Jornal Socialista, Democrático e Independente dirigido por Dieter Dellinger, Diogo Sotto Maior e outros colaboradores.
Quinta-feira, 29 de Novembro de 2018
A Europa Concubina do Imperador Chinês

A visita do presidente da China Xi Jinping tem como objetivo integrar Portugal no imenso projeto chinês denominado “rota da seda” que abrange linhas de caminhos de ferro desde a China à Europa que já existem até a Alemanha e Antuérpia, prolongando-se em linhas nacionais até Madrid na bitola alargada europeia. Só que de Madrid a Lisboa seria necessário reconstruir a atual linha para a bitola europeia ou criar mesmo uma nova linha que permitisse a chegada de grandes composições ferroviárias de carga e, eventualmente, comboios muito rápidos de passageiros. A China parece estar disposta a ser concessionária da linha do Caia a Lisboa, fazendo as obras necessárias.

A China tem um plano estratégico mundial ao contrário da Europa, amarrada de pés e mãos à austeridade germânica que não permite uma verdadeira União Europeia e reduz qualquer país europeu à condição de simples gestor das suas dívidas sem possibilidades de fazer investimentos. A Europa da austeridade alemã traduz-se em limitar o mais possível a emissão de euros, valorizando desnecessariamente a moeda e bloqueando o progresso de um conjunto de países que ainda soma pouco mais de 500 milhões de habitantes e mais 25% do PIB mundial.

A Europa parou ao ser governada na prática por uma espécie de dona de casa sem formação jurídica, económica ou estratégica, a senhora Merkel, que quer ser substituída por outra dona de casa, a atual ministra da Defesa, que reduziu o poder militar alemão a zero, deixando as portas abertas da Europa a quem quiser entrar ou levando à fascização de muitos países devido ao descontentamento provocado pela austeridade sem fim. Merkel e a sua putativa sucessora mais não querem ser que “concubinas” do Imperador Chinês, o presidente vitalício Xi Jinping, filho do principal conselheiro económico de Deng Xiau Ping.

O plano chinês abrange uma rede euro-asiática de caminhos de ferro que se pode vir a estender ao continente africano e uma rede elétrica mundial controlada pela China, além de vias de navegação substitutas e para as Américas.

A fase mais adiantada é a dos caminhos de ferro designada de Nova Rota da Seda ou no acrónimo inglês BRI (Belt and Road Initiative) que abrange já 65 países com 62% da população mundial, 31% do PIB e 40% da superfície. Só falta Portugal para completar a ligação do Pacífico Norte ao Atlântico.

A China dita comunista dá uma absoluta garantia de perenidade ao capitalismo mundial, oferecendo um inesgotável proletariado, enquanto este não se revoltar e é isso que seduz uma Alemanha e Europa das direitas. Mas, até quando?

A Rússia Imperial Czarista também construiu uma fantástica linha de caminho de ferro, o Transiberiano e, mesmo assim, foi palco da maior revolução política do Século XX com a substituição total das suas anteriores elites.

O Esquema de linhas férreas do BRI abrange a linha norte que já funciona e leva automóveis Volvo até Antuérpia que os europeus compram a julgar que são suecos. Toda a fábrica Volvo foi vendida aos chineses e era o maior ativo industrial da Suécia.

A principal linha parte de Xangai e Beijing em direção à Mongólia e à Rússia onde entra por Irkutsk na Sibéria. Aí cruza-se com uma linha mais a norte que vai da Danong (a antiga cidade chinesa conquistada pelos russos denominada Porto Artur e perdida para os japoneses na guerra de 1904/5) para passar pela antiga capital da Manchúria, Harbin, e entrar na Rússia, e chegar ao Transiberiano para se encontrar com a linha de Xangai em Irkutsk. Depois segue pela Rússia para Novosibirsk, Ecatarienburg, Kazan, Moscovo e Minsk na Bielorrússia, Varsóvia, Berlim, Hamburgo, Antuérpia com uma ramificação para Paris e daí a Madrid e outra para Dunquerque e Londres.

A linha sul sai também de Xangai e outras cidades portuárias chinesas para atravessar o Tibete e entrar no Uzbequistão onde ramifica para norte a fim de contornar o Mar Cáspio pelo Norte com outra linha para baixo, passando a sul desse mar pelo Turquemenistão, Irão, Turquia, atravessando o Bósforo e entrando na Bulgária e Grécia até à Sérvia com entrada para sul da Alemanha em Nuremberga e chegada a Berlim.

Apesar da China não descurar as rotas marítimas e ter adquirido muitos portos, as linhas terrestres que repetem um pouco os antigos caminhos das caravanas da seda, o facto é que o transporte terrestre vai tirar aos EUA qualquer poder de bloqueio marítimo. O mundo passará a ser “chinês” pela via férrea que será acompanhada por gasodutos, oleodutos para o transportar de gás e petróleo russo, iraniano, arménio, etc. para a China e por um sistema de linhas transportadoras de eletricidade a grandes distâncias na base da tecnologia de ultra-alta tensão que os chineses dizem possuir e que implica numa linha de dois mil quilómetros perdas de apenas 7%, quando as atuais na Europa e EUA perdem isso em cada duzentos a trezentos quilómetros.

Já existe em Portugal da Associação dos Amigos da Nova Rota da Seda dirigida por Fernando Ilhéu como existem em todos os 65 países envolvidos.

 

 

 

 

 

 



publicado por DD às 21:58
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