Não estivesse Portugal inserido na Comunidade Europeia e estaríamos agora na bancarrota e muito provavelmente a braços com sublevações e golpes de Estado. E isto porque, por um lado, não teríamos os meios para suster a crise financeira e, por outro, o ódio e a tremenda demagogia que por estes dias anda à solta em blogues, media e declarações políticas se traduziria em violência efectiva.
Mas, mesmo sem golpes o estado "mental" do país político é deplorável. Nestes últimos meses emergiu uma raiva assanhada contra o primeiro-ministro, traduzida numa campanha permanente de acusações e insultos, que vai muito para além da confrontação de ideias. A coisa tomou proporções de um delírio. O caso Freeport é certamente o mais grave, pela evidente manipulação, mas não o único. Vive-se hoje num ambiente em que agentes partidários e jornalistas competem para ver quem consegue inventar a maior calúnia ou proferir a maior ofensa contra José Sócrates. Há muito que se perdeu qualquer racionalidade no debate político ou outro objectivo que não seja amesquinhar e depreciar directamente pessoas concretas. A caça ao homem é, no momento presente, o desporto nacional por excelência.
A consequência desta dinâmica assassina é clara. Estamos a caminhar para tornar o país ingovernável. E se hoje muitos opositores partidários, em particular no PSD, andam ufanos com a sanha anti-Sócrates e a maneira ignóbil como se tenta demolir o Governo, amanhã serão eles a sofrer o mesmo tratamento.
Quero contudo crer que se para uns, nomeadamente os jornalistas, este tipo de campanha representa um novo modus operandi, agora que se perdeu qualquer sentido de ética ou deontologia profissional, já para outros a questão é mesmo ideológica. Pelas entrelinhas das calúnias perpassa uma visão social, a qual, em traços largos, pode ser descrita como sendo essencialmente anti-moderna. Os exemplos são fartos. O horror às tecnologias; o enaltecimento do nacionalismo e do passado; a exaltação do chamado interior e do ruralismo; a valorização do pequeno contra o grande; a inveja perante o sucesso; o escárnio da ambição; a cultura da má-língua e da brejeirice; a defesa do isolamento e a aversão ao estrangeiro; o combate ao cosmopolitismo, à diferença, à diversidade; à criatividade, à inovação.
Em Portugal tem vindo a crescer uma tendência que tende a valorizar tudo o que o País tem de pior.
Ainda recentemente, a entrevista da dra. Manuela Ferreira Leite à SIC mostrou como essa ideologia se exprime de forma esclarecedora. Sabe-se como, sob a capa de um discurso de aparente rigor financeiro, o PSD tem militado contra as grandes obras públicas, nomeadamente o novo aeroporto e o TGV. Questionada que obras faria em vez de um TGV que nos liga ao resto da Europa, Ferreira Leite disse preferir uma intervenção nas linhas ferroviárias para o interior do País. Ou seja, à via rápida que nos une a milhões de europeus, o PSD prefere investir nas ligações para territórios sem escala, de fraca actividade económica e, na maioria dos casos, sem gente. Quanto custaria ao País este tamanho desperdício em nome do populismo? Quanto perderiam as gerações futuras por se verem confinadas ao seu cantinho sem acesso fácil e rápido aos grandes centros urbanos europeus? Como disse alguém: o novo aeroporto ou o TGV saem de facto bastante caro, mas muito mais caro é não os fazer.
Do mesmo modo é sintomática esta enorme paixão, muito exaltada não sem surpresa por PCP e PSD, pelas pequenas e médias empresas. Sendo certo que elas, pela sua quantidade, geram muitos postos de trabalho, não é menos certo que sem escala nenhuma empresa consegue participar activamente no contexto global - e nem sequer no europeu. Para mais, para além do frequente obsoletismo e falta de qualidade do produzido, é nelas que encontramos as piores condições de trabalho, o maior desrespeito pelos trabalhadores, as mais flagrantes manifestações de novo-riquismo. A grande quantidade de pequenas e médias empresas em Portugal é um sinal de atraso e não de desenvolvimento. A maioria não tem condições para sobreviver sem intensa exploração dos trabalhadores, malabarismos de toda a ordem e apoios estatais.
Enfim, há quem esteja muito empenhado em reforçar a nossa pequenez e atraso. Pobre Portugal caso esta gente venha a mandar!
Publicado no Jornal Negócios de 29 de Abril de 2009
por Leonel Moura
Robotarium X de Leonel Moura no Jardim do Bom Sucesso em Alverca
Porto de Mós, 26 Abr (Lusa) - Cerca de 20 pessoas assistiram hoje pela televisão, na Capela de São Jorge, mandada construir por Nuno Álvares Pereira, à cerimónia de canonização do mais recente santo português.
No interior do templo, os fiéis, a maioria residente nesta localidade do concelho de Porto de Mós, seguiram a missa presidida pelo Papa Bento XVI através de um ecrã que a Fundação Batalha de Aljubarrota mandou colocar no seu interior. No exterior, onde outros dois ecrãs foram instalados, ninguém acompanhou a cerimónia. Fim de Citação.
Efectivamente, os portugueses pouco ligaram à santificação do novo santo oftalmologista porque de além-tumba curou uma senhora da sua falta de visão
A miraculada diz que foi depois de rezar perante uma imagem do beato Nuno de Santa Maria.
Tudo parece mentira, a começar pela imagem do beato que nunca foi alvo de veneração especial e numa loja de artigos religiosos não vi nenhuma imagem sua à venda.
Por outro lado, estes milagres e curas de além tumba ofendem a inteligência de todos, crentes incluídos desde que minimamente inteligentes. Deus não passou procurações e é de uma petulância gigantesca haver seres humanos que pretendem estar em contacto com Deus ou com seres falecidos e serem contemplados com benesses especiais como curas milagrosas.
A Igreja devia acabar com o falso milagre para canonizar alguém. Há pessoas com vidas notáveis que, em si mesmo, são milagres de dedicação aos outros e à fé, mas não estão todos os santos incluídos nesta categoria. Madre Teresa de Calcutá estará e um milagre apontado a ela é quase uma ofensa à sua vida de dedicação aos outros.
D. Nuno Álvares Cabral foi um herói nacional em termos militares como tantos que todas as nações têm. Em vida, ele foi contemplado com muitas terras que o tornaram no proprietário de uma parte importante do Reino. Com os rendimentos proporcionados por numerosos servos que trabalhavam nas suas terras, D. Nuno construiu o Convento do Carmo e dedicou-se a uma vida contemplativa e de caridade. Merece o respeito e agradecimento de todos os portugueses. Mas daí a ser oftalmologista de além-tumba vai um passo muito grande.
Os processos de santificação feitos pela Igreja Católica são uma espécie de paganismo, pois os santos são elevados à categoria de deuses de segunda categoria com capacidade de intervenção na vida terrena como as divindades romanas, nomeadamente os imperadores em vida e depois da morte e como os deuses do hinduísmo.
Não, a Igreja Católica não pode continuar a rebaixar-se com historietas de milagres. E pessoas aparentemente inteligentes e cultas como o Papa, os cardeais, D. Policarpo incluído, professores da Católica, etc. acreditam nisso? É curioso e fantástico.
Recordo ainda a santificação do grande fascista Escrivã de Balaguer, marquês e fundador da “Opus Dei”, que de além-túmulo curou um médico radiologista de uma doença provocada pelos Raios X. Aqui a Igreja mostrou-se moderna, pois o miraculado era radiologista.
Já escrevi que o Papa Ratzinger, ex-nazi, quer canonizar o falecido ditador Nyerer da Tanzânia. Só o deverá fazer se Julius Nyerer conseguir fazer o milagre de ressuscitar as dezenas de milhares de muçulmanos de Zanzibar que mandou assassinar.
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