A visita do presidente da China Xi Jinping tem como objetivo integrar Portugal no imenso projeto chinês denominado “rota da seda” que abrange linhas de caminhos de ferro desde a China à Europa que já existem até a Alemanha e Antuérpia, prolongando-se em linhas nacionais até Madrid na bitola alargada europeia. Só que de Madrid a Lisboa seria necessário reconstruir a atual linha para a bitola europeia ou criar mesmo uma nova linha que permitisse a chegada de grandes composições ferroviárias de carga e, eventualmente, comboios muito rápidos de passageiros. A China parece estar disposta a ser concessionária da linha do Caia a Lisboa, fazendo as obras necessárias.
A China tem um plano estratégico mundial ao contrário da Europa, amarrada de pés e mãos à austeridade germânica que não permite uma verdadeira União Europeia e reduz qualquer país europeu à condição de simples gestor das suas dívidas sem possibilidades de fazer investimentos. A Europa da austeridade alemã traduz-se em limitar o mais possível a emissão de euros, valorizando desnecessariamente a moeda e bloqueando o progresso de um conjunto de países que ainda soma pouco mais de 500 milhões de habitantes e mais 25% do PIB mundial.
A Europa parou ao ser governada na prática por uma espécie de dona de casa sem formação jurídica, económica ou estratégica, a senhora Merkel, que quer ser substituída por outra dona de casa, a atual ministra da Defesa, que reduziu o poder militar alemão a zero, deixando as portas abertas da Europa a quem quiser entrar ou levando à fascização de muitos países devido ao descontentamento provocado pela austeridade sem fim. Merkel e a sua putativa sucessora mais não querem ser que “concubinas” do Imperador Chinês, o presidente vitalício Xi Jinping, filho do principal conselheiro económico de Deng Xiau Ping.
O plano chinês abrange uma rede euro-asiática de caminhos de ferro que se pode vir a estender ao continente africano e uma rede elétrica mundial controlada pela China, além de vias de navegação substitutas e para as Américas.
A fase mais adiantada é a dos caminhos de ferro designada de Nova Rota da Seda ou no acrónimo inglês BRI (Belt and Road Initiative) que abrange já 65 países com 62% da população mundial, 31% do PIB e 40% da superfície. Só falta Portugal para completar a ligação do Pacífico Norte ao Atlântico.
A China dita comunista dá uma absoluta garantia de perenidade ao capitalismo mundial, oferecendo um inesgotável proletariado, enquanto este não se revoltar e é isso que seduz uma Alemanha e Europa das direitas. Mas, até quando?
A Rússia Imperial Czarista também construiu uma fantástica linha de caminho de ferro, o Transiberiano e, mesmo assim, foi palco da maior revolução política do Século XX com a substituição total das suas anteriores elites.
O Esquema de linhas férreas do BRI abrange a linha norte que já funciona e leva automóveis Volvo até Antuérpia que os europeus compram a julgar que são suecos. Toda a fábrica Volvo foi vendida aos chineses e era o maior ativo industrial da Suécia.
A principal linha parte de Xangai e Beijing em direção à Mongólia e à Rússia onde entra por Irkutsk na Sibéria. Aí cruza-se com uma linha mais a norte que vai da Danong (a antiga cidade chinesa conquistada pelos russos denominada Porto Artur e perdida para os japoneses na guerra de 1904/5) para passar pela antiga capital da Manchúria, Harbin, e entrar na Rússia, e chegar ao Transiberiano para se encontrar com a linha de Xangai em Irkutsk. Depois segue pela Rússia para Novosibirsk, Ecatarienburg, Kazan, Moscovo e Minsk na Bielorrússia, Varsóvia, Berlim, Hamburgo, Antuérpia com uma ramificação para Paris e daí a Madrid e outra para Dunquerque e Londres.
A linha sul sai também de Xangai e outras cidades portuárias chinesas para atravessar o Tibete e entrar no Uzbequistão onde ramifica para norte a fim de contornar o Mar Cáspio pelo Norte com outra linha para baixo, passando a sul desse mar pelo Turquemenistão, Irão, Turquia, atravessando o Bósforo e entrando na Bulgária e Grécia até à Sérvia com entrada para sul da Alemanha em Nuremberga e chegada a Berlim.
Apesar da China não descurar as rotas marítimas e ter adquirido muitos portos, as linhas terrestres que repetem um pouco os antigos caminhos das caravanas da seda, o facto é que o transporte terrestre vai tirar aos EUA qualquer poder de bloqueio marítimo. O mundo passará a ser “chinês” pela via férrea que será acompanhada por gasodutos, oleodutos para o transportar de gás e petróleo russo, iraniano, arménio, etc. para a China e por um sistema de linhas transportadoras de eletricidade a grandes distâncias na base da tecnologia de ultra-alta tensão que os chineses dizem possuir e que implica numa linha de dois mil quilómetros perdas de apenas 7%, quando as atuais na Europa e EUA perdem isso em cada duzentos a trezentos quilómetros.
Já existe em Portugal da Associação dos Amigos da Nova Rota da Seda dirigida por Fernando Ilhéu como existem em todos os 65 países envolvidos.
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