Fernando Rosas deu hoje uma entrevista ao Diário de Notícias a propósito de um Livro que escreveu com o elucidativo título de “Salazar e o Poder - A Arte de saber Durar”.
Logo no título, o jornalista salientou a seguinte frase crucial de Rosas: “Salazar captou a classe média para o programa de estabilização”. Não sei se é verdade porque Salazar governou sempre em ditadura e neste tipo de regime ne
nhuma classe social pode exprimir a sua vontade e o seu próprio sentir. De qualquer modo, o historiador Rosas parece não ter percebido a essência da História que é a “sociologia do passado”, vista na globalidade das relações sociais e no produto elaborado pelas sociedades, enquanto a “sociologia de hoje” é aquilo que no futuro será História. Quero dizer com isto que a classe média nos tempos salazaristas era minúscula, constituída por um pequeno grupo de pessoas com estudos médios a superiores que tinham sempre um lugar garantido numa certa elite da sociedade e por artesãos, comerciantes, agricultores e alguns funcionários que atingiram rendimentos médios. Hoje, a classe média é muito mais vasta e, mais do que isso, toda a classe trabalhadora aspira a ser classe média, principalmente pela via dos dois cônjuges a trabalharem e uma quase ausência de filhos associada a salários defendidos pelos sindicatos e pela prteção social.
Dois ordenados, uma casa e um carro a prestações, algum nível escolar, fazem de qualquer um classe média, agora em vias de empobrecer e regressar verdadeiramente a uma situação de proletariado pobre sem prole.
Salazar procurou durante muito tempo evitar que muita gente passasse além da quarta classe, o que causou um grande dano ao País, mas garantiu-lhe uma população com poucas aspirações.
De resto, Rosas vê a situação atual como toda a gente, mas mostra um certo analfabetismo e contradição ao dizer que o PS é esquizofrénico por querer cumprir o acordo da troika e ao mesmo tempo fazer crescer a economia do País. Isso pode ser impossível ou fantasioso, mas não é esquizofrenia porque esta doença mental caracteriza-se por uma violenta mania da perseguição associada à ideia de que toda a gente é contra a pessoa possuída pela doença e quer fazer-lhe mal. O PS é precisamente o partido que vê nos outros menos violência e mal e mais percebe as circunstâncias exógenas da crise que vivemos. Manias de perseguição têm muito mais os defensores das lutas de classe que olham para os outros políticos como perseguidores implacáveis de um povo que podia viver muito bem se não fossem esses malandros. Não é o caso, qualquer político gosta de proporcionar benesses para voltar a ser eleito.
Rosas defende uma união de esquerda com base num programa de recusa do memorando e da troika, mas com uma alternativa de equilíbrio e diz Rosas: “Temos de pagar a dívida, mas primeiro há que discutir o seu montante, os juros e o prazo para que seja pagável, enquanto se abre espaço para políticas contracíclicas de desenvolvimento económico e acrescenta que isso tem de ter “a compreensão socialista, daí que esteja convencido que essa aproximação (ao PS) será imposta pelas circunstâncias”. O PS está inteiramente de acordo. Só que isso não se faz na praça pública porque, como diz antes o Rosas, Portugal vive sob uma ditadura que esvaziou o Parlamento de qualquer liberdade de exercer o poder. É a ditadura financeira da União Europeia, ou até da Merkel associada às nações nórdicas e extremamente RACISTAS para as quais os povos Sul da Europa são o mesmo que os” hispânicos” para os americanos brancos de origem britânica ou irlandesa.
Fernando Rosas tem razão quando diz “a destruição da democracia social vai trazer o fim da democracia política”. Vai se a esquerda não souber unir-se na base da realidade atual que é uma espécie de NAZISMO imposto pelo Banco Central Europeu em conluio com os grandes banqueiros e financeiros mundiais e que tem de ser derrotado pela emissão de moeda. Só que não podemos chamar nazis a essa gente se quisermos negociar qualquer solução viável.
Já reproduzi aqui que Jerónimo Sousa se confessou praticamente social-democrata e o BE de Fernando Rosas aponta para princípios semelhantes. A divergência entre os três partidos de esquerda é de concorrência. O BE e o PCP querem conquistar o eleitorado do PS e daí exigirem aquilo que nunca fariam se fossem poder ou se tivessem grandes grupos parlamentares.
Jerónimo Social-Democrata
Passos quer “refundar” o Estado e Jerónimo uma “rutura”. Até agora nenhum explicou em concreto o que queriam dizer com isso.
No Expresso de hoje, Jerónimo foi mais sincero ao dizer “mas hoje não há um modelo de socialismo. Isso depende da relação de forças, da cultura, do grau de participação e intervenção da luta das massas, …., as revoluções são associadas a violência e destruição……., acrescenta
ndo: “O Governo há de cair, mas sempre numa ação enquadrada constitucionalmente”.
Antes, Jerónimo disse ou foi transcrito na entrevista a seguinte frase: “Ao contrário do que diziam alguns cavaleiros do apocalipse, a luta de classes não acabou com o fim do “capitalismo”. Obviamente que queria dizer “com o fim do comunismo”, pois o capitalismo está cada vez mais forte e mais energúmeno como nunca, liderado já não pelos EUA, mas sim pelo Partido Comunista Chinês que ergueu a maior economia capitalista de sempre, tanto na quantidade de trabalhadores explorados como na dimensão da apropriação das mais-valias produzidas pelos trabalhadores por parte dos oligarcas, milionários e detentores corruptos do poder dito comunista na China.
Por fim, Jerónimo manifesta-se um adepto da social-democracia ou socialismo democrático ao dizer: “Do ponto de vista do PCP, o socialismo que pretendemos não pode ser comparado com nenhum outro. Tem em conta este país concreto e este povo concreto. Esta é uma garantia que podemos dar aos portugueses. Consideramos que isso é possível no quadro democrático, com uma democracia pluripartidária, com uma economia mista em que o sector público conviva com o privado e o cooperativo num quadro de liberdade e de eleições. Esse compromisso do PCP é inequívoco”.
Que extraordinária profissão de fé nos princípio básicos do socialismo do PS. Mas antes, Jerónimo disse que nunca podia fazer uma coligação com o PS porque este partido não quer rasgar o tal “pacto de agressão” que os deputados do PCP forçaram a assinar ao chumbarem o menos agressivo PEC IV do PS.
Quer dizer, o PCP contínua à espera de um “Messias” que permita remover os obstáculos externos ao desenvolvimento, nomeadamente à exploração desmesurada dos trabalhadores chineses, cuja concorrência mata os postos de trabalho dos trabalhadores um pouco menos explorados de Portugal. E quem diz chineses, pode dizer marroquinos, tunisinos, paquistaneses, indianos, cambojanos, etc.; e no interior da UE, romenos, búlgaros, húngaros, polacos, etc., pois os regimes comunistas deixaram ao serviço do capitalismo uma mão de obra super explorada. O PCP espera que o Mundo se ponha a jeito para ele governar. Mas não vai acontecer isso, o Mundo é demasiado grande e Portugal muito pequeno.
A realidade é esta, o comunismo mundial veio em socorro do capitalismo, proporcionando margens astronómicas de lucro às grandes multinacionais e muito bens de consumo relativamente mais baratos que os produzidos nos países que exploram os seus trabalhadores com ordenados mínimo que chegam quase aos 3 mil euros na Suíça e na generalidade dos países europeus passam bem dos 1.500 euros.
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