A direcção da Seat anunciou o despedimento de 10% dos seus trabalhadores nas fábricas da Catalunha. A Seat que já fabricou mais de meio milhão de automóveis por ano não deverá chegar aos 390 mil este ano. A redução está a ter consequências muito graves junto dos fabricantes espanhóis de componentes diversos para os carros da marca Seat.
Entretanto, na sequência de importantes cortes de produção e despedimentos nas fábricas da GM-Opel em Figueruelas, vários fabricantes de componentes apresentaram à Direcção Geral do Trabalho do Governo de Aragão pedidos de suspensão temporária de trabalho para alguns milhares de trabalhadores. Entre esses fabricantes conta-se a nossa já conhecida Lear das cablagens, a ACE de Teruel, a Kendrion de Borj, a Keiper Ibérica de Calatorao, etc.
A GM-Opel tenciona trabalhar apenas três dias no próximo mês de Dezembro. A Ford em Espanha anunciou há tempos também importantes cortes de produção e despedimentos. Na Alemanha, o administrador da VW Dieter Poetsch anunciou um importante plano de reestruturação que envolve o despedimento de 10 a 15 mil trabalhadores dos seus actuais 103 mil trabalhadores.
A Daimler-Benz que enfrenta grandes dificuldades financeiras vendeu o último pacote de acções da Mitsubishi Motors de 12,42% ao banco de investimentos Goldman-Sachs. No ano 2000, a Daimler-Benz possuía 37% do capital daquela empresa japonesa. A última venda permitiu um encaixe de 500 milhões de euros que vão minorar os prejuízos resultantes principalmente do fabrico dos pequenos Smart.
Tal como a GM com o Corsa, a Ford com o Fiesta e a Seat com os seus carros mais pequenos, as indústrias espanholas e alemãs enfrenta cada vez mais dificuldade em concorrer com os carros pequenos oriundos da Coreia do Sul. E é interessante que o maior concorrente do Corsa a nível europeu e mundial é a Chevrolet (ex-Kia) pertencente a mesma empresa, a General Motors. Tudo indica que tanto o Corsa como o Fiesta vai deixar de ser fabricados na Europa.
E ainda não chegaram os carros chineses, ou seja, os Chevrolets, VW, Mercedes chineses seguidos dos Gelly já fabricados em fábricas totalmente chinesas com importantes capitais públicos. Ao contrário do que diz muita gente diz e pensa, grande parte do capital chinês é ainda Estatal; só as empresas estrangeiras é que são privadas, mas servem para ensinar os chineses os segredos dos fabricos e marketing mundial.
Apesar dos seus múltiplos investimentos nos quatro cantos do globo, a maior empresa do Mundo de automóveis, a GM, tem cerca de 40% de probabilidade de entrar em falência, devido aos fundos de pensões dos seus 325 mil trabalhadores que concorreram para que a empresa averbasse 3,8 mil milhões de dólares de prejuízos. Saliente-se que a GM paga seguros de saúde a 1,1 milhões de americanos (trabalhadores e reformados) no montante de 5,2 mil milhões, o que agrava o custo de cada viatura produzida em cerca de 1.500 dólares.
É curioso verificar que as grandes empresas mundiais que gerem seguros de saúde e fundos de pensões estão a enfrentar os mesmos problemas dos Estados. Apenas os estúpidos é que julgam que se trata de um problema de Estados, ou seja, de má gestão pública quando têm a ver com pessoas, trabalhadores, tanto do sector estatal como público.
O novo governo alemão de grande coligação colocou no seu programa o aumento do IVA alemão em 3% e a idade da reforma para todos os alemães aos 67 anos de idade. Mais uma vez, só os estúpidos é que acreditam que há uma crise portuguesa.
Hoje, há crise em todos os sectores e em todos os países e não venha nenhum economista como o Cavaco, Borges e outro falar apenas da crise portuguesa ou dizer que o capital estrangeiro pode vir investir em Portugal quando empresas como a GM, Ford, VW. Daimler-Benz, Siemens, Philips e tantas outras estão em dificuldades. Só as petrolíferas em navegam em oceanos gigantescos de lucros graças aos aumentos do petróleo.
Dieter Dellinger
Links Amigos
Os Meus Blogs
Transportes