Hoje é o dia dos mortos na estrada.
Segundo a TSF, morreram na estrada nos primeiros nove meses do ano seiscentas e tal pessoas, portanto menos duzentas e tal que no ano passado.
Analisando a estatísticas da DGV, verificamos que estão incluídos os três meses com a maior sinistralidade na estrada em Portugal, ou seja, Julho, Agosto e Setembro.
Projectando as médias mensais para o ano inteiro verificamos que deverão morrer cerca de 860 pessoas na Estrada, o que é muito e dramático.
Mas as coisas têm de ser vistas na plena amplitude para não sermos estúpidos de todo.
Primeiro: Comparação Internacional com os números de 2005. Em Portugal devem morrer 0,086 pessoas por mil habitantes, o que poderá ser um segundo número mais baixo da Europa. No ano passado, morreram no Reino Unido 0,06 pessoas e na Alemanha 0,09. Todos os outros países estiveram muito acima.
Segundo: Comparando com o passado.
Nos tempos de Salazar e Marcelo Caetano, como sabemos, não se morria na estrada, pelo que não havia estatísticas. Foi só a partir de 1975 é que se começou a morrer em Portugal, antes era o paraíso??????
Registamos pois:
1975: 2.676 mortos com menos de um quinto do actual parque automóvel.
1976: 2.594 mortos
1977: 2.153 mortos
1980: 2.262 mortos
1988: 2.534 mortos
1990: 2.321 mortos
1992: 2.372 mortos
1995: 2.085 mortos
1997: 1.939 mortos
2000: 1.629 mortos
2001: 1.466 mortos
2002: 1.469 mortos
2006: 860 mortos (estimativa muito provável)
Ao mesmo tempo que o parque automóvel passou de um milhão e cem mil unidades em 1975 para 5 milhões e setecentas mil este ano, a sinistralidade mortal foi reduzida de 2.676 vítimas mortais para 860, colocando Portugal num lugar cimeiro na Europa em termos de redução e pouca sinistralidade.
Claro, não é, por acaso, que Portugal tem a maior rede de auto-estradas da Europa, relativamente á superfície, ou seja, mais de 22 km por mil km2. Apenas a Holanda se aproxima com 20 km e a Irlanda apenas tem 100 km de AE ou 3 km por cada mil km2 de área territorial.
É evidente que a queda este ano tem a ver com o preço da gasolina e, infelizmente, nem as gasolineiras nem a Brisa dão estatísticas de consumo e utilização deste ano em comparação com os anos anteriores, mas a estatística mostra uma quebra constante desde 1975 e que se começou a acentuar mais desde 1988. Apenas em 1997 descemos abaixo dos dois mil mortos e a partir daí nunca mais chegámos a essa cifra, estando em 2002 nos 1.469 mortos, o que revela que foi a melhoria muito acentuada na qualidade das estradas que permitiu reduzir o número de mortos enquanto o parque automóvel crescia para os valores proporcionais mais elevados da Europa. Claro, às rápidas intervenções do INEM se deve a salvação de muitas vidas.
Nestes números estão incluídos os mortos por atropelamento que atingiram principalmente pessoas com mais de 75 anos, enquanto que os condutores vitimados eram maioritariamente dos extractos etários entre os 20 e os 30 anos. Mas, atenção aos peões, 20% dos mortos na estrada andavam a pé.
Quase um terço dos acidentes foram provocados por velocidade excessiva, seguido pela viragem à esquerda, mas o maior número de acidentes dá-se à marcha normal, o que significa distracção, sonolência ou não cumprimento de regras de trânsito.
Na estrada, morre-se mais à sexta-feira, sábado e domingo. E mais entre as 15-18H, seguido do período entre as 12-15H e depois entre as 18-21H.
Morre-se muito mais com tempo bom que com chuva ou nevoeiro, dizem as estatísticas.
A quebra no número de mortos na estrada poderá levaras estatísticas portuguesas a revelarem uma mortalidade global inferior a cem mil pessoas; portanto, poderão morrer este ano, pela primeira vez na História portuguesa, menos de 1% da população, o que será um dos valores mais baixos do Mundo.
Enfim, os jornalistas vão falar hoje nos mortos na estrada, sem cuidar de fazer uma análise isenta do problema e vão continuar a propalar aquilo que já foi verdade e hoje é mentira, que Portugal tem o maior índice de sinistralidade rodoviária entre os países da Europa.
Portugal para os jornalistas tem sempre de ser o pior país do Mundo.
Para mim, Portugal é o que é e em cada situação tem estatísticas próprias que o tornam acima de muitos e abaixo de outros, mas não há uma nação chamada Portugal que seja pior do que qualquer outra no Mundo, seja em que estatística for.
Infelizmente, temos TRAIDORES à Pátria como o Marques Mendes que no estrangeiro anda a fazer uma campanha contra Portugal. Ele devia ficar pelos paraísos onde anda e, se isto é tão mau, que não regresse. A Pátria não necessita de TRAIDORES.
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