“Não pode haver outra pacificação que não sejam pelas armas, temos de extirpar toda a podridão da legislação laica” – disse o Cardeal Goma Y Toma, Primaz da Espanha em 1936.
“Nós somos católicos em Espanha, ou se é católico ou não se é nada” – afirmou o General Francisco Franco quando se revoltou contra o Governo Democrático da República Espanha em Julho de 1936.
A decisão do Papa Ratzinger de beatificar cerca de meio milhar de padres e religiosos espanhóis mortos na Guerra Civil entre 1936 e 1939 veio avivar uma polémica que parecia pertencer totalmente ao passado e colocar de novo a Igreja Católica contra a Democracia e o Laicismo.
Em 1936 e já antes, a Igreja liderou ideologicamente o combate contra a República Espanhola que atingiu uma forma violenta na sequência da vitória da Frente Popular em Janeiro de 1936 contra o Bloco de Direita. E saliente-se aqui que o maior partido da Frente Popular era o Socialista que está hoje no Poder. O Papa dito Bento parece ter querido recordar a Guerra Civil ou fez com a sua atitude uma espécie de declaração de Guerra ao Partido Socialista de Zapatero.
A Igreja Catolica odeia a democracia e nesta, em particular, os socialistas democráticos. Viu-se em Portugal, pelas diatribes de D. Januário Torgal Ferreira contra o catolicíssimo primeiro-ministro Guterres, que a Igreja Católica não aceita a liberdade de pensamento dos seus adeptos. Para ser católico é necessário ser de direita e de preferência da extrema-direita com “Deus, Pátria e Família” como lema.
Morreram clérigos católicos sim na Guerra Civil, uns 500, mas foram chacinados dezenas de milhares de socialistas, comunistas, anarquistas, sindicalistas e simples democratas ou autonomistas e a Igreja Católica esteve do lado dos agressores, ou seja, dos que iniciaram a Guerra, os generais Mola, Franco, Goded, Sanjurno e Queipo de Llano que a 17 de Julho de 1936 revoltaram o exército de ocupação do Marrocos espanhol e mais de 50 guarnições militares e da Guardia Civil na Península, deixando o Estado Espanhol sem forças armadas e praticamente sem polícia. O povo a peito descoberto e com uma bravura incrível derrotou as unidades das grandes cidades como Madrid, Barcelona e outras. Isso limitou o poder dos generais quase que só ao Marrocos Espanhol e foi a pronta ajuda de Hitler e Mussolini que permitiu com aviões de transporte a travessia do Estreito de Gibraltar e o início de uma ofensiva que levou as unidades da Legião Estrangeira Espanhola (Tércios) e os batalhões indígenas marroquinos a conquistarem Sevilha e daí seguirem ao longo da fronteira portuguesa com o apoio de Salazar até Badajoz onde perpetraram a célebre matança de milhares de democratas na Praça de Touros daquela cidade e depois inflectiram para Toledo e Madrid para serem, enfim, sustidos pelas milícias mal armadas e ainda não devidamente disciplinadas. A guerra acabou ganha por Franco com o apoio de 150 mil soldados italianos e mais de vinte mil alemães que forneceram uma preciosa força aérea que se estreou no Mundo ao bombardear a primeira cidade civil, Guernica; cidade Santa do País Basco com o natural aplauso dos bispos e cardeais católicos de todo o Mundo.
Na sequência das derrotas dos revoltosos nas grandes cidades muitos milicianos auto-organizados atacaram igrejas e conventos e mataram membros do clero, mas foi porque os aliados da Igreja, os militares, se tinham revoltado contra o Estado e deixaram vastas zonas sem obediência ao poder democrático. A Igreja Católica teve um papel dominante na criação do vácuo de segurança ao incitar militares e militantes de partidos fascistas e de extrema direita a revoltarem-se contra o Poder legítimo saído de eleições livres.
A Igreja nunca deixou de defender o franquismo e o salazarismo e hoje ainda não há professor da Católica que não seja crítico violento da democracia social e das liberdades populares..
Pessoalmente, recordo que há muitas décadas atrás nos dois primeiros anos do Liceu Camões tive como professor de “moral” um padre a quem chamávamos o “Borbulha” devido a uma grande excrescência que tinha na cara. Pois o homem citava sempre o caso dos sitiados no Alcazar de Toledo como um acto de elevada moral, esquecendo que os militares refugiaram-se no Alcazar com um grande número de socialistas e sindicalistas e suas famílias que tinham aprisionado e quando eram atacadas costumavam lançar do alto das muralhas do fortíssimo edifício os cadáveres desses cidadãos espanhóis que tinha sido assassinados pelos católicos do Alcazar no qual estavam muitos padres que costumavam dar a absolvição às famílias e militantes socialistas antes de serem assassinados cruelmente pelos seus apaniguados.
Ratzinger mais uma vez mostrou a sua cara de fascista duro e puro; levantou um problema que parecia pertencer à história. Ratzinger é um nostálgico da guerra e de uma Euopa que não conheceu verdadeiramente a Paz entre 1870 e 1991. Agora que vive em Paz e se une vem Ratzinger exacerbar os ânimos; primeiro contra Maomé a agora contra o Partido Socialista Espanhol que está no poder.
Ratzinger com as suas atitudes e Bush ao querer colocar os mísseis na Polónia governada pelos gémeos fascistas são uns nostálgicos de um passado belicoso que trouxe de dezenas de milhões de mortos em duas guerras mundiais e algumas civis como a espanhola.
O Papa actual não entendeu a resposta do povo polaco que derrotou o partido dos gémeos nas recentes eleições parlamentares porque não alinhou com o regresso a uma política de ódio e desavenças com a vizinha Alemanha que tanto mal proporcionou no passado e que nada de bom pode trazer para o futuro.
O alemão Ratzinger está a fazer muito mal à Igreja Católica; está mesmo a dar a últimas machadadas, pois os europeus que se dizem não católicos e até descrentes ultrapassam já largamente os 70% em quase todos os países do velho Continente, incluindo Portugal.
Em Portugal, muitos dos críticos ao governo actual especializaram-se nas suas diatribes como se tivessem antolhos; só olham para um dado ponto ou pontinho mesmo.
Uns falam só da educação e muito bem, deve ser sempre melhor; o mesmo para a saúde, a justiça e a segurança. Outros, mais versados em assunto económicos, criticam a despesa pública, mesmo contida, o crescimento económico tido como insuficiente, a produtividade e, outros ainda, o desemprego, clamando por mais empresas, mais actividade económica.
Há ainda, os da Quercus que não querem fábricas de móveis de madeira da Ikea e agora estão dispostos a tudo para evitar a instalação de um parque de piscicultura de pargo e uma fábrica de congelação da Pescanova; serão 800 novos postos de trabalho; um engulho para as oposições, quase todas disfarçadas nos sindicatos, associações patronais, associações ambientalistas que estão sistematicamente contra tudo o que possa ser feito em Portugal. E não há ninguém que tenha uma visão global do País em que entre a luta contra o desemprego com mais postos de trabalho, o crescimento económico com mais empresas e, principalmente, com novas actividades para compensar as muitas fábricas que fecharam porque as escravocracias comunistas e ex-comunistas fornecem trabalho quase de graça.
Qualquer actividade apresenta sempre a possibilidade de se ser contra. Os ambientalistas combateram e combatem o eucalipto que proporciona excelentes rendimentos através da indústria de papel e é o melhor sistema de captura de CO2 que existe na natureza, tendo, além disso, a vantagem de evitar a produção dos monóxidos de azoto (N2O) resultantes da reacção das águas pluviais com os adubos azotados. Pretenderam que o eucalipto desnutre os solos quando a folha de eucalipto, as sementes e ramas acabam por originar excelentes nutrientes quando deixados nos solos ou recolocados depois de triturados.
A questão da Pescanova é mais grave como sinónimo de guerra a Portugal; guerra a tudo o que possa permitir o sustento dos portugueses. Importamos grande quantidade de pescado da Galiza, precisamente do grupo Pescanova, pelo que temos agora a oportunidade de consumir produtos feito em Portugal e exportar uma parte da produção, já o empreendimento em causa supera as necessidades dos portugueses em pargo.
Depois da guerra ao aeroporto, ao TGV de daqui a uns 12 anos, vem a guerra à indústria alimentar, tal como foi antes a guerra às auto-estradas e já começou, ainda de ligeiro, a guerra ao projecto de novas barragens para tornar Portugal no maior produtor de electricidade pela via das energias renováveis como a hídrica, a eólica e a solar. Temos mais de 50 barragens, quase dois mil aerogeradores e duas das maiores centrais fotovoltaicas do Mundo.
Os ecologistas da Quercus com os seus antolhos ou palas de burro querem proteger o ambiente com o impossível. Exigem os chamados edifícios à prova do calor e do frio, o que seria bom, se tivéssemos dinheiros para isolar mais de 6 milhões de unidades habitacionais unifamiliares que existem no País. Será que os ecologistas têm dinheiro para transformar os seus apartamentos ou julgam que o Estado deve apagar e que o dinheiro não vem de todos nós. De onde podem surgir recursos para melhorar o ambiente? Sem dúvida, da única fonte possível: a actividade económica e toda ela é poluente. Até o ser humano é poluente pois produz diariamente cerca de 3 a 3,5 litros de metano, anidrido sulfuroso e outros gases flatulentos de estufa.
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