O BCE emitiu já cerca de um bilião de euros entregues gratuitamente aos bancos centrais dos países da zona euro para adquirirem dívidas públicas, recebendo só respetivos juros para os devolverem no ano seguinte aos proprietários dos bancos centrais, os respetivos Estados.
Estas emissões levaram já a uma queda brutal dos juros pagos pelos diferentes Estados pelas suas dívidas, ficando dois países relativamente de fora, ou seja, o mais necessitado, a Grécia, e Portugal. No caso português é porque o governador do Banco de Portugal fica com o dinheiro recebido do BCE e não está a comprar dívida portuguesa. Diz que necessita de fazer provisões e pretende provisionar este ano mais de mil milhões de euros, tendo já feito com 480 milhões que deveriam ter sido entregues ao Estado. É o único governador de um banco central europeu a fazê-lo.
Na política monetária os governadores dos bancos centrais dos países e do BCE têm uma certa independência, mas tal como acontece com os magistrados, não é para fazerem política e tudo o que lhes apetece.
O governador do BP está a fazer política anti-PS/PCP/BE tal como o Carlos Alexandre no caso Sócrates faz política anti-PS e no caso BES/GES faz política favorável á direita capitalista pura.
O programa “Quantitative Easing” foi elaborado por Draghi para terminar este ano, mas foi prorrogado para Março de 2017, podendo ir mais além, apesar de não ser do agrado do Schaeuble/Merkel que não perceberam que o que foi feito até agora manteve a inflação em zero e os títulos de tesouro alemães têm juros negativos como os portugueses a curto prazo.
No caso português só os títulos a 10 anos é que pagam juros de 2,05% porque foram colocados no retalho e o governo sabe que só há aforradores se houver juros.
De acordo com as contas do jornal alemão “Die Welt”, no prazo de 14,2 anos estará totalmente liquidada a dívida irlandesa, a maior e de maior duração. A portuguesa tem um prazo de 13,5 anos para desparecer se os governadores do BP estiverem interessados. Se não estiverem e manterem dinheiro líquido em caixa, pode ser que o BCE deixe emitir euros para Portugal.
Schaeuble tinha um medo de que este programa iria lançar a zona euro numa espiral inflacionista, seguindo as normas que veem nos manuais de economia, mas não há inflação e não há crescimento. Os mercados estão saturados e há falta de confiança na medida em que se fala ainda muito de austeridade e o povo não quer nem pode gastar dinheiro. Os mais jovens trabalham a prazo, recibos verdes com valores baixíssimos, etc., os de meia-idade são ameaçados de despedimento e os reformados temem que as suas reformas venham a ser cortadas no futuro. Até agora, toda a política monetária destina-se a aumentar a riqueza de menos de 1% da população europeia.
Mas, é preciso explicar o seguinte. A compra de dívida pelos bancos centrais com dinheiro novo do BCE não significa o desaparecimento da dívida, mas sim a sua permanência nos diferentes bancos centrais a serem substituídas por novas dívidas pelos próprios bancos centrais nas datas de vencimento com os juros sempre a serem devolvidos aos Estados. Contudo, o esquema será viável se os Estados tiverem saldos primários de 0% ou positivos porque se começar tudo de novo podemos sim arriscar muito, o que não é difícil porque quase todos os países já não têm saldos primários (sem serviço de dívida) negativos.
Tudo indica que o prazo das compras do “Quantitative Easing” não vai acabar em Março, mas continuará, não sendo, contudo, necessário que as dívidas sejam assim liquidadas na totalidade. O BCE pode comprar 50% de todas as dívidas a quem quiser vender (fundos gigantescos) ou nos prazos de vencimento, então na totalidade ou em parte.
A redução de todas as dívidas europeias para os 60% previstos nos tratados orçamentais poderá levar muitos menos anos; talvez apenas uns 5 a 6 anos para a Irlanda e Portugal e até ao fim de 2017 ou 2018 para o resto da Zona Euro.
O problema das dívidas resolve-se bem na Europa com políticos e altos funcionários HONESTOS que olhem para os interesses das Pátrias acima dos vis interesses partidários.
Os 10 maiores fundos de investimento capitalistas são americanos e gerem ativos no valor de 21.826 milhares de milhões de dólares ou 21,8 triliões americanos e biliões europeus. Recordemos a este propósito que o Pib do conjunto dos 28 países da União Europeia com mais de 500 milhões de habitantes é de 10.237,71 milhares de milhões ou 10,2 biliões de dólares. Portanto, os 10 maiores fundos capitalistas americanos gerem mais do dobro do PIB da União Europeia, o que dá aproximadamente metade do PIB mundial. O principal fundo é o Blackrock que gere 4.898 milhares de milhões, seguido pelo Vanguard com 3.600 milhares de milhões, o State Street com 2.301 milhares de milhões, etc. Pode dizer-se que a economia alemã é já quase uma Blackroot AG, estando toda controlada por esse fundo, incluindo o setor militar que tende a ser integrado em empresas americanas controladas por aquele fundo. Os Estaleiros onde foram construídos os submarinos portugueses, o Howaldswerfte, está integrado na empresa americana General Dynamics. Os fundos americanos têm a característica de investirem num determinado número de sectores como, por exemplo, a indústria automóvel e de acessórios e partes dos mesmos. Cada fundo gere alguns sectores, não fazendo concorrência entre eles. No seu sector, qualquer destes fundos tem participações em todas as indústrias ou serviços dos seus sectores preferidos, geralmente com um administrador. Tanto podem ter 10% da Mercedes como 45% da Fiat-Chrysler, por exemplo, mais investimentos em fabricantes de material elétrico, pneus, caixas de velocidades, travões, etc. Assim, estes fundos estão dentro de tudo o que se passa no sector principal e anexos e, geralmente, não desejam a concorrência entre fabricantes, só aparente, preferindo que os preços sejam relativamente altos sem exageros. Daqui deixo a minha pergunta: o que valem os Estados hoje em dia e o que vale o Estado português que gere uma pequena parte de um minúsculo PIB de 175 mil milhões de euros igual a pouco mais de um miléssimo da fortuna gerida pelos 10 maiores fundos americanos? Para além dos investimentos empresariais, os fundos gerem as dívidas externas da maior parte dos países do Mundo e os 10 americanos não são únicos porque há algumas dezenas ou centenas de fundos mais pequenos, tanto americanos como europeus, japoneses, chineses, etc. Talvez uns 200 grandes administradores gerem toda a economia mundial. Nunca o Estado foi tão necessário como hoje e nunca as nações dependem tanto do Estado para preservarem a sua independência e o bem-estar dos seus habitantes. Os Estados e as autoridades que regulam a concorrência e as bolsas devem saber ao certo quem são os grandes acionistas de todas as empresas, cotadas ou não e a partir daí assumirem que a propriedade comum de um fundo é pior que a cartelização, sendo já um monopólio, mesmo que na aparência as empresas sejam independentes e até concorrentes.
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