Jornal Socialista, Democrático e Independente dirigido por Dieter Dellinger, Diogo Sotto Maior e outros colaboradores.
Domingo, 23 de Maio de 2004
O Hiato do Produto
Um dos indicadores económicos mais importantes para um país é, sem dúvida, o hiato do produto.
Este indicador mede a diferença entre o PIB efectivo e o PIB potencial (em % deste último).
Isto significa o seguinte: Uma fábrica reduz a sua produção, medida para o PIB pela mais valia ou valor acrescentado realizado pelos seus trabalhadores e temos uma quebra no PIB efectivo, mas não no PIB potencial dado que a fábrica pode voltar à produção anterior ou pode produzir mais ainda em dois ou três turnos.
No caso de a fábrica fechar temos então uma quebra do PIB efectivo e do PIB real. Quando fecham muitas fábricas ou empresas de serviços temos então um hiato ou diferença para menos do PIB potencial, o que é extremamente perigoso e negativo pois a retoma não se torna possível de um momento para o outro.
As estatísticas revelam o seguinte:
Evolução do hiato:
1999: +3,8%
2000: +3,6%
2001: +2,5%
2002: +0,7%
2003: -2,3%
Evolução do PIB real:
1999: +2,9%
2000: +3,4%
2001: +1,8%
2002: + 0,5%
2003: - 1,3%
Assim, em 2003, para um hiato de -2,3% e um Pib real de -1,3% temos uma quebra do PIB potencial de -3,6%. Quer isto dizer, que a capacidade produtiva instalada em Portugal desceu 3,6% em 2003, o que é gravíssimo.
No último ano completo de Guterres, 2001, o hiato aumentou em +2,5% e o PIB real em +1,8% . Quer dizer, o PIB potencial aumentou 4,3%, ou seja, a capacidade produtiva aumentou mais que o próprio PIB, o que é natural em empresas novas que não começam logo a produzir a 100%.