Jornal Socialista, Democrático e Independente dirigido por Dieter Dellinger, Diogo Sotto Maior e outros colaboradores.
Sábado, 31 de Maio de 2008
Manuela Ferreira Leite

       

 

No seu discurso de vitória, a Drº Manuela Ferreira Leite colocou-se como oposição de esquerda ao governo do PS com a afirmação de insensibilidade social de Sócrates. Manuela segue assim as críticas do PCP, BE e CDS, sem qualquer inovação. Todo o firmamento partidário pretende caçar votos ao PS com a questão social, no que tem sido acompanhado por toda a comunicação social, tanto da parte de jornalistas de jornais de direita como dos mais neutros, já que não existem meios de comunicação de esquerda. E acrescente-se ainda a tradicional posição dos sindicatos que vai subindo de virulência conforme nos aproximamos das eleições.

            Portanto, todo o País informativo, e política- e sindicalmente organizado reclama uma nova política social do PS.

            O Governo de Sócrates não tem outra alternativa senão fazer a vontade ao País e ir mais ao bolso dos magnatas da comunicação social, por exemplo.

            Mas, Sócrates tem um problema grave a resolver. É que ele não é o proprietário e administrador de uma empresa chamada Estado que pode ou não dar umas coisas. Ele é simplesmente o gestor dos impostos dos portugueses e tudo o que é dada é tirado. Ele pode dar muito, tirando muito agora ou deixar para depois com défices e inerentes empréstimos que serão sempre pagos pelos contribuintes com todos os juros possíveis. Nunca poderá pois fazer duas coisas em simultâneo como é exigido pela oposição: reduzir os impostos e fazer uma política muito vasta e abrangente que inclua as próprias classes médias. Também nunca poderá evitar as consequências da subida do petróleo bruto, as quais tem incidência na balança de pagamentos do País e, nas bombas de abastecimento ou fora delas, serão sempre os portugueses a pagar os novos preços do barril pois tudo o que entra em Portugal é para ser pago pelo respectivo preço, gostemos ou não.

            O PS tem estado a recuar. Sócrates substituiu o Ministro da Saúde, cuja obra de reestruturação do Serviço Nacional de Saúde era notável, mas as poucas manifestações contra ela tiveram um grande relevo televisivo e um enorme impacto junto de todos os portugueses que começaram a sentir que todos os hospitais e centro de saúde iriam fechar. Também recuou um pouco nalgumas reivindicações dos professores que não querem ser avaliados e até na questão das promoções e carreiras dos funcionários públicos e não poderá deixar de mexer um pouco mais nas reformas, salários mínimos, ordenados da função pública, etc., seguindo os inteligentes avisos e conselhos das oposições, sindicatos e comunicação social.

            Com esta oposição e estes recuos naturais, Manuela Ferreira Leite até pode ser eleita Primeira Ministra em 2009, mas terá uma herança terrível, pois o Governo pode vir a fazer aquilo que ela RECOMENDA agora, mas que, de certeza, no poder não poderá concretizar, principalmente se o petróleo continuar a subir e chegar mesmo aos 200 dólares como vaticinam alguns especialistas para 2009.

            Com 70 anos de idade, Manuela Ferreira Leite não terá energia suficiente para resolver aquilo que não tem mesmo solução. Portugal com mais sensibilidade social, o que incluirá a descida artificial dos combustíveis, poderá ter de vir a gastar em 2009 mais de 16 mil milhões de Euros com os 80 milhões de barris de petróleo que importa  para uso dominante nos meios de transporte, já que as cimenteiras e as centrais térmicas utilizam um combustível pesado que não passa do resíduo da refinação do petróleo bruto para obter etilenos, gasolinas, gasóleos e óleos lubrificantes e que se não fosse utilizado teria de ser vendido para fora a preços de saldo ou deitado fora, pois com as renováveis temos cada vez menos necessidade desse resíduo.

            Ela tem duas alternativas: fazer uma oposição férrea de esquerda tipo Jerónimo de Sousa e transmitir a falsa ideia de que não estamos metidos numa crise mundial e ganhar eleições, mas depois não terá mesmo meios para governar e fará como Durão Barroso, abandonará rapidamente o Poder, ou então fará uma oposição mais séria e poderá ou não ganhar eleições, mas se o conseguir terá alguns meios para chegar ao fim do mandato com 73 ou 74 anos de idade, sem, naturalmente, ter idade para um segundo mandato, até porque a crise dos recursos do Planeta veio para ficar por muitos anos, a não ser que se concretize rapidamente o tal motor a água do mar que me refiro num post anterior.

 

            Nota: Curiosamente ouvi o Dr. Morteira Nabo na TSF de ontem. O bastonário da Ordem dos Economistas referiu-se à capacidade dos decisores políticos portugueses que mandaram construir a gigantesca conduta que traz água da Barragem do Castelo de Bode para a Grande Lisboa, permitindo que o consumo de água tivesse passado dos 200 milhões de metros cúbicos das décadas de setente e oitenta com grandes interrupções durante o verão para os actuais 800 milhões com possibilidade de crescer para os mil milhões. Ele comparou isto com o caso de Barcelona que importa água em navios tanques, estando mais próxima das Barragens dos Pirinéus que Lisboa do Castelo de Bode.

            No “El Pais” tenho lido que no verão muitas cidades espanholas têm falta de água, incluindo Madrid, e recordo aqui que o Algarve está hoje bem fornecido, incluindo a zona para onde costumo ir, perto de Monte Gordo, enquanto do outro lado da fronteira tenho visto cartazes a pedir para se poupar água e proibições de regas de jardins, etc.

            Conclusão minha: os espanhóis podem ter a gasolina e o gasóleo mais barato, mas não têm água mais barata nem em quantidade suficiente, excepto nas regiões chuvosas do País Basco, Galiza, Astúrias e Navarra. Em Madrid nunca bebi água da torneira porque me pareceu intragável.



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Sexta-feira, 23 de Maio de 2008
Os Números da Gasolina 95

 

 

Na política como na vida, dois mais dois são sempre quatro.

Vejamos os números da gasolina:

No dia 29.09.2006 a Gasolina 95 custava 1,228 euros e o petróleo bruto 58 Dólares. Estes 58 deflacionados para o câmbio de hoje dão 71 dólares certos.

Até hoje, a 95 aumentou para quase 1,50 euros = +22,1%

Até hoje, o barril passou de 71 dólares de hoje para 133 = +62 dólares = +87,2%.

 

O Mercado está louco, como diz o presidente da OPEC, mas aparentemente não a Galp nem outras gasolineiras, porque 22,1% é muito menos que 87,2%.

 Claro, a Galp comprou o petróleo bruto a um preço inferior porque terá contratado há mais de um mês e com descontos sobre os preços de referência e, provavelmente, não compra o petróleo mais caro, o "light", mas os mais baratos como os de Angola que custam mais na refinação e no "cracking". Mas, não tão inferior como isso pois o "crude" tem estado a aumentar abruptamente desde há mais de um ano e subiu muito desde Dezembro passado.

O euro passou de USD 1,2767 para 1,563 de hoje, fazendo os 58 dólares de Set. 2006 corresponderem a 71 dólares de hoje.

Apesar de não se poder dizer que haja aproveitamento por parte das gasolineiras, o Governo deveria baixar os 52% de impostos sobre os combustíveis se tiver a certeza que as gasolineiras não vão encaixar a descida com aumentos de preços, isto é, se a ASAE poder verificar a contabilidade da Galp/Repsol.

Pessoalmente estou de greve à gasolina, utilizo o menos possível a minha viatura e vou para o trabalho em transporte público.

Nota: a escolha da data referida tem a ver com uma factura de gasolina que ficou entre os meus papéis e que descobri hoje.

 

 



publicado por DD às 17:19
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Quinta-feira, 22 de Maio de 2008
A Fileira das Energias Renováveis

 

 

Depois das eólicas e da aposta em novas barragens, Portugal procura alargar a sua fileira de empresas do sector de energias renováveis para o fotovoltaico. A nova fábrica da Qimondo já não é a primeira nem a segunda a funcionar no País na difícil produção das placas de silício puríssimo para a captação da energia solar.

            Curiosamente, juntaram-se na zona da assinatura do acordo as duas economias portuguesas: a do Portugal velho e sem futuro representado pelos trabalhadores da Fábrica Têxtil falida há 14 anos e o futuro no campo das energias renováveis.

            Já há 14 anos ou mais, o Comunismo Chinês e Vietnamita oferecia à gula capitalista mão-de-obra a menos de 30 cêntimos do Dólar à hora. Mesmo com os ordenados mais baixos da Europa, Portugal não podia competir, excepto nalguns casos em que se juntou qualidade, marca e capacidade de venda. Recordo que o antigo Ministro da Economia de Salazar, Correia de Oliveira, dizia que o modelo industrial português estava esgotado e não tinha futuro. E foi isto há mais de 40 anos atrás.

            Portugal é cada vez mais obrigado a encontrar formas de energia interna e explorá-las ao máximo e é o que está a fazer com a vantagem no campo das eólicas, por exemplo, de ter já 29 fábricas a produzir os respectivos materiais e equipamentos, cujas exportações deverão gerar uma receita de uns 300 milhões de Euros em 2009.

            O investimento nas eólicas já ultrapassou os 3 mil milhões de Euros e deverá chegar aos 4 mil com os novos parques para pequenos investidores. A EDP é a quarta maior empresa do Mundo produtora de electricidade a partir das energias renováveis, principalmente eólicas e hídricas.

            Neste campo não há concorrência chinesa, pois os chineses têm um défice gigantesco de energia; a maior parte das suas aldeias ainda não têm energia eléctrica. Além disso, produzem quase toda a sua electricidade a partir de centrais térmicas a carvão altamente poluentes e algumas centrais nucleares além de umas tantas barragens. A poluição é tremenda e, apesar de acusarem os EUA de poluírem mais, a verdade é que numa área quase igual à dos EUA vivem 1.300 milhões de chineses contra 300 milhões de americanos nos EUA. A poluição afecta em primeiro lugar os pulmões chineses.

            Portugal está pois no bom caminho ao ultrapassar a meta imposta por Bruxelas que é de produzir 39% da electricidade a partir de energias renováveis em 2010. Portugal atingiu no ano passado os 42% e com as barragens que serão principalmente de realimentação de outras barragens como acontece na Aguieira e no Alqueva, Portugal estará mais livre dos problemas emergentes de sequências de 2 a 4 anos secos, o que acontece de 12 em 12 anos, aproximadamente.

            Claro que é preciso dizer também. Todas estas energias têm futuro se não aparecer algo de novo e espectacular como o motor que funciona a água. Um engenheiro americano diz que já o inventou, tratando a água com micro-ondas que se “incendeiam” por via do hidrogénio molecular formado. Não se sabe é qual a eficiência energética do processo, já que as micro-ondas carecem de uma fonte de electricidade.

            De qualquer modo, nada está garantido nesta época de profundas transformações tecnológicas. Há quem chame época de crise, mas eu prefiro considerar como sendo aquela parte mais inventiva dos Ciclos de Kondratiev que depois produzem crescimento sustentados que vão esgotando as suas tecnologias até ter de entrar-se em novo ciclo inventivo.

            Mas, estar parado é que não interessa a Portugal e com o actual Governo não estamos parados.

            O País não pode deixar de ter combustíveis caros pois não possui nenhum rio de euros para mandar para fora. Temos de poupar os combustíveis e as empresas têm de racionalizar o uso dos seus sistemas de distribuição e utilização energética. Ainda hoje vi à porta de uma farmácia, sair de uma carrinha a diesel o empregado de um armazenista com um tabuleiro com uma meia dúzia de medicamento. Não pode ser. O gasto em gasóleo é excessivo para tão pouca mercadoria e a poluição diesel que é tremenda em CO2 e os perigosos óxidos de azoto NOx. Os retalhistas de qualquer ramo têm de racionalizar as suas aquisições e receber mercadoria a dias certos da semana ou da quinzena.



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Quarta-feira, 21 de Maio de 2008
O Drama da Balança de Pagamentos

 

NO passado mês de Janeiro, a balança de pagamentos corrente registou um espectacular défice de -1.536 milhões de euros, ou seja, mais 50% negativos que no mês homólogo do ano anterior. A mesma balança do ano de 2007 averbou um défice de -15.931 milhões de euros ou quase 10% do PIB. Em relação aos anos anteriores a diferença foi negativa, mas não tão grande como o mês de Janeiro deste ano.

            Por sua vez, a balança comercial de bens foi negativa em 17.399 milhões de euros. Exportámos o equivalente a 30% do PIB e importámos quase 40%, tendo os produtos energéticos como petróleo bruto, gás, carvão e electricidade contribuído com mais de 15% das nossas importações. Este ano, com a duplicação já registada do preço do barril acompanhado pelo gás e carvão, a situação na balança energética deve ser calamitosa, podendo as importações de bens energéticos vir a atingir mais de 30% do total dos bens importados. Isto, apesar de estarmos a produzir cerca de 42% da electricidade consumida a partir das energias renováveis que são nacionais por definição.

            Se Portugal não tivesse o euro, já tínhamos o FMI à porta ou estávamos a racionar produtos importados como os combustíveis e sei lá o que mais. Por ventura, estaríamos a utilizar a prerrogativa do Tratado da EU que permite impor direitos aduaneiros sempre que a balança de pagamentos atinja níveis ruinosos para a economia. Assim, estamos a pagar com os nossos euros que são a moeda mais divisa, isto é, mais cambiável e forte do Mundo. Mas, a sua força nada tem a ver com o aumento do preço do petróleo.

            Efectivamente, deste que o PS está no Governo, o euro valorizou 24% e o petróleo bruto subiu 124,13% e desde a introdução do euro a 1 de Janeiro de 2002, o euro valorizou cerca de 60% e o preço do barril do “crude” aumentou em 650%. O petróleo aumentou mais de 10 vezes que o euro em relação ao dólar. Não se pode pois dizer como disse ontem a “analfabeta” Constança Cunha e Sá na SIC5 que Portugal está a comprar o barril ao preço de há quatro anos. Nessa data, o dólar valia mais 20% que hoje e o petróleo rondava os 30 dólares, pelo que o preço actual corresponde a um aumento de mais de 330%. A senhora não sabe mesmo nada da matemática elementar do primeiro ciclo do antigo liceu. Cada vez mais as pessoas vão para a televisão comentar assuntos de que não sabem absolutamente nada. O nosso camarada Vítor Ramalho também não se mostrou muito sabedor e não soube contradizer. Ele tinha a obrigação de ter fixado algumas frases do camarada José Sócrates a este respeito. Utilizo o termo camarada enquanto o Dr. Almeida Santos não alterar a matriz socialista do PS. Uma coisa são os números mundiais que não podemos manipular e outra o nosso programa. Mas isso é assunto para estudos e críticas posteriores.

            O aumento do preço do petróleo bruto tem a ver com o enorme consumo chinês, pois aí os combustíveis são subsidiados com as imensas divisas resultantes das suas astronómicas exportações. Também outros países como a Índia, Tailândia, Indonésia, Filipinas, etc. têm visto os seus consumos aumentarem e igualmente as exportações de produtos feitos na base de mão-de-obra extremamente barata.

            Estamos pois a perder 10% dos nossos euros anuais, o que, em si mesmo, pode não ser demasiado importante, excepto no facto de a rarefacção do dinheiro introduzir mecanismos complexos na economia para os quais ninguém está preparado e eu nunca ter lido algum estudo sobre isso da parte dos economistas que escrevem nos jornais ou falam nas televisões, o que é natural porque os economistas em Portugal tendem a ser políticos em primeiro lugar e o espírito científico fica esquecido.. A prazo, o fenómeno implica uma valorização do euro em Portugal, o que passa pela redução do consumo e, principalmente, pelas margens de lucro das empresas e, necessariamente, por uma redução numérica dos salários ou falência de empresas, mas, em princípio, não altera a pouca riqueza nacional que não é função do agregado monetário, mas da produção. Claro, os bancos e, principalmente, os cartões de pagamento e crédito equivalem à produção de moeda, mas são utilizados em Portugal já até ao seu limite máximo, pelo que não estou a ver daí outra alteração que não seja a redução da inflação marginal e aumento daquilo a que chamaria a inflação central, ou seja, do conjunto de bens de que ninguém pode prescindir. Esses bens podem subir de preço enquanto os prescindíveis descem. Como aconteceu com os táxis; subiram tanto de preço que passaram a estar parados e são apenas utilizados por pessoas que necessitam de um táxi por qualquer preço num dado momento. Ninguém utiliza mais os táxis de uma forma continuada.

           

 



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Terça-feira, 13 de Maio de 2008
Crise Económica na China

A China entrou em crise e não por causa do terramoto ou até pelo levantamento dos tibetanos contra a opressão e a sua redução a minoria étnica por via da emigração em massa de chineses para o Tibete.

A economia chinesa começa a vacilar. A inflação atingiu no passado mês de Março o valor mais elevado dos últimos 12 anos com 8,3%, o que é assinalável dado o baixo nível dos salários dos trabalhadores e das receitas dos seus agricultores. Os produtos alimentares aumentaram 22,1% em Abril, comparado com o mês análogo do ano anterior.

A China acumulou nas últimas duas décadas imensos saldos positivos na sua balança comercial, a qual atingiu os 16,7 mil milhões de dólares só no passado mês de Abril. A injecção de tanto dinheiro não dispendido com a população está a aquecer demasiado a economia, apesar das sumptuosas despesas com os jogos olímpicos e o luxo do centro das principais cidades a contrastar com a miséria das suas periferias e mesmo bairros fora do perímetro central.

O problema já vem de longe; em 2007 houve sete aumentos das taxas de juro, mas curiosamente em 2008 não houve nenhum, pelo que a economia está como uma chaleira com água a ferver, apesar dos bancos terem recebido ordens para aumentarem as suas reservas monetárias, colocando menos dinheiro em circulação.

Mas, o dinheiro proveniente das exportações está a fazer ferver a economia porque não é distribuído sob a forma de aumento de poder de compra dos trabalhadores e desvio de produções para o abastecimento interno. O governo chinês continua a apostar numa exportação agressiva com base na exploração da sua imensa força de trabalho paga a 20 a 35 cêntimos do euro à hora.

Quase mil milhões de rurais chineses vivem com cerca de um dólar diário e não têm electricidade, pelo que se estragam milhões de toneladas de alimentos por falta de uma vasta rede de armazéns frigoríficos, transportes também frigoríficos e, bem assim, arcas congeladoras e frigoríficos domésticos.

Para além disso, o desemprego crescente no Mundo Ocidental provocado pelos baixos salários chineses associado ao gigantesco custo do petróleo que aumentou 600% em seis anos ao mesmo tempo que o dólar desvalorizava apenas 60% relativamente ao euro, estão a provocar uma diminuição das exportações chinesas, já sentida por muitas empresas chinesas que começaram a despedir pessoal.

            Enfim, a China Comunista, ao optar pela via de desenvolvimento capitalista, adquiriu as taras do modo de produção capitalista e, provavelmente, não está apta a lidar com as mesmas. Claro, por enquanto, as obras públicas vão sendo uma válvula de escape até porque muito há a fazer no campo das comunicações e da produção energética. A dependência excessiva das centrais térmicas a carvão na produção de electricidade está a tornar o ar de muitas cidades chinesas irrespirável e igualmente a própria economia que não pode deixar de abandonar as elevadas taxas de crescimento dos últimos anos.

              Nota: A China Comunista ainda não possui um Serviço Nacional de Saúde. Os trabalhadores costumam descontar nas grandes empresas e ministérios algo para a saúde ou nas aldeias e os tratamentos são todos pagos nos hospitais, pelo que os pequenos camponeses e trabalhadores de pequenas empresas têm de juntar dinheiro para cuidar da saúde em caso de necessidade, o que também acontece com os outros trabalhadores, pois as contas empresariais da saúde são frequentemente utilizadas para outros fins ou desviadas pelos chefes.

              Os feridos dos recentes terramotos têm de pagar os seus tratamentos ou então tem a respectiva família se estiver viva. Com a destruição de aldeias, fábricas, etc., o velho sistema parcelar e  desigual deixou de funcionar, mas o governo ainda não se decidiu pelo tratamento gratuito de todos os acidentados.



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Sexta-feira, 9 de Maio de 2008
Os Novos Submarinos

U-209 Ven.bmp Um U-209 da Marinha Venezuelana

 

         Os dois novos submarinos encomendados pelo governo Durão Barroso/Portas custam com armamento e os indispensáveis sobresselentes mais de 900 milhões de euros (180 milhões de contos) ou 0,7% do PIB, para serem entregues em 209 e 210 e a pagar pelos governos que estarão no poder depois de 2007.

         Até agora não foi dado a conhecer aos contribuintes portugueses a forma de pagamento de tão importante verba. Nem se sabe qual o montante da sinalização e se esta é financiada por algum empréstimo, nem quais as prestações apagar até à data de entrega e depois? Portas não responde aos requerimentos dos deputados do PS para esclarecer a AR nem publicou um "Livro Branco" sobre a aquisição com esclarecimento dos pagamentos e das contrapartidas que diz ter conseguido. Os U-209 não são a última palavra em submarinos diesel eléctricos com células de combustível porque isso seriam os da classe U-212, mas são quase.

         A classe U-209 vem sendo construída há dezenas de anos, mas o modelo a fornecer à marinha portuguesa, o U-209 PN (Portuguese Navy) é tecnicamente muito diferente dos primeiros U-209, podendo carregar as baterias em submersão e assim navegar sem vir à superfície durante 15 dias. Deslocam 1400 toneladas em imersão e atingem a excelente velocidade de 21 nós submersos, podendo descer a 450 metros de profundidade, bem mais que os actuais 300 m dos "Albacora". As suas hélices de sete pás produzem um ruído ínfimo, sendo no todo unidades muito silenciosas e de difícil detecção por parte dos sonares inimigos.

       O que caracteriza a modernidade dos dois U-209PN são as suas células de combustível. Geradores de energia eléctrica sem peças móveis e ruídos, o que  representam uma revolução na motorização de submarinos e até de veículos de superfície, quase tão revolucionária como a perigosa energia nuclear. Fundamentalmente, as CC são conversores energéticos que transformam directamente a energia química em corrente contínua para alimentar as baterias, as quais, por sua vez, fazem funcionar um moderníssimo Motor de Íman Permanente. Além disso, são equipados com um motor diesel montado em suportes elásticos anti-vibrantes para o carregamento rápido das baterias, já que as CC não são suficientes.

        O princípio operativo das CC corresponde ao inverso da electrólise da água, ou seja, a reacção de moléculas de hidrogénio e de oxigénio num espaço seco limitado por eléctrodos com produção de energia eléctrica e libertação de água. A eficiência térmica das CC é de 70% pois funcionam independentemente do princípio de Carnot, isto é, do diferencial de temperatura. São, sem dúvida, uma excelente arma, desde que a Marinha disponha de grande quantidade peças sobresselentes e estejam equipada para fazer uma rápida substituição das mesmas para, em caso de necessidade, manter uma operacionalidade muito elevada, dado tratarem-se de apenas duas unidades. A sua manutenção terá de ser avançada no tempo com substituição de peças e componentes antes de atingirem o limiar do prazo de avarias e o casco deve ser rapidamente examinado no arsenal com ultra-sons e raios X para detectar qualquer possível anomalia muito antes de se fazer sentir. Isto é fundamental em submarinos e muito importante em caso de guerra.

         Resta saber é guerra contra quem?

        É evidente que nenhuma nação pode deixar de ter forças armadas, dado nunca se saber com o que se conta no futuro. Um submarino como o U209P pode servir para bloquear algum porto estrangeiro de um país que resolva atentar contra interesses portugueses, nomeadamente pela prisão de muitos cidadãos lusos, ou simplesmente ameaçar fazê-lo.  É segredo, mas toda a gente pensa em países africanos, que possuem alguns aviões, pelo que um submarino pode representar uma ameaça. Talvez, os dois U209P venham a ser a única arma verdadeiramente moderno que Portugal vai possuir, a única capaz de atingir no mar alguma potência inimiga.

       Portugal encomendou o seu primeiro submersível em 1910, mas já em 1889, o 1º Tenente João Augusto Fontes Pereira de Mello concebeu um submersível para a Armada portuguesa de 39 metros de comprimento e capaz de uma autonomia à superfície de 2.500 milhas. Chegou a construir um pré-protótipo sem motorização que mostrou capacidade para submergir e voltar à superfície. Nessa época, os submersíveis navegavam quase sempre à superfície, só submergindo para o ataque. Mesmo à superfícies eram de detecção muito difícil e apresentavam um alvo diminuto para as peças dos navios de superfície.

        O submarino "Fontes" acabou por nunca se tornar uma realidade porque as autoridades navais não quiseram arriscar numa construção nacional da qual poderia ter surgido uma indústria e hoje ser Portugal um construtor e exportador de submarinos. Então como hoje, a preferência foi sempre para a importação. Sem "riscos" nunca poderá haver engenharia e técnica nacional.

       O submersível, inventado por muitos inventores, foi logo adoptado como a arma dos "pobres", tanto em termos de poder naval como em termos de saídas livres para os mares do planeta como aconteceu com a Alemanha, sempre facilmente bloqueada pela poderosa marinha de guerra britânica. E a Batalha da Jutlândia na I. Guerra Mundial mostrou que a verdadeira guerra entre grandes esquadras tinha custos insuportáveis, mesmo para uma potências como a Alemanha do Kaiser e o Império Mundial Britânico..

        Desde a vinda do "Espadarte" em 1910, Portugal dispôs sempre de uma flotilha de submarinos. O "Espadarte" e os outros quatros submarinos entregues em 1914  foram construídos na Itália, em La Spezia. Posteriormente veio uma flotilha nos anos trinta de construção britânica, e outra, em segunda mão, também britânica, mas quase nova, após a guerra de 1945 e no fim década de sessenta e início da de setenta os actuais três de construção francesa da classe "Daphne". Foram quatro unidades, mas uma foi devolvida à França, por ordem do Conselho da Revolução, e depois vendida ao Paquistão.



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Domingo, 4 de Maio de 2008
Revista de Marinha

 

 

Já está à venda e em distribuição o Número de Abril/Maio da Revista de Marinha-

 

A revista traz um estudo sobre o Porto de Lisboa e a 3ª Travessia do Tejo e outro sobre a Ponte Barreiro-Chelas.

 

Joaquim Ferreira da Silva relata-nos o caso do petroleiro "New Vision" que encontrou em Sines um bom refúgio para reparar avarias e transferir a sua carga petrolífera para outros dois petroleiros.

 

Dieter Dellinger inicia uma análisa da actual "Marinha Russa" que quase desapareceu, estando agora num lento processo de recuperação de algumas unidades que estiveram imobilizadas durante anos ou paradas em estaleiros de construção.

 

O autor também relata a proposta síria de oferecer à Federação Russa um porto na costa síria para substituir Sebastopol no Mar Negro no qual a Ucrânia não quer ver navios russos.

 

Além disso, o mesmo autor descreve ao assalto pirata ao veleiro de cruzeiros de luxo francês "Le Ponant".

 

Num notícia relata-se o lançamento à água do novo submarino francês "Terrible" destinado ao lançamento de mísseis balísticos com ogivas nucleares. Trata-se de uma unidade de uma série de quatro  destinada a substituir submarinos antiquados que serão desmantelados.

 

Rui Henriques descreve num artigo intitulado "Até onde irá o Gigantismo" as dimensões crescentes dos gigantescos navios de cruzeiro, autênticas cidades flutuantes.

 

A História do último dos grandes paquetes do Atlântico Sul, o "T/N Eugenio C" vem descrita num interessante artigo, enquanto Correia Cardoso descreve as últimas novidades sobre o Direito Internacional do Mar.

 

Para além disso, há um artigo do arqueólogo naval o oficial da Armada Augusto Salgado sobre "Tesouros do Oriente" e outros artigos sobre regatas no Tejo.

 

Enfim, uma revista com um excelente visual que pode ser pedida para

revistamarinha@netcabo.pt ou para Fax 21 301 90 81 ou Telef.: 21 301 23 23.

Assinatura Anual para Portugal: Eu 12,50 / Europa: Eu 30,00. 



publicado por DD às 22:36
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