Jornal Socialista, Democrático e Independente dirigido por Dieter Dellinger, Diogo Sotto Maior e outros colaboradores.
Terça-feira, 6 de Maio de 2014
Dieter Dellinger: Não há saída sem o BCE.

 

A saída limpa ou suja deixou tudo na mesma, já que nada é possível no contexto atual porque não compete aos mercados financeiros resolverem os problemas económicos dos países em crise nem aos outros Estados. Só a intervenção do banco emissor BCE pode resolver algo, já que é para emitir moeda é que ele existe.

Recordemos que até 2007 inclusive, a situação das contas públicas portuguesas estava correta. O défice foi inferior a 3% e a dívida andava nos 62 a 63% com juros a 10 anos entre 3,2 e 3,6% numa situação inflacionária de 1,5 a 1,9%. Portanto o juro real era de 1,7 a 2,0%, nada que afligisse alguém.

 Nunca ninguém soube elogiar o bom trabalho de Sousa Franco antes e depois da entrada no Euro.

Foi a ganância capitalista da banca americana acompanhada pela europeia que provocou a crise ao inventarem fundos hipotecários com hipotecas feitas a pessoas que as não podiam pagar e compraram casas que não necessitavam. A crise propagou-se aos bancos europeus que detinham esses fundos estruturados, mas pouco aos portugueses.

A Merkel reuniu em 2008 o Conselho Europeu e incentivou todos os países a fazerem uma política de investimentos keynesianos, injetando fundos nos mercados por via de obras. Toda a gente esperava que BCE fosse o sustentáculo dessa política e fizesse o mesmo que a Reserva Federal Americana, emitindo moeda. Só estúpidos como a Merkel, o Medina e outros é que podiam imaginar uma política keynesiana sem moeda. Foi isso que a Merkel, burra que nem uma porta, quis que acontecesse, ou seja, crescimento à custa dos velhotes que, no entender da direita europeia, podem receber menos porque já pagaram as suas casas, carros, etc. e até estão com os pés para a cova.

Em Portugal só 150.000 reformados recebem mais de 1.250 euros mensais. Por isso, os roubos aos velhotes e aos funcionários não deram para nada e a dívida aumentou em 31%, ou seja cerca de 50 mil milhões euros. Como os velhotes, os funcionários, os desempregados e 95% dos trabalhadores têm cada vez menos dinheiro, não é por essa via que Portugal sai do logro em que a Merkel nos meteu. Também não foi pela venda de monopólios estratégicos que se resolveu algo nem por qualquer outra via porque não há dinheiro para investir; só para pequenas despesas. Nenhuma saída da dívida é possível sem a intervenção direta do BCE no serviço da dívida com emissões de moeda, agora muito facilitada pela deflação eminente na zona euro. Se isso não for feito a crise eternizar-se-á e chegará o momento em que alguém dará um murro na mesa e fará uma revolta com o não pagamento da dívida.

Esta crise é uma guerra que, tal como a das colónias, pode durar muitos anos, 10, 13 ou 15 até se chegar a um fim doloroso porque é impossível viver permanentemente em guerra que, neste caso, é viver sem emissão de moeda ou numa indigência total.

Portugal acabará então por sair de toda a porcaria em que está metido como EURO, FMI, EU, NATO, etc., libertando-se disso tudo como se libertou das colónias.

 

 


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publicado por DD às 23:32
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Domingo, 4 de Maio de 2014
Dieter Dellinger: ECONOMIA "LOW COST"

Um dos fenómenos económicos mais curiosos da economia atual é o excesso de liquidez financeira associado à austeridade e causador da deflação ou desinflação e que está a provocar uma queda generalizada dos juros de dívida pública e uma maior procura da mesma. As empresas não vendem e, como tal, não precisam de créditos, pelo que os mercados financeiros procuram desesperadamente alguns juros qualquer que seja o risco de aplicação. A falta de moeda resultante da não emissão por parte do BCE está a provocar liquidez via austeridade. A pouca moeda disponível não é gasta nem investida, a sua velocidade de circulação diminuiu e, como tal, permanece mais tempo nos bancos.

 

Em Portugal, os preços descem porque as pessoas viram os seus rendimentos sofrerem quebras e esperam que isso aconteça ainda mais, pelo que compram menos. Só aumentam os impostos e os preços dos monopólios como a eletricidade, gás e água e, mesmo assim, a tendência é para poupar. Segundo o Expresso Economia de hoje, um vasto conjunto de bens transacionáveis sofreram uma quebra acentuada, verificando-se a maior queda de preços nas viagens de avião. Outros bens indispensáveis mas ligados a impostos e taxas aumentam de preço, mesmo com a procura baixar.

Os transportes públicos podem ter metade dos passageiros, mas o preço sobe na mesma.

 

Estamos pois a caminho de uma economia “low cost” generalizada e “high cost” de luxo para um setor ínfimo da população. No fundo corresponde à “lei da redução tendencial das margens de lucro” enunciado por Karl Marx na sua famosa obra “O Capital”. Como há quase 150 anos atrás, hoje também a pobreza não é mercado. A zona euro continua a ser dirigida pela Alemanha que não permite uma solução para o endividamento que não seja o chicote fiscal e a inerente austeridade, negando que se caminhe para uma deflação duradoura. Os economistas alemães e bens que outros não percebem que os mercados europeus estão relativamente saturados não só de bens pouco necessários como material fotográfico, informático, eletrodomésticos, mobiliário, etc., como também de infraestruturas e só esta realidade é desinflacionária ou até deflacionário. Se juntarmos a queda de rendimentos é o desastre. Dois terços da zona euro sustentam com os juros altos os chamados mercados financeiros que depois não vão ter quem queira os seus stocks de moeda.

 

O Expresso diz que o BCE não vai tomar medidas agora, só lá mais para o verão quando tiver mais dados. Em deflação também cai a receita do Estado e o valor real da dívida aumenta. A troica sai contente, mesmo com um endividamento em mais 33% do que há três anos e sem crescimento económico. Portugal com os referidos dois terços da zona euro está num poço sem fundo e qualquer dia terão de aplicar o Artigo 144 do Tratado de Lisboa que permite tomar medidas excecionais para proteger a economia de países em dificuldades como uma taxa sobre todos os pagamentos ao exterior, por exemplo. A melhor forma de punir o capitalismo é não comprar, principalmente não se deixar levar pela publicidade e os bens que mais permitem a "vingança" são os automóveis, motos, telemóveis, computadores, material fotográfico, aparelhagem doméstica importada, bens alimentares, roupas e calçado vindos de fora e os produtos nacionais devem ser adquiridos na medida em que sejam estritamente necessários, tal como os combustíveis. Poupar a sua viatura é importante para castigar a Galp e outras gasolineiras, além de aumentar a sua duração. Reduzindo as compras, tonamos tudo mais barato e o grande capital com os seus governos na Europa acabarão por perceber que também a austeridade também lhes vai aos bolsos.



publicado por DD às 23:53
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