O ano de 2010 ficará na história da Humanidade, da vida na Terra, do sistema solar e, talvez, até da própria Galáxia e do Universo. Daqui para diante haverá um antes de 2010 e um depois de 2010.
Este ano foi concluído o trabalho iniciado há 15 anos por Graig Venter e a sua equipe no sentido de criar vida artificial e mostrar que o fenómeno vida não passa de um complexo conjunto de reacções químicas.
Não que Venter tenha criado a 100% um ser vivo, mas quase. Efectivamente, o cientista norte-americano copiou o genoma de ADN da bactéria muito simples micoplasma micóide, encomendando os genes traduzidos para um programa informático a uma empresa alemã que há muito fabrica genes sintéticos. As respectivas unidades genéticas do ácido desoxirribonucleico fabricadas por robots de laboratório foram transferidas para uma levedura e após completado o genoma, protegeu-se tudo com uma capa metílica para o transferir para outra bactéria micoplásmica da qual tinha sido retirado o seu ADN original. Aquilo que parecia ser um longo polímero inerte, o genoma sintético, passou a funcionar como ser vivo e a nova bactéria adquiriu as características do seu novo ADN sem o rejeitar como tinha acontecido em experiências anteriores.
Saliente-se que Venter utilizou para o efeito dois micoplasmas que são as bactérias mais simples da natureza, do tipo procariota, sem núcleo, e desprovidas de uma verdadeira parede celular. O seu revestimento é constituído por uma membrana de gordura, ou antes, colesterol esterificado que, geralmente, nem é produzido a partir do seu mecanismo interior, mas retirado do meio ambiente. Os micoplasmas estão quase entre os vírus e as bactérias mais primitivas.
Há quem veja no sucesso de Vengter, o homem que descodificou o genoma humano em 2001, um semi-êxito, enquanto outros vêem no feito o primeiro passo para a síntese química do fenómeno vida, principalmente porque foi aberto um caminho para proteger o genoma sintético e daí, por ventura, para o pôr a funcionar de modo a produzir bactérias ou outros seres vivos completos.
Neste aspecto, Venter está a prosseguir uma via quase inversa da suposta criação de vida na terra em que o DNA foi quase a fase final de um processo muito lento. De qualquer forma não se sabe se os micoplasmas evoluíram a partir dos vírus ou das bactéria sem núcleo.
De qualquer forma, tornou-se possível criar sinteticamente uma longa molécula polímera de DNA que em meio adequado passa a funcionar como como em qualquer célula viva, seja de ser bacteriano ou de um ser humano, por exemplo.
Venter, para ser o primeiro e não perder tempo, limitou-se a plagiar a natureza de uma bactéria relativamente simples, se é que o termo se aplica a qualquer ser vivo no nosso Planeta e prescindiu de tentar ser o criador de algum ser vivo diferente, mas não perdeu a esperança de produzir bactérias que venham a absorver o CO2, os poluentes, os metanos e possam mesmo atacar células de tumores cancerosos. Neste campo, abriu-se uma nova via evolutiva para a Humanidade e, principalmente, demonstrou-se o carácter material da vida.
Claro, isto nada tem a ver com religião. Para muitos, Deus criou as leis da química e da física e a evolução até a um ser humano capaz de produzir uma colher como um genoma vivo e capaz de curar milhares de milhões de doentes e também produzir Auschwitz e todas as guerras. Um Deus criador de todos os pormenores e actuante e presente nas igrejas, sinagogas ou mesquitas proporciona poder a quem o pretender representar, enquanto o Deus distante do Big Bang e das reacções químicas não leva ninguém a sujeitar-se a qualquer seu representante na Terra, seja um ayathola, um rabino ou o papa.
Há muito que se produzem genes a partir de quatro compostos químicos e que são utilizados na manipulação genética de muitas sementes vegetais como milhos, tomates e até batatas com grande fúria dos ecologistas que temem a criação humana, mas não a podem parar, o homem é incorrigível e está sempre a criar algo de novo, se bem que não em todos os países. Neste aspecto, os EUA detêm o privilégio de serem de longe os primeiros e a sua ciência ultrapassa tudo o que o resto da Humanidade produz.
Contudo, fica no ar a pergunta. Afinal como apareceu a vida na Terra sem a intervenção de um criador inteligente, pois podemos dizer que Venter imita Deus.
A teoria mais elaborada revela dois factores fundamentais: a capacidade reactiva dos átomos, ou antes, dos electrões dos seus últimos orbitais que absorvem fotões, subindo de escalão energético, ou emitem-nos descendo e o tempo medido em quase cinco mil milhões de anos. Os electrões com mais energia tendem a abraçar aos seus congéneres de outros átomos formando moléculas como os dois átomos de hidrogénio com um de oxigénio para dar uma molécula de água e os átomos de carbono ligam entre si em longas cadeias e a átomos de hidrogénio como radicais azotados NH2 e radicais ácidos –COOH para formarem os célebres aminoácidos, os tijolos da matéria orgânica e da vida.
Há uns 50 anos atrás o cientista Miller, recriou em laboratório aquilo que teria sido a atmosfera original da terra, descarregando raios eléctricos e obteve aminoácidos. A partir do carbono, azoto, oxigénio, hidrogénio e fósforo formaram-se os quatro nucleótidos básicos do ácido ribonucleico há uns 4,9 mil milhões de anos. Estes compostos viram-se metidos em camadas porosas microscópicas de argila, sofrendo grandes diferenças de temperatura e a acção de diversas radiações. Muitas foram as reacções que tiveram lugar nesses micro-esporos argilosos numa época em que na atmosfera quase não existia oxigénio. Algumas reacções terão dado origem à formação de ácidos gordos. Por isso, por via de convulsões diversas da superfície da terra, quando se libertaram os ácidos ribonucleicos, alguns estariam envolvidos em membranas dos referidos ácidos gordos que impediram a saída dessas longas cadeias químicas, mas permitiam a entrada de minúsculos objectos químicos, os nucleótidos de natureza semelhante às unidades que formaram o ARN (ácido ribonucleico). Os nucleótidos são pois os monómeros do ARN e ADN que não passam de polímeros ou longas cadeias de compostos iguais como são o polietileno, poliestireno, etc.
A uma baixa temperatura, os nucleótidos ligaram-se às cadeias de ARN, tornando-as muito longas e a temperaturas mais altas dividiram-se duas de modo formarem a conhecida dupla hélice de ADN.
As protocélulas formaram-se há uns 4,9 mil milhões de anos do tipo pelágico, isto é, disperso na água e nunca poderiam sobreviver assim num planeta que sofreu enormes variações, passando de um dia de 6 horas para as actuais 24. Mesmo assim, permaneceram estáveis durante quase 3 mil milhões de anos. Essas bactérias primitivas cobriram grande parte da superfície do planeta com um chamado biofilme bacteriano de uma matéria gelatinosa que produziam e as protegia do meio ambiente, atraídas entre si por forças electrostáticas. O biofilme era e é ainda constituído por açúcares, existindo ainda hoje por toda a parte, tanto nos dentes como forma de colónias nas nossas placas dentárias até aos cascos de navios, etc. O biofilme das bactérias procariotas está por toda a parte, todas descendentes como nós da LUCA (last unicelular ancestor).
A falta de energia para alimentar os biofilmes terá levado a que algumas cianobactérias do tipo algas azuis tenham adquirido a fotossíntese graças a uma mutação que originou a clorofila, passando a poder utilizar a energia solar e poluindo a atmosfera de então com um resíduo tóxico chamado oxigénio ao mesmo tempo que transformavam o dióxido de carbono em hidratos de carbono (açúcares). Claro, como sempre aconteceu na vida terrestre, colonizaram o planeta em novos biofilmes e acabaram por produzir tanto oxigénio que este inundou em 21% a atmosfera.
As células eucariotas com núcleo apareceram apenas há 600 milhões de anos, uns 4,3 mil milhões de anos depois de aparecer a primeira vida terrestre. Os núcleos terão tido origem em vírus que se introduziram nas bactérisa procariotas para sobreviverem. E só 200 milhões de anos depois é que surgiram os primeiros metazoários, ou seja, seres pluricelulares, que evoluíram até hoje em apenas 10% do tempo da vida na Terra e nós, enquanto ditos seres racionais, estamos há uns 0,01% ou menos na Terra e concluímos que chegou a nossa vez de meter a colher nessa coisa chamada vida. Que mais não seja para sobrevivermos e, por ventura, povoarmos alguns exoplanetas parecidos com o nosso ou mesmo diferentes para os quais podemos fabricar novos tipos de seres vivos capazes de, por exemplo, oxigenar uma atmosfera demasiado rica em ácidos diversos.
Por último uma nota: Muitos dos trabalhos de engenharia biológica foram financiados pela “banca maluca” que criou a actual “crise”, financiando tudo e mais alguma coisa, incluindo a Microsoft, a Google, a Intel, a Nokia, etc. Naturalmente por ganância e na ideia que ganharia imenso dinheiro com as grandes descobertas. Na verdade, só no sector do fabrico de genes foram criadas mais de 30 empresas e só restam quatro actualmente. É assim na vida biológica como na economia, há sempre um processo de selecção em que os mais incapazes ficam para trás e desaparecem. Além disso, os génios necessitam de capital antes que se saiba que são génios, daí a função evolutiva da “banca desregulada e gananciosa”.
Terça, 27 Abril 2010 00:00
Teve lugar no passado dia 22 de Abril, pelas 18h30, no Clube Militar Naval (CMN), ao Saldanha, em Lisboa, a cerimónia de apresentação pública da recém- publicada obra de Dieter Dellinger "Um Século de Guerra no Mar - da guerra Russo-Japonesa à guerra do Golfo".
A apresentação desta obra é também o regresso da ENN - "Editora Náutica Nacional, Lda", à actividade editorial, após um longo hiato de mais de vinte anos.
Numa sala completamente cheia, a sessão foi iniciada pelo Cte. Vladimiro Neves Coelho, Presidente da Direcção do Clube, que cumprimentou os presentes e assinalou ser o CMN talvez o local mais apropriado para apresentar uma obra com esta temática; seguiu-se-lhe o Editor, Alm. Henrique Alexandre da Fonseca, que assinalou o regresso da ENN à edição de livros, fez os agradecimentos da praxe e referiu existirem mais dois projectos editoriais já em curso: a terceira edição do livro de Maurício de Oliveira, "Os Submarinos na Marinha Portuguesa" e a tradução e publicação do livro "It's your ship", do Cte Michael Abrashoff, USN, facto que a Revista de Marinha oportunamente comentou (RM 946). Referiu ainda, ser com grande interesse e prazer que edita este livro, que contém as descrições de diversas batalhas navais que foram objecto de artigos saídos na revista entre 1995 e 2000, e apresentou o autor, o Sr. Dieter Dellinger, colaborador antigo, desde Abril de 1988, da "Revista de Marinha", jornalista de profissão e um apaixonado pelas coisas do mar.
Em seguida, o Sr. Alm. Leiria Pinto, ex-Presidente da Comissão Cultural de Marinha e Licenciado em História, apresentou, detalhadamente, a obra em apreço, concluindo ser um livro de particular valia, indispensável na biblioteca de todos os leitores que se interessem pela História Moderna e em particular pelas Marinhas de Guerra. O autor fechou as intervenções desta sessão, dando a conhecer as razões que o levaram a redigir a presente obra, e que têm que ver com a necessidade de levar ao conhecimento das novas gerações o que foi, quer no que se refere ao bom, quer ao mau, o pretérito século XX. Como, curiosamente, nos disse, o século abriu em 1900 com expectativas de desenvolvimento e progresso e com a convicção generalizada de que a guerra entre nações civilizadas era algo do passado, já erradicado; poucos anos volvidos, porém, os exércitos alemães invadiam o norte de França e a Bélgica, e o submarino trouxe a guerra para o Mar do Norte e para o Atlântico, com tal sucesso que colocou mesmo em risco de colapso o comércio externo britânico, algo essencial, vital mesmo, para a sobrevivência das populações do Reino Unido.
Terminada a apresentação, o autor autografou as várias dezenas de livros adquiridos pelos presentes, muitos dos quais, aliás, colaboradores ou assinantes da "Revista de Marinha", após o que, teve lugar um bem servido cocktail, tendo o catering sido responsabilidade dos serviços do CMN.
"Um Século de guerra no Mar" poderá ser adquirido, directamente, junto da editora, com um preço especial de 20 Euros, a que acrescem as despesas com os portes de correio. Os pedidos poderão ser feitos através do e-mail
ddcorsen@netcabo.pt
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ou dos tel 213533269, fax 21 3536606 /214001 292, t/m 917255120 ou directamente na Rua Gomes Freire 11-3ºB / 1150-175 Lisboa (perto do Campo dos Mártires da Pátria ou Campo de Santana).
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