Jornal Socialista, Democrático e Independente dirigido por Dieter Dellinger, Diogo Sotto Maior e outros colaboradores.
Sábado, 8 de Maio de 2004
Jornal "a Luta" - Editorial
Director: Dsotto. Director Adjunto: Dieter Dellinger.
O Jornal da Liberdade, fundado no Verão quente de 1975, retoma a sua publicação em blog com o mesmo espírito e idealismo por ideia e vontade de um seu jornalista de então e comentador ao longo dos poucos anos da sua curta existência.
A 24 de Agosto de 1975, em pleno verão quente gonçalvista, um grupo de socialistas, republicanos e independentes fundaram o então único jornal diário que não alinhava pela bitola do PCP e da 5ª Divisão do E. M. G. F. A. Muitos dos seus jornalistas vinham do saudoso "República", destruído por ordem do PCP.
Mas, o clima político alterava-se. Já tinha sido tomada a decisão de enviar forças do Copcon ocupar as instalações da 5ª Divisão no Alto do Duque no âmbito de uma decisão do Conselho da Revolução que suspendeu aquele departamento de propaganda do MFA. Também o presidente da República General Costa Gomes recebera ordens para demitir Vasco Gonçalves e nomear o almirante Pinheiro de Azevedo para o cargo de primeiro-ministro.
O "a Luta" era o primeiro jornal livre relativamente ao poder do PCP e iniciava assim a liberdade de imprensa em Portugal que viveu apenas um curto momento após o 25 de Abril e antes da tomada do controle dos meios de informação pelo PCP e grupos afectos.
No seguimento do exemplo do "a Luta" surgiram outros jornais livres e com a saturação do mercado com jornais de todas as cores partidárias e opiniões, as vendas do jornal "a Luta" diminuíram e o periódico deixou de ter condições financeiras para sobreviver, até por ser independente.
Acabou por ser apenas uma experiência de Liberdade, já que a independência do jornal significava a ausência de qualquer base capitalista e financeira de suporte. Os jornalistas e alguns militantes eram os seus accionistas. Não fazia parte de um grupo empresarial de medias e viveu em grande parte do prestígio do velho combatente republicano e socialista Raul Rêgo e do dinamismo de Vítor Direito e João Gomes.
Foram momentos difíceis os da fundação. Os jornalistas levavam as máquinas de escrever para casa com medo de que num assalto nocturno fossem roubadas ou destruídas. Mas, a liberdade era a norma interna. Todos eram livres de comentar como entendiam em artigos assinados e todos eram obrigados a relatar os factos com a máxima fidelidade possível. Não se escolhiam notícias, nem se sonegavam outras.
O Jornal "a Luta" foi escola de jornalismo para muitos como o Miguel Sousa Tavares, o José Pedro Castanheira, o João Grego Esteves e tantos outros e foi abrigo para muitos jornalistas chegados de Angola e Moçambique que necessitavam de uma mão amiga para os pôr de novo a trabalhar. Essa mão veio do jornal "a Luta" sem compromissos políticos e ideológicos e todos construíram as suas carreiras como bem entenderam.
Hoje, neste meio revolucionários que são os blogs, fazemos aqui um jornal da esquerda moderada e republicana, sempre apostada na justiça social, na liberdade e no desenvolvimento.
Para já, a preocupação fundamental do jornal é responder à pergunta crucial; como sair da crise?