Já está à venda o número de Novembro da Revista de Marinha.
Para além de um interessante noticiário sobre assuntos do mar, salienta-se um texto curioso do Eng. Gonçalves Cerejeira sobre a “A Ampliação do Terminal de Contentores em Alcântara” respeitante ao fecho da Golada, ao seja, à construção de um dique de areia entre a Cova do Vapor e o Bugio. Aí seria edificado um amplo porto para contentores, evitando-se o alargamento do cais de contentores de Alcântara.
Dieter Dellinger publica neste número o seu IV. Artigo sobre a Marinha Russa; desta vez dedicado aos gigantescos cruzadores submarinos lançadores de mísseis balísticos com uma introdução sobre a “luta” surda que se trava sobre o domínio do Oceano Glacial Árctico.
Com a calote glacial em retrocesso e conhecida presença de importantes reservas de petróleo e gás na zona, as nações ribeirinhas como a Federação Russa, a Dinamarca (Gronelândia), o Canadá e os EUA (Alasca) posicionam-se para uma ocupação efectiva daquelas águas tão promissoras para o futuro.
“Os Navios da Naveiro” é um artigo dedicado a uma das únicas empresas armadoras do País com capitais portugueses e navios com bandeiras de conveniência, mas interessa pouco, o principal é o capital e a gestão dos navios.
O grande colaborador da revista, eminente arqueólogo náutico e oficial da Armada, Augusto Salgado, escreve e ilustra um excelente artigo sobre a fragata de ferro espanhola “Numancia” afundada ao largo de Sesimbra em 1916.
Por sua vez, Luís Filipe Marazzo, publica um excelente artigo com o elucidativo título “As Fabulosas Escunas do Maine”.
Na secção Livros em Revista, vem a descrição de uma notável obra de um oficial da Marinha Americana, Michael Abrashoff, sob o título “It’s Your Ship”, um notável manual de liderança e de como se comanda com a máxima eficácia um navio de guerra.
O arquitecto Fernando Leal faz uma interessante referência à visita a Leixões do gigantesco paquete de cruzeiro, o Costa Victoria” que é o maior navio do género que entrou em portos portugueses com os seus 251 metros de comprimento e 75.951 Gr. Ton., construído na Alemanha, o que prova que os altos salários não são um obstáculo à construção naval em si e ao equipamento de um grande navio de cruzeiros que é simultaneamente um imenso hotel, um centro comercial e de lazer, desporto, etc., portanto equipado com uma quantidade imensa de móveis e artigos de mão-de-obra intensiva. Visível na foto.
Enfim, uma revista que interessa a todos os amantes do mar e dos navios.
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Os resultados do PS nos Açores são expressivos, a vitória por maioria absoluta é incontestável.
Hoje, acordei estremunhado; tinha sonhado que o Mundo tinha acabado por causa da crise financeira. Ninguém tinha mais dinheiro e tudo andava na rua a ver se sacava víveres das lojas para sobreviver.
Sonolento fui ligar a máquina de café e “aquela caixa com corrente, um fio, pilhas, sem disco que diz o que aconteceu” na definição de Umberto Eco em “Kant e o Ornitorrinco”. Um gajo que lê os grandes crânios tem de definir as coisas como eles escreveram. Não queria saber o que aconteceu, mas qual a malandrice do dia apontada ao Governo Sócrates e ainda pensei que poderiam dizer algo sobre o fim do “mundo do dinheiro”.
Nada, a TSF noticiou com o nervosismo habitual que hoje é o dia mundial do X.X, decretado há tempos pelas Nações Unidas.
Não percebi bem, mas como ainda estava ensonado continuei a ouvir e não tinha tragado o café para me despertar devidamente.
Segundo a TSF, Portugal é último país de um conjunto de 69 nações da OECD em termos de caracterização do esquematismo do X.X.
O X.X português tem o mais baixo índice de transcendentalismo. A sua semiose é mais fumo que fogo, traduzindo-se por uma qualidade interpretativa do mais baixo nível entre as nações desenvolvidas – disse o locutor. Fiquei boquiaberto com tanta sapiência sobre o quê?
O noticiarista ainda colocou a observação do prof. Dr. Manecas da Silva da Universidade Velha que disse que os governos desleixaram-se quanto à elaboração de uma política nacional do X.X; é por isso que estamos abaixo de países desenvolvidos como a Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Dinamarca, etc. “Repare” – diz o professor Manecas – “a próspera Islândia, apesar de ser uma ilha que conhece quase seis meses de noite, está classificada entre as primeiras no que respeita aos caracteres semiósicos do seu X.X.
Os jornalistas da TSF ainda tentaram colocar as palavras da Dra. Manuela Ferreira Leite no ar que não se pronunciou sobre o X.X. Mas, o Dr. Rangel disse que descaracterização do X.X nacional tem a ver com a total incapacidade do governo Sócrates nesse domínio.
O jornalista ainda perguntou o que fará o PSD quando estiver no Governo para remediar tal estado de coisas. “Nós temos ideias, uma estratégia concepcional e uma política a implementar quando formos governo”. Mas, qual política? Pergunta o entrevistador. “Confiem em nós, pois sabemos o que fazer, mas no momento o nosso papel é controlar e vigiar o Governo”.
Depois veio a vez de Jerónimo de Sousa que se pronunciou claramente contra a política do actual governo. “É preciso mudar de política”, reafirmou Jerónimo. “Com esta política não vamos a parte alguma”.
Louçã também foi ouvido e disse que ia apresentar com breveza na Assembleia da República um projecto de Lei-Quadro para o X.X nacional e logo após a votação da lei sobre o casamento dos homossexuais que, no seu entender, não é displicente para a caracterização do X.X. . “Sim, será uma lei cutuba, destemida e ágil para resolver o problema dos portugueses”.
Por sua vez Paulo Portas afirmou que há muito que o CDS vem alertando o País e o Governo para a questão do X.X. “Dissemos como resolver o problema, mas Sócrates não nos quis ouvir”; verificámos que tanto o programa PARCE como o SIMPLEX deixaram o X.X. português na mesma.
Em último lugar falou a secretária de Estado, Dra. Paula Vitória da Silva que exclamou quase irada: “não é verdade que o PARCE não tenha melhorado o X.X nacional e posso garantir que até ao fim do mandato, o X.X luso subirá 40 pontos paísisticos, passando dos actuais 69 para 29 e saliento que Portugal não se encontra mal colocado neste aspecto como noutros, nomeadamente na questão financeira mundial. Sim, após o descalabro das bolsas, o papel mais valorizado no Mundo é o português, precisamente o Renova. Vejam as cotações, já vale mais que o do Citybank, Ford, GM, etc. O rolo de Renova vale 500 acções do Brothers e de muitas das mais importantes empresas do Mundo”.
“É isso mesmo, disse para os botões do meu pijama, vou começar um dia de trabalho satisfeito e vou investir em rolos Renova”.
Após o colapso dos principais bancos de investimento dos EUA e de alguns de países europeus e do início de uma política de salvamento que pela enormidade das verbas envolvidas dá a imagem de uma crise gigantesca, pergunta-se o que se segue agora?
É evidente que a banca não está separada do resto da economia e a indústria carece de fundos bancários, além de haver importantes dívidas à banca. A maior parte das grandes e pequenas fusões de empresas que se realizaram no Mundo industrial nos últimos tempos têm a ver com o fornecimento de importantes créditos por parte da banca, os quais não deverão ser prorrogáveis como seria de desejar num mercado nitidamente em queda de vendas.
Os dinheiros dos grandes investimentos da Galp, PT e outras empresas vieram da banca. Resta saber agora se há verbas para os pagar no devido prazo.
Por outro lado, um dos mais importantes sectores da economia mundial, a indústria automóvel, está em crise. O alto custo dos combustíveis não leva as pessoas a adquirirem novos carros e, agora, com todas as trombetas da comunicação social a noticiarem uma crise financeira mundial, o comprador tende ainda mais para não comprar carro e não se endividar Não vamos assistir ao colapso parcial desta indústria? E depois não virão os sectores siderúrgicos e até químicos, electrotécnicos, etc. na peugada?
O sector agrícola está a sofrer uma inexplicável quebra brutal nos preços dos cereais que foram semeados já em grande quantidade para as colheitas da Primavera e Verão do próximo ano. Os agricultores pagaram adubos e pesticidas aos preços altíssimos correspondentes ao preço do petróleo de então. E a construção civil tende a parar com a diminuição do crédito bancário.
Curiosamente, há algo de semelhante entre Portugal e os EUA no facto de uma parcela muito importante do crédito bancário ter sido concedido para aquisição e hipoteca de habitações. A diferença está no chamado mal parado que em Portugal é ínfimo e nos EUA gigantesco; já se contam mais de 18 milhões de habitações vazias à venda com hipotecas por pagar na ordem dos 5,4 biliões de dólares.
Em Portugal, dizem algumas estatísticas, há 1,4 milhões de famílias a pagarem a casa que habitam num universo de quase 6 milhões de habitações para 3,9 milhões de famílias. Segundo um estudo da Universidade Coimbra, o crédito mal parado andará pelas 20 mil casas, o que significa uns 1,5%. Ao todo, o crédito difícil das famílias e empresas situa-se nos 2,1%, segundo o jornal Expresso, o que não deixa de ser um valor modesto e perfeitamente admissível. Além disso, cerca de 40% das casas em pagamento foram construídas nos últimos dez anos, enquanto que o resto tem muito mais que isso, pelo que estará parcialmente amortizado.
A banca portuguesa mudou de rumo para ser mais cuidadosa na atribuição de créditos e, assim, evitar situações de colapso. De resto, a entidade bancária que tem enfrentado alguns problemas é a CGD, mas por causa dos débitos das autarquias e governos regionais que se atrasam nos pagamentos e pedem continuamente a reforma das suas dívidas.
As famílias portuguesas devem 80% do PIB, mas os seus activos são sete vezes superiores. Claro, não é a família endividada que possui activos, excepto a própria casa que está a perder algum valor, pois o mercado está saturado de habitações, mas a questão é só pertinente para aquisições feitas nos últimos anos.
No Pib português, as actividades bancárias têm um peso baixíssimo comparado com os países mais desenvolvidos. Na falida Islândia, a banca era responsável por 29% do Pib do país e também na tão elogiada Irlanda o Pib bancário é várias vezes superior ao português. É isso que explica o facto de alguns países não possuirem infraestruturas e equipamentos sociais em quantidades superiores aos de Portugal mas os seus Pib são superiores. São Pib virtuais que, no caso da Islândia, esfumaram-se como o fantasma de Aladino.
Muitos Pib vão ser revistos de alto a baixo, pois a economia virtual do Mundo era gigantesca e está em pleno colapso.
Assim, enquanto Pib mundial é de 54,3 biliões de dólares (biliões europeus ou milhões de milhões, 1012), o valor virtual dos derivados transaccionados fora da bolsa era em Dezembro de 2007 da ordem dos 596 biliões de dólares ou 11 vezes mais. Nessa data, o valor de todas as empresas cotadas na Bolsa de Nova Iorque cifrava-se nos 25 biliões de dólares, portanto metade do Pib mundial.
Eu calculo que o papel quase sem valor em circulação nos EUA e no Mundo em geral deve ter tido um valor máximo de 750 biliões de dólares, pelo que a injecção de 0,7 biliões do Plano Paulsen não passa de uma gota de água nos oceanos do Planeta e muito desse papel entrava nas contas dos Pib de muitas nações, mesmo dos países emergentes, ou entrava no Rendimento Nacional Bruto (ex-PNB). Os derivados foram uma das causas do aumento especulativo dos preços do petróleo bruto, cereais e muitas matérias-primas como cobre, aço, etc. Hoje, ninguém dá nada pelos derivados, pelo que em termos virtuais, o Mundo perdeu “activos” da ordem de 10 vezes o valor do seu Pib anual. Claro, esta diferença de valores tem a ver também com o facto de os activos resultarem de investimentos com créditos e débitos acumulados em vários anos e estar-se aqui a comparar com o Pib anual que é, apenas, o valor do trabalho de todos os habitantes activos do Planeta durante um ano. Mesmo assim, não deixa de ser fenomenal o valor astronómico do papel virtual.
Enfim, sempre me insurgi com as comparações do Pib português com os de muitos outros países por saber que havia uma solidez portuguesa baseada em valores concretos que contrastavam com a pequenez do nosso Pib comparado com o de outros países. É que, Portugal não tinha nem tem uma grande economia virtual.
Isto foi escrito há muitos anos por um grande economista irlandês nos “Cadernos de Economia”, órgão da Ordem dos Economistas, que alertou para o carácter muito fictício do Pib irlandês. Infelizmente, por razões de baixa política, economistas como Cavaco e Ferreira Leite nunca quiseram conhecer essa realidade. Nunca perceberam que não se pode ter mais casas, mais quilómetros de auto-estradas, mais barragens, mais carros, mais telemóveis, mais caixas de Multibanco, mais escolas, mais professores por aluno, mais médicos que a Suécia, etc. e ser muito mais pobre. Algo nunca funcionou na mente dos economistas liberais, cujos números eram apenas os do papel e não da realidade.
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