Jornal Socialista, Democrático e Independente dirigido por Dieter Dellinger, Diogo Sotto Maior e outros colaboradores.
Quarta-feira, 21 de Junho de 2017
Os Fogos em Portugal

 

A ideia que Portugal poderá um dia deixar de ter fogos no verão seco e quente em que nem um pingo de chuva cai é irreal e significa transformar o país numa zona árida como o Peloponeso grego ou certas regiões do Norte de África.

No fim do Século dezoito Portugal era um país com as serras todas "carecas". O arvoredo tinha desparecido com a utilização da madeira na construção naval e habitacional e muitos objetos de uso comum como meios de transporte, etc.

Foram os dois o governos do conselheiro Ernesto Hintze Ribeiro no fim do Século XIX e início do XX que deram início ao Plano de Organização do Serviço Florestal e criação dos cursos de silvicultores no também criado Instituto Agrícola de Lisboa que começaram o processo de reflorestação de todos os baldios do País e, principalmente, as zonas montanhosas e ingremes com ravinas e vales profundos como as que ladeiam a estrada em que num espaço de 400 morreram mais de 50 pessoas.

O Plano de Reflorestação continuou na República, no Estado Novo e depois.

Cavaco implementou ao máximo a plantação de eucaliptos por considerar uma matéria prima valiosa para o fabrico de papel caro do tipo dos utilizados nas fotocopiadoras, etc.

Hintze Ribeiro e os seus técnicos estavam convencidos que a floresta iria reter humidade nos solos e, como tal, impedir fogos florestais.

Claro que na altura havia mais gente nas aldeias e o mato seco era utilizado para cozinhar e aquecimento das casas, dado não haver eletricidade nem gás e, menos ainda, água canalizada.

Mesmo em 1902, já havia uma imensa emigração para o Brasil e para o litoral que começou a esvaziar as aldeias e que continuou com grande aceleração nos anos 60 de Século XX até chegarmos aos despovoamento atual e que tende a ser mundial,

Mesmo em África e na China que sofreu um gigantesca redução do número de habitantes, tendo hoje menos pessoas que a Índia, onde também se verifica a emigração para as gigantescas cidades e para o estrangeiro. No Brasil, por exemplo, só 10% da população já vive no meio rural, 90% está urbanizada em cidades.

Por isso, podem proteger-se as bermas das estradas, mas se as árvores não servirem de suporte e fixação de bermas frágeis teremos outras catástrofes com as chuvadas do Inverno. Na Índia foram destruídas muitas zonas florestais que deixaram de reter as águas dos rios Ganges e Bramaputra, provocando graves inundações em Bangala e no Bangla Desh.

A única maneira de acabar com os fogos seria "destruir" toda a vegetação não cultivada e não irrigada do País que abrangeria mais de 80% da área nacional com consequências gravíssimas no clima e na pluviometria.

Daí que, sejamos honestos, o fogo no mato com ou sem árvores vai continuar e os fenómenos verificados em Pedrógão Grande vão repetir-se de uma outra forma.

A melhor maneira de o evitar em parte é repor as unidades de sapadores florestais a funcionar em todo o País como projetou o engenheiro Sócrates, mas com custos avultados e aumento do número de servidores do Estado, sejam diretos ou indiretos através das empresas de prestação de serviços.

Mesmo assim, não acredito que impeçam de todo o fogo da estrutura florestal do País e os eucaliptos devem ser cultivados em áreas organizadas como fazem as empresas celulósicas que retiram o mato seco com máquinas adequadas para a co-geraçaão de eletricidade.

 


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publicado por DD às 23:07
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