigava a um saldo primário já positivo.
Por isso, o PS como partido consciente não foi reivindicar um aumento da despesa pública porque seria impossível o seu pagamento, tanto mais que nada indica em termos de investimentos que o PIB venha a crescer mais de 1 a 1,5% este ano.
As pessoas criticam António Costa de não ser um fala-barato; um mentiroso como Passos Coelho, Jerónimo e a rapariga do BES. Não, Ferro Rodrigues é um economista doutorado e professor que conhece bem as contas públicas e com António Costa não vai querer conquistar votos com aldrabices.
Ferro Rodrigues pode não ser muito televisivo, mas é um sólido economista e político e, principalmente, uma pessoa de uma seriedade absoluta, o que até pode desagradar ao eleitorado que gostaria que tivesse uma varinha mágica para corrigir os desmandos de 4 anos de aumento da dívida pública sem investimentos estatais ou privados e com muitas privatizações que vão custar este ano e no futuro muitos milhares de milhões de euros em falta de receita e em despesas adicionais com fundos de reforma privados que passaram para o Estado com as inerentes obrigações de pagar as reformas atuais e futuras dos trabalhadores da banca e de outros setores.
Assim, comparando com os 12 meses terminados em FEV/2014
Receita Total : 41,382M€ ( - 244M€ ; - 0.6% ) Das quais :
Receitas fiscais : 37,245M€ ( + 572M€ ; + 1.6%) IRS : 12,800M€ ( + 149M€ ; + 1.2%) IRC : 4,499€ ( - 555M€ ; - 11.0%) IVA : 14,038M€ ( + 692M€ ; + 5.2%) ISP : 2109.1M€ ( + 33M€ ; + 1.6%)
Despesa Total : 48,866M€ ( - 156M€ ; -0.3%) Despesa Corrente Primária : 41,484M€ ( - 454M€ ; - 1.1%)
Despesa de Capital : 1286€ ( - 323M€ ; - 20.1%)
Despesas com juros : 7382M€ ( 299M€ ; + 4.2%) Saldo Primário : - 102M€ ( melhorou 210M€ ) Saldo : -7,484M€ ( - 298M€ ; - 2.3% )
Dívida Pública Portuguesa total emitida (FEV/2015) : 228.226.646.971€
A dívida teve a seguinte variação média diária nos períodos indicados:
2015 : + 43.477.477€ (últimos 12 meses terminados em FEV/2015)
2014 : + 35.271.397€
2013 : + 26.667.217€
2012 : + 53.616.271€
2011 : + 63.331.160€
2010 : + 52.132.112€
2009 : + 39.133.457€
Este mês a dívida emitida aumentou cerca de 2.341M€.
Comentários:
1. Nos 12 meses terminados no final de FEV/2015, os certificados de aforro e tesouro foram responsáveis por cerca de 40% do aumento da dívida, o que é um bom sinal de poupança interna. Esta poupança fica no país, e o Estado ainda recupera uma parte dos juros pois há retenção via IRS.
2. 8.40% (8.47% no mês passado) do total da dívida é detida, diretamente, por particulares. É o 1º mês, após 19 meses consecutivos em sentido contrário, que esta %% dominui. É de esperar que a dívida subscrita por particulares caia continue em baixa, embora as notícias recentes de bancos a pagar 0% por depósitos a prazo possam refrear as diferença
Dados referentes aos 12 meses terminados em JAN/2015. Isto é, os meses de FEV/2014 a JAN/2015.
Assim, comparando com os 12 meses terminados em JAN/2014
Receita Total : 41099.6M€ ( - 357.6M€ ; - 0.9% ) Das quais :
Receitas fiscais : 36963.7M€ ( + 442.8M€ ; + 1.2%)
IRS : 12783.3M€ ( + 235.7M€ ; + 1.9%)
IRC : 4461.1€ ( - 605.5.2M€ ; - 12.0%)
IVA : 13868.5M€ ( + 580.9M€ ; + 4.4%)
ISP : 2109.1M€ ( + 23.5M€ ; + 1.1%)
Despesa Total : 48403.9M€ ( - 190.3M€ ; -0.4%)
Despesa Corrente Primária : 41388.1M€ ( - 377.2M€ ; - 0.9%)
Despesa de Capital: 1296.0€ ( - 316.8M€ ; - 19.6%)
Despesas com juros : 7040.6M€ ( 211.7M€ ; + 3.1%)
Saldo Primário: -288.5M€ (melhorou 19.6M€ ; + 6.4%)
Saldo: -7304.3M€ (- 167.3M€ ; - 2.3% ; aprox. - 4.3% PIB previsto em 2015 )
Calendário das Amortizações da Atual Dívida Pública em mil milhões de euros (10^9)
2015: 6,94 * 10^9 2025: 10,16
2016: 15,27 2026: 03,28
2017: 14,99 2028: 00,83
2018: 15,93 2029: 00,43
2020: 15,58 2030: 03,53
2021: 19,34 2031: 00,03
2022: 05,52 2032: 04,23
2023: 08,86 2033: 04,68
2024: 04,30 2034: 01,08
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