É inacreditável que o banco emissor da moeda que os portugueses usam diariamente mais quase 300 milhões de europeus dependa para as suas decisões de uma agência de rating canadiana (DBRS), portanto, de um país que nada tem a ver com Portugal nem com a União Europeia, não utiliza o Euro e desconhece tudo sobre as economias europeias.
Enquanto isso, o BCE instalado duas torres de mais de 50 andares em Frankfurt está cheio de economistas e especialistas em finanças e direito nacional e europeu, conhecendo todas as transações feitas pelos bancos centrais dos 16 países membros através do sistema TAG2 não é capaz de tomar uma decisão.
O destino de Portugal depende de agências PRIVADAS situadas do outro lado do Atlântico apesar de haver uma vasta administração em Bruxelas para os 510 milhões de europeus e um Parlamente Europeu com mais de 700 deputados a ganharem altos salários e com direito a secretariado individual, carro, etc.
Para que serve isso tudo, quando dependem da opinião de agências que nunca ninguém ouviu falar.
Isto é uma contradição absoluta. O Sr. Draghi para emitir para Portugal 2% das emissões do BCE precisa de uns canadianos para lhes darem informação sobre Portugal quando veio aqui e falou com governantes, banqueiros e até com o PR Marcelo Rebelo de Sousa. Toda esta gente não lhe diz nada ou menos que uns anónimos canadianos.
Esta Europa e este Mundo está mesmo virado do avesso.
O BCE emitiu já cerca de um bilião de euros entregues gratuitamente aos bancos centrais dos países da zona euro para adquirirem dívidas públicas, recebendo só respetivos juros para os devolverem no ano seguinte aos proprietários dos bancos centrais, os respetivos Estados.
Estas emissões levaram já a uma queda brutal dos juros pagos pelos diferentes Estados pelas suas dívidas, ficando dois países relativamente de fora, ou seja, o mais necessitado, a Grécia, e Portugal. No caso português é porque o governador do Banco de Portugal fica com o dinheiro recebido do BCE e não está a comprar dívida portuguesa. Diz que necessita de fazer provisões e pretende provisionar este ano mais de mil milhões de euros, tendo já feito com 480 milhões que deveriam ter sido entregues ao Estado. É o único governador de um banco central europeu a fazê-lo.
Na política monetária os governadores dos bancos centrais dos países e do BCE têm uma certa independência, mas tal como acontece com os magistrados, não é para fazerem política e tudo o que lhes apetece.
O governador do BP está a fazer política anti-PS/PCP/BE tal como o Carlos Alexandre no caso Sócrates faz política anti-PS e no caso BES/GES faz política favorável á direita capitalista pura.
O programa “Quantitative Easing” foi elaborado por Draghi para terminar este ano, mas foi prorrogado para Março de 2017, podendo ir mais além, apesar de não ser do agrado do Schaeuble/Merkel que não perceberam que o que foi feito até agora manteve a inflação em zero e os títulos de tesouro alemães têm juros negativos como os portugueses a curto prazo.
No caso português só os títulos a 10 anos é que pagam juros de 2,05% porque foram colocados no retalho e o governo sabe que só há aforradores se houver juros.
De acordo com as contas do jornal alemão “Die Welt”, no prazo de 14,2 anos estará totalmente liquidada a dívida irlandesa, a maior e de maior duração. A portuguesa tem um prazo de 13,5 anos para desparecer se os governadores do BP estiverem interessados. Se não estiverem e manterem dinheiro líquido em caixa, pode ser que o BCE deixe emitir euros para Portugal.
Schaeuble tinha um medo de que este programa iria lançar a zona euro numa espiral inflacionista, seguindo as normas que veem nos manuais de economia, mas não há inflação e não há crescimento. Os mercados estão saturados e há falta de confiança na medida em que se fala ainda muito de austeridade e o povo não quer nem pode gastar dinheiro. Os mais jovens trabalham a prazo, recibos verdes com valores baixíssimos, etc., os de meia-idade são ameaçados de despedimento e os reformados temem que as suas reformas venham a ser cortadas no futuro. Até agora, toda a política monetária destina-se a aumentar a riqueza de menos de 1% da população europeia.
Mas, é preciso explicar o seguinte. A compra de dívida pelos bancos centrais com dinheiro novo do BCE não significa o desaparecimento da dívida, mas sim a sua permanência nos diferentes bancos centrais a serem substituídas por novas dívidas pelos próprios bancos centrais nas datas de vencimento com os juros sempre a serem devolvidos aos Estados. Contudo, o esquema será viável se os Estados tiverem saldos primários de 0% ou positivos porque se começar tudo de novo podemos sim arriscar muito, o que não é difícil porque quase todos os países já não têm saldos primários (sem serviço de dívida) negativos.
Tudo indica que o prazo das compras do “Quantitative Easing” não vai acabar em Março, mas continuará, não sendo, contudo, necessário que as dívidas sejam assim liquidadas na totalidade. O BCE pode comprar 50% de todas as dívidas a quem quiser vender (fundos gigantescos) ou nos prazos de vencimento, então na totalidade ou em parte.
A redução de todas as dívidas europeias para os 60% previstos nos tratados orçamentais poderá levar muitos menos anos; talvez apenas uns 5 a 6 anos para a Irlanda e Portugal e até ao fim de 2017 ou 2018 para o resto da Zona Euro.
O problema das dívidas resolve-se bem na Europa com políticos e altos funcionários HONESTOS que olhem para os interesses das Pátrias acima dos vis interesses partidários.
Este Senhor Gajo não tem cara de Pai Natal. Contudo, toda a gente que foi falar com a troica, FMI. BCE e EU, fê-lo como quem vai pedir alguma coisa ao Pai Natal. Os representantes de turismo querem um IVA de 6% para o golfe, o patronato quer pagar só 12,5% de IRC, os banqueiros querem apoios especiais do BCE e, aparentemente, ninguém percebeu que os homens da troica não vieram ouvir os desejos do país e, menos ainda, os dos oligarcas e magnatas ou dos sindicalistas. Eles querem saber se o os portugueses têm a consciência que devem fazer sacrifícios para pagar um empréstimo de 80 mil milhões de euros a juros muito mais baixos que os que têm sido praticados nos mercados e que levaram o Governo a pedir tal empréstimo para liquidar as dívidas anteriores e reduzir a despesa do Estado em juros. Como é sabido, os títulos do tesouro podem ser resgatados pelo Estado a qualquer momento. Quer dizer o comprador pode ver de repente o Estado devolver-lhe o dinheiro que empatou mais os juros vencidos, mesmo que não o desejasse.
Nas crises anteriores e pouco antes de Portugal entrar no euro, o serviço da dívida inscrito nos Orçamentos de Estado chegou quase a consumir 30% das receitas. Ora, não pode haver regalias para ninguém se chegarmos outra vez a uma situação destas.
O pedido mais ridículo é o da descida do IRC, um imposto que incide sobre os lucros das empresas, pelo que não é pago se não houver lucro. As microempresas que tenham lucros até 12.500 euros anuais pagam 12,5% de IRC e as outras pagam 25% sobre os valores superiores aos tais 12.500 euros. Numa situação de ausência de crise fiscal portuguesa e europeia em geral, teria sentido isentar mesmo a parte do lucro reinvestida na empresa, mas não agora.
Para uma melhor elucidação do caráter geral da crise, reproduzo aqui um artigo do jornal espanhol El Pais de hoje:
La crisis fiscal europea ha demostrado a lo largo del año que lleva en marcha que es mejor no subestimarla. Cualquier chispa es capaz de reavivar las llamas en un mercado que se ha vuelto tan inflamable como la paja. Ahora ha sido la posible reestructuración de la deuda de Grecia la que ha reactivado las turbulencias. Y si Atenas vuelve a caer, España tiene muchas opciones de abrasarse por el efecto dominó que generaría otra tragedia griega entre los países más frágiles de una eurozona ya debilitada. Pese a ello, España ha logrado desmarcarse otra vez del grupo de cabeza de la crisis, aunque no le ha salido barato.
En un mercado enrarecido por Grecia, el Tesoro español logró colocar ayer 3.372 millones en deuda a 10 años hasta rozar los objetivos máximos de la subasta, fijados en 3.500 millones. No obstante, para superar las mayores dudas, se vio obligado a elevar el rendimiento de los bonos del 5,179% que pagó en marzo al 5,483% de ayer.
Este interés se situó por debajo del 5,6% que abonó el Tesoro en una emisión sindicada en enero a 10 años, pero este tipo de operaciones siempre exige unos tipos más altos. Sin contar con ella, hay que remontarse a diciembre, cuando el mercado reaccionó con nervios al rescate de Irlanda, para encontrar un nivel similar. Entonces abonó un 5,49%, lo que supuso un máximo desde 2000. Por tanto, el coste del Estado para financiarse se mantiene en los niveles más altos de los últimos 11 años.
Gracias a subir el precio, pero también a que el país mantiene la confianza de los inversores, la demanda aumentó frente a la anterior operación a 10 años hasta duplicar la oferta.
El resultado de la subasta fue recibido positivamente por los inversores, que suavizaron su presión sobre España hasta reducir la prima de riesgo. Este diferencial, que equivale al sobreprecio exigido a los bonos a 10 años frente a los alemanes, bajó seis puntos básicos, hasta 216. No fue un gran descenso, pero si se compara con lo que pasó con Grecia, Irlanda y Portugal, que registraron la evolución inversa, adquiere su relevancia. También las Bolsas reaccionaron al alza.
"Teniendo en cuenta que venimos de una situación con una subida de la prima, la subasta es un pequeño alivio", destacó Nicolás López, de MG Valores. José Carlos Díez, de Intermoney, abundó en que "el mercado la absorbió muy bien".
Portugal, donde continúan las negociaciones sobre el rescate, también acudió ayer al mercado para vender letras a tres y seis meses. Estos títulos vencerán cuando el país ya cuente con los 80.000 millones de la ayuda financiera del FMI y la UE, lo que es una garantía de pago. Pese a ello, tuvo que subir los intereses medio punto porcentual hasta el 4,046% en las letras a tres meses y al 5,529% a seis, cerca de lo que paga España para financiarse a 10 años. Mientras, el acoso contra su deuda no cedía y sus bonos a cinco años rebasaron otro récord en el mercado secundario, al superar el 11%.
Las turbulencias en la deuda, advirtió la agencia Moody's, pasarán factura a las empresas de los periféricos, que necesitan refinanciar 920.000 millones hasta 2014. En su opinión, un "riesgo clave" que hace aún más necesario usar ya los extintores
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