A eleição de Trump é ainda uma carta desconhecida para a União Europeia. Ele pouco falou de política externa dos EUA e parece que vai escolher para a dirigir pessoas da sua laia, ou seja, da extrema-direita. Querem uma América grande como se o fosse já e sem explicar qual o nível de grandeza a que querem chegar.
Trump mostrou-se cordato com Putin que espera uma melhoria das suas relações com os EUA para ter campo de manobra na reconstrução de parte da antiga URSS, uma herdeira do Império dos Czares que Lenine considerava ser uma prisão de nações sem nada ter feito para libertar esses presos. Estaline limitou-se a chamar Repúblicas às nações prisioneiras que nas celas permaneceram. Com o apoio de Trump até onde poderá ir Putin? Eis uma incógnita. Mas nada nos indica que Trump será bom para a Europa que ele desconhece.
Quanto ao Brexit é, certamente, um enfraquecimento da União de 28 nações, mas não pode deixar de ser um motivo para reformular toda a política da União até agora vigente. Claro, desde que removido o escolho que representa Schaeuble ou que este tenha aprendido alguma coisa.
A EU sem o Reino Unido (63 milhões de habitantes) fica com 440 milhões de almas e um Pib ainda fantástico de pouco mais de 12 biliões de euros ou cerca de 66 vezes o Pib português, pelo que qualquer ajuda verdadeira a Portugal e à Grécia, cujo Pib é ligeiramente superior ao português, não tem qualquer significado nas contas europeias e não terá também muito se algo for feito a favor da Espanha e da Itália. Um “Quantitative Easing” assimétrico a favor dos que mais precisam não vai provocar inflação significativa, mas antes o crescimento da economia europeia que atualmente anda pelos 1,5 a 1,6% e, como tal, é anémico. Nenhum país pode crescer na Europa se os outros também não crescerem.
Com uma política fiscal honesta em que ninguém rouba os parceiros como fazem a Holanda, Luxemburgo e Irlanda e com uma solidariedade no sentido de dotar o Pacto Orçamental de Estabilidade e Crescimento com a componente Crescimento que não tem acontecido até agora. Nunca haverá crescimento se a maioria das populações auferirem de rendimentos muito baixos.
Por outro lado, os EUA vão obrigar a que seja criada uma Nato europeia um pouco mais forte que a soma das forças armadas dos 27 países com alguma despesa acrescida, mas não muito. Recordemos que a Alemanha gasta apenas 1,2% do seu Pib na defesa quando a Nato tinha estabelecido um mínimo de 2%. Esta ainda grande Europa de 440 milhões de habitantes tem de ser capaz de se defender de modo a evitar qualquer agressão ou conflito provocador.
A nova Europa sem o Reino Unido necessita de uma unidade sentida de forma positiva pelas respetivas populações e não, apenas, pela negativa dos cortes orçamentais, da redução da despesa em saúde e educação e empobrecimento dos trabalhadores e reformados.
E não há tempo a perder, o neonazismo espera vir a ser decisivo em próximas eleições, principalmente na França. Com Marine Le Pen na presidência francesa acabou-se a União Europeia que foi sempre baseada no eixo Paris-Bonn e depois Berlim.
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