O engenheiro eletrotécnico e professor do ensino secundário José Faria Honório Novo sai da Assembleia da República sem que ao eleitorado do seu partido, o PCP, seja dada qualquer explicação.
Depois de quinze anos como deputado à AR e quatro ao Parlamento Europeu aquele que era considerado o melhor parlamentar do PCP e, por ventura, da própria Assembleia da República, sai sem sequer ser candidato à presidência de uma das mais importantes Câmaras Municipais do país como seria o Porto ou Lisboa. Será apenas candidato à Assembleia Municipal do Porto.
Habitualmente, os deputados mais conhecidos saem da AR para serem ministros, secretários de Estado ou presidentes de Câmaras, mas nunca para uma espécie de vazio político.
A tese de renovar o pessoal não colhe; os cargos políticos não são prémios de militância política, mas funções de muito trabalho em que os melhores não são os premiados pelos partidos, mas os que conferem aos partidos o prémio da sua notoriedade e capacidade para exercer bem a função em causa.
Honório Novo é um homem que ajuda o PCP a angariar mais votos e dá prestígio a Jerónimo de Sousa e nunca o contrário. Os seus 19 anos de parlamentar são um capital que nenhum partido pode desprezar e, principalmente, um pequeno partido como o PCP.
Por isso, acho que há algo no interior do PCP que não está bem. A meu ver, muitos dirigentes que ocupam o comité central são pessoas mal formadas, demasiado intolerantes e invejosas do prestígio que algum dos seus camaradas possa conseguir junto da opinião pública e daí correrem com eles para fora dos postos em que faziam um excelente trabalho para não ensombrarem o líder de momento e o pequeno grupo de acólitos pouco conhecidos. Fizeram-no a tantos parlamentares como Carlos Brito, Zita Seabra, Vital Moreira e outros.
Tal como o Partido Comunista da China, também o PCP não tolera os seus “Bo Xi Lai”, pois é sabido que na China, este dirigente caiu porque se tornou demasiado popular nas regiões em que liderava o partido. Mas na China, o PC não vai a eleições e a pequena comissão permanente do comité central pode fazer tudo o que lhe apetece no seu gigantesco país de 1,4 mil milhões de habitantes. Em Portugal, o PCP pode manter-se estalinista e continuar a querer ser apenas o líder máximo sem recurso a figuras de grande prestígio, mas com isso não passa dos 8 a 9% dos votantes e já é muito.
Pelo modo de ser de Honório Novo; combativo, mas democrata, sempre com algum humor, fazendo da política não um duelo, mas mais um diálogo de ideias divergentes, pode ser que tenha gerado no interior do PCP uma divisão profunda. Uns acham que a democraticidade e o diálogo é útil e outros continuam agarrados à luta e a uma “revolução de outubro” que nunca mais aparece por falta de condições. Talvez o problema seja mesmo outro, isto é, muitos militantes comunistas consideram que Honório Novo é a pessoa indicada para substituir o rústico Jerónimo de Sousa num país em que as classes médias, em termos de educação e espírito, são maioritárias e lutam desesperadamente para não caírem na condição de pobreza extrema.
Mesmo na atual crise, o povo português não se mostrou inclinado a ir combater nas ruas, parecendo que as divergências foram e, talvez, são maiores no interior do poder do que entre este e o povo português. O problema resolve-se com eleições e Jerónimo de Sousa não é pessoa para ganhar a confiança das classes médias porque nada lhes diz. Os seus adeptos são o pequeno grupo de idosos reformados alentejanos que não contam como eleitorado maioritário a quem faz uns discursos engraçados, mas desprovidos de sentido político. O seu lema “é preciso mudar de política” está esgotado porque nunca explicou para que política deve o País mudar sem que seja o eterno óbvio de que tudo deve ser bom ou estar bem.
A Itália é a terceira potência industrial da Europa, tanto da zona euro como da União, e está bem classificada na ordem mundial e com a característica de ser capaz de produzir quase tudo; desde os melhores helicópteros europeus, aviões militares e automóveis de todos os tipos e desenhos como o célebre Fiat 500 e os Ferraris e Lamborginis. Também é um grande fabricante de máquinas e quase todos os carros do Mundo foram desenhados por mestres italianos do design, a Itália também possui uma importante indústria de eletrodomésticos e artigos de moda desde os fatos Armani aos acessórios Versace, Gucci, Valentino, etc.
O governo do PM Letta prevê um défice para este ano de 2,9% com base nos dados dos primeiros cinco meses do ano, o que não impediu a agência Standard & Poor’s de reduzir o rating da “Bella Italia” porque se discute no Parlamento de Roma o que fazer para conseguir o crescimento da economia italiana no próximo ano e isso significa reduzir alguns impostos e investir na juventude.
A dívida pública italiana supera os 130% do PIB, mas está em grande parte na posse de italianos, o que tem levado Bruxelas, leia-se Markel e o seu criado Barroso, a quererem esmagar a Itália.
O PIB italiano sofreu uma queda de 7% entre 2007 e 2012, pior que durante a crise de 1929-1934, porque os salários subiram 34% entre 2000 e meados de 2013 e o governo prevê uma recessão de 1,3% este ano, enquanto o Banco de Itália fala em 1,9%. Curiosamente, a subida salarial desde os últimos salários pagos em liras subiram rigorosamente o mesmo que se valorizou o Euro que passou de 0,98 dólares em 2000 para 1,32 agora. Os salários ainda estão 30% abaixo da média alemã e 15% abaixo dos franceses. Mesmo assim, as exportações aumentaram, mas não o suficiente para colmatar o buraco do desemprego. A Itália tem 4 a 5 milhões de desempregados e mais de 8 milhões de pessoas a viverem abaixo do nível de pobreza.
A Itália é uma nação próspera e desenvolvida em vias de ser ESMAGADA por Bruxelas, ou antes, pela Merkel com o seu criado Barroso. A esquizofrénica vontade de manter o Euro a 34% acima do seu valor inicial está a conduzir toda a Zona Euro à falência e ao endividamento por mais esforços que se façam para poupar dinheiro do Estado e alargar a austeridade a todos. O último a fechar a luz e a porta da Europa será, sem dúvida, um alemão.
Os italianos, como outros europeus, acusam a sua classe política de ser culpada da “miséria” italiana, a quem chamam “La Casta, esquecendo que os políticos de hoje têm os mesmos defeitos dos que governaram nos tempos gloriosos das Vespas, Lancias, Alfa-Romeos, máquinas industriais, vinhos de alta qualidade, produtos alimentares, etc. e, porque não, filmes de Fellini, Pasolini, Vitorio de Sica e tantos outros. Nas economias de mercado, não são os políticos que fazem os fatos Armani, apenas usam-nos, mas devem criar condições monetárias para que o génio de um povo possa produzir resultados e, certamente, a moeda forte não ajuda nada nem ninguém.
Muitas fábricas italianas estão a deslocalizarem-se e o sucesso que é o Fiat 500 é fabricado na Polónia, a enorme fábrica Indesit com mais de 5 mil trabalhadores está em vias de falência.
Os principais economistas italianos e americanos dizem que a vitalidade italiana é enorme mas a sua recuperação passa pela saída do euro, o que permitiria à Grécia, a Portugal e à Espanha saírem também, fazendo desmoronar o euro germânico. Talvez fosse possível fazer um euro latino.
Acabei de ouvir o Medina Carreira lamentar-se que o PS não esteve de acordo com os cortes de despesas necessárias e citou que as pensões custam 25 mil milhões, esquecendo-se de dizer que para os 3,5 milhões de reformados dá 510 euros mensais em 14 meses. As pensões médias e elevadas já levaram um importante corte por via da taxa de solidariedade que chega aos 40%, pelo que os cortes previstos são nas pensões baixas. Também os ordenados da Função Pública também sofreram esses cortes, mas parece que há o escândalo de os juízes não terem sofrido cortes, principalmente nas verbas nem sempre necessárias para aluguer de casa.
Os ordenados da Função Pública, segundo Medina, são de 17 mil milhões de euros, o que é exagerado. O valor atual está bem mais baixo, dado que em média a função pública aufere de uns 1.200 euros mensais, contando com um número muito elevado de pessoas com formação académica.
Segundo Medina, as despesas sociais estão em 38 mil milhões de euros e aí está todo o problema porque as restantes despesas são mínimas, incluindo os juros de 8 mil milhões. Por isso, para ele, direita, as reformas estruturais são apenas cortes no social.
Medina diz ainda que o PS não quer mexer nas despesas sociais quando elas têm sido bem mexidas nos últimos tempos com o contratempo do aumento enorme no desemprego.
Medina mostrou um gráfico em que apresenta um aumento de 52% nas despesas sociais desde 2000 a 2012, esquecendo que aumenta em cada ano o número de pessoas a reformarem-se com os 40 anos de carreira contributiva e 65 ou mais anos. Além disso, também aumenta o número de pessoas que descontaram sobre os seus salários reais, pelo que, de futuro, o peso das reformas tende a aumentar, apesar de uma certa redução salarial que se verifica agora.
No fundo, Medina e um tal prof. Avelino defendem o aumento da taxa de pobreza dos atuais 19 a 20% para os 45%. Só que entramos no título deste programa, “imbróglio financeiro”, dado que com 45% de pobres, as receitas do Estado sofrerão uma queda brutal e o resultado em termos de défice pode ser ainda pior.
O cálculo das novas pensões estão sujeitas a uma fórmula que tem em conta a esperança de vida, a qual, curiosamente, nesta crise não está a aumentar. Entre as despesas sociais é óbvio que o Estado está a poupar algo com os abonos de família dada a queda da natalidade, o que pode eventualmente ter algumas consequências futuras se não considerarmos o aumento da produtividade proporcionado pela informática, organização de todo o tipo de trabalho com o utente e consumidor a fazer uma parte do trabalho dos fornecedores e do Estado.
O Governo não está interessado em aumentar a produção. Agora vai aplicar um novo imposto sobre a produção de energia elétrica que se traduzirá no seu preço e esta é fundamental nos custos da produção das empresas de fabricos e fornecimento de serviços. O exemplo da Grécia que reduziu o IVA da restauração e hotelaria de 23 para 13% não foi considerado pelos dois reacionários acolitados pela Judite de Sousa que só de vez em quando é que fazia de advogada do diabo.
Cavaco queria o PS a apoiar os cortes sociais que não vão resolver nada por reduzirem as receitas do Estado e uma única oposição constituída pelo PCP e o BER que poderão vir a ter 25 a 40% dos votos em próximas eleições.
As classes médias não podem deixar a extrema esquerda monopolizar a oposição e ser a única a defender os seus interesses.
O Gaspar fugiu dos números e chegou a ministro inconsciente da realidade portuguesa.
Toda a capitação portuguesa é miserável e vai do valor das reformas por reformado, dos salários totais por assalariado, do Pib per capita, do custo unitário dos funcionários públicos, cujos salários estão estagnados há quatro anos e até descerasm como os do setor privado que ainda descerasm mais ao custo unitário dos doentes, dos alunos e concomitantemente dos médicos, enfermeiros, professores.
Os desempregados recebem em média menos que o salário mínimo e só uns 40% dos desempregados é que recebem alguma coisa.
A Comunicação Social intoxicou a população com a fortuna de alguns ricos que estão longe de alterar a capitação global. Os reformados muiuto ricos, com mais de 7.500 euros mensais líquido, pagam 18% de taxa de solidariedade até aquele montante e 40% do que ultrapassar esse valor, depois de terem pago o IRS.
A taxa de solidariedade aplicado aos ricos numerosos dá pouco dinheiro porque estes são os que têm reformas superiores a 1.250 euros mensais e pouco mais são do que 10% dos reformados.
Com isso tudo, o Estado gasta uns 590 euros mensais por cada residente e os juros asfixiantes são de 66 euros mensais per capita.
A Croácia aderiu agora ao clube da barafunda que é a União Europeia e pretende adotar o Euro.
Para o efeito esteve cá o seu ministro das Finanças que veio expressamente de Zagreb a convite da ministra Maria Luís Albuquerque. Esta tentou demonstrar ao zagrebino que os croatas não deveriam perder a Kuna, porque se arriscavam a ficar numa situação como a portuguesa. O ministro foi, entretanto, apresentado à responsável pela nossa agricultura e pecuária e disse logo: afinal vocês aderiram ao Euro e não perderam nada, nós também podemos abandonar a Kuna (moeda croata) e continuar como vocês portugueses a produzir na mesma.
De Berlim já vieram as ordens. Merkel disse que tinha a certeza que Portugal fará a reforma do Estado qualquer que seja o governo que tiver.
No fundo ela diz: vocês, pândegos e preguiçosos, podem fazer eleições ou o raio que os partam, mas têm mesmo de cortar muito mais os salários dos funcionários e as reformas dos pensionistas e ir às contas bancárias dos tugas porque isso é que é uma reforma do Estado.
É curiosa esta Merkel e o Mundo de hoje. Ela é uma estalinista de direita. Faz lembrar o Duarte Pacheco que expropriou milhares de hectares de terrenos de Lisboa, pagando indemenizações simbólicas. Mas agora quer que se expropriem as contas bancárias, só para que o BCE continue sem emitir 0,5% a 1% da massa monetária da zona euro, o que daria para reduzir amplamente as dívidas dos Estados e os juros de usura que estão a liquidar a União Europeia, que de União já nada tem sem provocar inflação.
O pior é que a gaja ainda é capaz de voltar a ser eleita. Os alemães veem nela um “Führer” sem bigode.
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