De acordo com dados estatísticos da Reserva Federal Americana publicados na folha económica "Quartz", os 17 membros do governo de Donald Trump possuem um somatório patrimonial superior a um terço dos norte-americanos, ou seja, às 43 milhões de famílias mais pobres dos EUA, portanto um terço das 126 milhões de famílias registadas fiscalmente nos EUA, das quais 13% têm património zero a negativo.
Nunca na história americana e, talvez, da Humanidade, o capital através dos seus verdadeiros detentores ocupou o poder de uma forma tão descarada.
Tradicionalmente, o capital utilizava políticos organizados em partidos para satisfazerem os seus interesses, financiando as suas campanhas eleitorais ou comprando-os com bonificações corruptas. Mas, desta vez não há lugar a corrupção, são os multimilionários que estão em pessoa no poder e vão legislar e governar diretamente de acordo com os seus interesses sem terem de pagar nada a ninguém.
Os 15 biliões de dólares que possuem os membros do gabinete de Trump correspondem ao património de 130.000 famílias das classes médias dos EUA que é uma das nações com um dosrendimento nacionais mais elevados do Mundo.
Assim, há uma maioria de nações entre as 192 representadas na ONU que têm um Pib inferior ao dos 15 governantes centrais norte-americanos.
O em breve ex-presidente Obama praticamente não tem património e vai viver numa casa alugada pelo Estado com a pensão estatal para ex-presidentes Em compensação, Trump quer ganhar do Estado apenas 1 dólar por ano e é porque a legislação americana não autoriza que alguém trabalhe para o Estado sem salário. Provavelmente, o grande acionista e presidente do Conselho de Administração da maior empresa petrolífera do Mundo, a Exxson-Mobil também não vai querer mais de que um dólar anual de remuneração.
Parece que Trump não quer o novo avião presidencial encomendado à Boeing que deveria ser um Jumbo 747 até porque tem o seu próprio luxuoso Boeing 757 comprado em segunda mão a um dos principais donos da Microsoft.
As ações da Goldman Sachs têm estado a subir porque o poder vai ser ocupado por alguns dos seus maiores acionistas e clientes e saliente-se que a Reserva Federal aumento em 0,25% a taxa de juro diretora, pretendendo que chegue durante o próximo ano a 1,5 ou 1,75%. Os donos do dinheiro querem juros mais elevados, como é óbvio.
A eleição de Trump é ainda uma carta desconhecida para a União Europeia. Ele pouco falou de política externa dos EUA e parece que vai escolher para a dirigir pessoas da sua laia, ou seja, da extrema-direita. Querem uma América grande como se o fosse já e sem explicar qual o nível de grandeza a que querem chegar.
Trump mostrou-se cordato com Putin que espera uma melhoria das suas relações com os EUA para ter campo de manobra na reconstrução de parte da antiga URSS, uma herdeira do Império dos Czares que Lenine considerava ser uma prisão de nações sem nada ter feito para libertar esses presos. Estaline limitou-se a chamar Repúblicas às nações prisioneiras que nas celas permaneceram. Com o apoio de Trump até onde poderá ir Putin? Eis uma incógnita. Mas nada nos indica que Trump será bom para a Europa que ele desconhece.
Quanto ao Brexit é, certamente, um enfraquecimento da União de 28 nações, mas não pode deixar de ser um motivo para reformular toda a política da União até agora vigente. Claro, desde que removido o escolho que representa Schaeuble ou que este tenha aprendido alguma coisa.
A EU sem o Reino Unido (63 milhões de habitantes) fica com 440 milhões de almas e um Pib ainda fantástico de pouco mais de 12 biliões de euros ou cerca de 66 vezes o Pib português, pelo que qualquer ajuda verdadeira a Portugal e à Grécia, cujo Pib é ligeiramente superior ao português, não tem qualquer significado nas contas europeias e não terá também muito se algo for feito a favor da Espanha e da Itália. Um “Quantitative Easing” assimétrico a favor dos que mais precisam não vai provocar inflação significativa, mas antes o crescimento da economia europeia que atualmente anda pelos 1,5 a 1,6% e, como tal, é anémico. Nenhum país pode crescer na Europa se os outros também não crescerem.
Com uma política fiscal honesta em que ninguém rouba os parceiros como fazem a Holanda, Luxemburgo e Irlanda e com uma solidariedade no sentido de dotar o Pacto Orçamental de Estabilidade e Crescimento com a componente Crescimento que não tem acontecido até agora. Nunca haverá crescimento se a maioria das populações auferirem de rendimentos muito baixos.
Por outro lado, os EUA vão obrigar a que seja criada uma Nato europeia um pouco mais forte que a soma das forças armadas dos 27 países com alguma despesa acrescida, mas não muito. Recordemos que a Alemanha gasta apenas 1,2% do seu Pib na defesa quando a Nato tinha estabelecido um mínimo de 2%. Esta ainda grande Europa de 440 milhões de habitantes tem de ser capaz de se defender de modo a evitar qualquer agressão ou conflito provocador.
A nova Europa sem o Reino Unido necessita de uma unidade sentida de forma positiva pelas respetivas populações e não, apenas, pela negativa dos cortes orçamentais, da redução da despesa em saúde e educação e empobrecimento dos trabalhadores e reformados.
E não há tempo a perder, o neonazismo espera vir a ser decisivo em próximas eleições, principalmente na França. Com Marine Le Pen na presidência francesa acabou-se a União Europeia que foi sempre baseada no eixo Paris-Bonn e depois Berlim.
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