Robot Marsrover Spirit na Superfície de Marte
As descobertas feitas recentemente pelos cientistas com base nos dados fornecidos pelas viaturas robots Spirit e Opportunity não suscitaram caixas altas nos meios de comunicação mundial.
Ainda não foi encontrado em Marte e provavelmente nem venha a ser descoberto aquilo que mais a Humanidade deseja conhecer; vida extra-terrestre.
Havia a ideia de que Marte poderia ter estado coberta por mares no passado geológico e onde houve água em abundância teria havido vida e, se esta tivesse desaparecido da superfície marciana, poderia ter deixado sinais da sua existência como fósseis, marcas em rochas, etc. e para descobrir esses sinais nada como pesquisar as zonas com uma aparência de erosão marinha como foi a Cratera de Gusev que do satélite orbital dava a impressão de ter sido um grande lago.
Esse local foi escolhido para receber os dois robots Spirit e Opportunity que, a partir de Janeiro de 2004, iniciaram um longo programa de pesquisa e filmagem do ambiente. Os dados foram sendo trabalhados pelos cientistas norte-americanos e apresentados pelo grupo de trabalho da Nasa, há semanas atrás, na Reunião da União Geofísica Norte-Americana em São Francisco.
A cratera de Gusev é muito complicada no aspecto geológico e representa uma janela aberta para os primeiros 500 a 1.000 milhões de anos do nosso vizinho e companheiro. Os sinais recolhidos permitem a afirmação que Marte viveu tempos terríveis, tendo recebido os impactos de um grande número de meteoritos, alguns mesmo de dimensões apreciáveis. Gigantescos impactos devem ter provocado algo semelhante a explosões com o atirar de partes da crosta marciana para grandes altitudes e subsequente queda e divisão em pequenas rochas. Do lago ou mar antigo e desaparecido não foi descoberta qualquer evidência. Deverá contudo ter havido água, mas abaixo da superfície marciana e só os impactos poderão tê-la trazido para a superfície depois de aquecida e transformada em vapor para cair e voltar lentamente às profundezas marcianas.
De acordo com Steve Squyres da Cornell University e investigador do projecto Rover em Marte, os dois robots descobriram na cratera o mineral de ferro hematite que na Terra surge em consequência de alterações produzidas por água oxigenada ou por influência vulcânica.
Essa água marciana dissolveu muitos minerais abaixo da superfície e fê-los vir acima e, além disso, deixou zonas lisas nas quais se evaporou e deixou muitos sais.
Esses sais todos sulfurosos formaram uma crosta que se decompôs depois de secar totalmente, dando origem a dunas em resultado da erosão eólica que foram observadas. A água vulcânica terá formado correntes nos pequenos vales entre as dunas, deixando sinais evidentes da erosão líquida.
Marte, nos seus primeiros mil ou dois mil milhões de anos de existência foi um Mundo muito agreste, mas teoricamente possível para alguma forma de vida.
Apesar de os robots terem apenas pesquisado alguns quilómetros da superfície marciana, parece possível afirmar que Marte foi dominada mais pelo vulcanismo do que pela água, acentuou o cientista norte-americano e a água deveria ter sido muito ácida, praticamente acido sulfúrico, pois encontraram minerais como a Jarosite que na Terra se forma sob a influência de ácidos vulcânicos. Além disso, na Terra existem bactérias que se especializaram nos meios ácido ou fontes sulfurosas no fundo do mar, mas parece que são mais uma consequência de um processo evolutivo do que criativo naquele meio.
Tudo indica pois que em Marte não se verificaram as condições que deram origem à vida, as quais não são bem conhecidas na Terra, quer dizer, as reacções químicas que originaram a vida terrestre não se deram em ambientes tão ácidos como os prevalentes em Marte nos tempos em que o planeta não estava totalmente seco.
Claro, resta ainda estudar as zonas polares marcianas em que existe água ou ácido gelado quase à superfície de Marte, mas os cientistas não acalentam grandes esperanças quanto á descobertas de sinais de vida no passado.
Enfim, parece que no Sistema Solar não há sinais de vida. Talvez o satélite Europa que parece conter água depois de uma vasta calote polar tenha algum tido de vida animal ou vegetal, mas as sondas já lançadas não produziram ainda quaisquer sinais.
Tudo indica que estamos sós e teremos de procurar vida muito longe; em planetas extra-terrestres cujo acesso é, para já, quase impossível a sondas espaciais, excepto no caso de esperarmos pelos resultados daqui a muitas gerações humanas.
Contudo, não há razões para desesperar. As descobertas feitas pelas ciências espaciais têm sido imensas, tanto a nível de planetas extra-terrestres, já visualizados por telescópios colocados no deserto chileno de Atacama, como a mais recente, a de um gigantesco buraco negro no centro de nossa galáxia que atrai estrelas antigas como terá dado origem a estrelas novas pela acção da sua poderosa força de gravidade a grande distância. Mas, o assunto fica para um próximo artigo.
Sinais de que aqui esteve um líquido, eventualmente uma água vulcânica muito ácida quase ácido sulfúrico
Cratera "Gusev" vista pelas câmaras do Robot "Spirit"
Veículo Robot "Marsrover Spirit" a trabalhar na superfície de Marte
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