O Banco Central Europeu publicou um estudo em que pretende demonstrar que as famílias alemãs são as mais pobres da Europa porque possuem menos bens que as do Sul da Europa. Em termos de mediana, na Alemanha há tantas famílias com mais de 51.400 euros como famílias com menos que isso, o que não quer dizer muito, mas as médias também não. Em Portugal, esse valor será de 75.200 euros, na Espanha de 182.700, na Itália de 173.500, na Grécia de 101.900 e no Chipre de 265.900. Apenas as famílias do Luxemburgo é que possuem mais, isto é, 397.800 de mediana.
O Estudo saiu sem que o vice-governador do BCE, o dr.Vitor Constância, explicasse em público as diferenças e o significado.
A revista alemão “Der Spiegel” publicou o trabalho num artigo em que deu algumas explicações, mas tirou a mesma conclusão que a fortuna dos lares alemães é menor que as dos países endividados do Sul da Europa, Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Chipre. O efeito do artigo é devastador no momento em que o governo da Merkel anuncia que as suas contas públicas apresentaram um défice de 0%, sendo equilibradas.
Quanto à fortuna dos lares, o que mais conta é a propriedade da casa; o BCE utilizou valores de 2008 a 2010 e não considerou matematicamente a diferença entre valores pagos pelas casas e em dívida, nem as pequenas heranças que muita gente recebeu no Sul da Europa, nomeadamente em Portugal. Na revista alemã é dito que um terço dos lares espanhóis vivem em casas a pagar prestação e nada é dito sobre Portugal que tem cerca de 1,5 milhões de famílias a pagarem as suas casas em prazos que vão de 20 a 30 anos, o mesmo se pode dizer dos automóveis e até do mobiliário, eletrodomésticos.
Ao contrário disso, as famílias alemãs vivem predominantemente em casas alugadas e só agora é que começam a comprar porque admitem que o euro possa perder valor no futuro.
A realidade é que os alemães ganham duas a cinco vezes mais que os trabalhadores do Sul da Europa e fazem férias no estrangeiro em média mais de uma vez por ano e frequentemente três vezes. Os portugueses só começaram a viajar um pouco mais com o Euro; antes viviam para pagar as já referidas prestações.
Os alemães gastam muito mais em carros de grande potência e pagam rendas elevadas e possuem em geral um seguro de renda de casa associado à reforma. Ambos tendem a diminuir, daí a inveja alemã relativamente aos “ricos” proprietários de pequenos e modestos apartamentos ou de casinhas na aldeia deixadas pelos pais e avós. Além disso, portugueses, espanhóis e gregos possuem em maior quantidade segundas casas quando finlandeses, suecos e noruegueses possuem umas barracas de madeira junto a lagos quase sempre gelados.
Salientemos que milhões de portugueses foram trabalhar em França, Alemanha, etc., onde fizeram uma vida poupada ao máximo e amealharam uns dinheiros para construírem a moradia revestidas de azulejos na aldeia.
Por outro lado, os portugueses, por exemplo, não fizeram tantas asneiras ao meterem-se em guerras que deram cabo dos bens dos avós. As cidades alemãs destruídas, a introdução do marco alemão em substituição do antigo em 1948, eliminando todas as poupanças monetárias. Todos os cidadãos receberam uma mesma quantia e já em 1922/23, a gigantesca inflação resultante das dívidas da I. Guerra Mundial deu cabo das poupanças de todos os alemães, incluindo pequenos pacotes de ações e alguns bens imobiliários.
Enfim, o BCE com a divulgação dada pela revista “Der Spiegel” fez uma autêntica declaração de guerra ao Sul da Europa e criou uma espécie de início de holocausto anti-sul, mas financeiro.
Os alemães não querem ver o BCE emitir moeda e o novo partido nazi, o “Partido para a Alemanha” já não defende a saída dos alemães do euro, mas sim a expulsão de Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Chipre.
Ao ler a revista “Der Spiegel” fiquei convencido que esta guerra é mesmo a sério e que não solução que não seja igualmente brutal como querem os alemães. Juntar-se o Sul da Europa e suspender todos os pagamentos de dívida ao exterior. Os prejuízos seriam demasiado elevados para que o BCE não venha a ter juízo.
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