Todos os grandes avanços civilizacionais trazem problemas consigo. O ser humano é em todas as circunstâncias problemático.
A escola massificada para todos é um grande avanço e a escolaridade até ao nono ano deveria ter sido conseguida em Portugal há quase um Século e, assim, estaríamos como os países nórdicos, etc.
O professorado português sempre teve horror aos trabalhos práticos e manuais, pelo que as vias profissionalizantes que as escolas devem organizar para os alunos com mais dificuldades teóricas têm funcionado mal.
É verdade que a escola do papel e lápis conduz a algumas dificuldades com certos alunos como conduziria se tivéssemos uma escola apenas prática para todos. A Ministra tem razão quando diz que a escola tem de se adequar às circunstâncias e os professores devem, acima de tudo, conhecer as suas turmas e saber que não há duas iguais, dado que em cada turma há sempre uma certa liderança de alguns para o bem ou para o mal. Mas, as sociedades humanas são assim e nenhum professor pode pensar em mudar a condição humana, até porque na sua juventude foi ele também como os actuais jovens.
Muitos professores têm uma grande dificuldade em reconhecer certos valores nos seus alunos; recordo que há alunos que dizem aos professores terem aprendido isto ou aquilo na Wikipedia e os professores rejeitam com desprezo esse conhecimento que é o do futuro. Muitas turmas têm os seus blogues colectivos e há alunos com blogues individuais e, claro, os professores não se preocupam em encorajar a interactividade e a criatividade que leva a colocar textos, fotos ou filmes nos blogues.
Há uma crise sim; mas não dos jovens alunos, mas antes do professorado que sabe porque não quer ser avaliado e a muitos falta-lhes conhecimentos de pedagogia, informática e visão de futuro.
Os professores actuais são maioritariamente o produto do facilitismo, ou seja, das passagens administrativas, dos cursos do Magistério Primário (Institutos Superiores de Educação) transformados rapidamente em licenciaturas e dos cursinhos do Instituto Piaget que davam umas coisinhas para ensinar também e apenas umas coisinhas. Sim, vivemos nos últimos 34 anos a confundir democracia com facilitismo, mas a Humanidade seguiu toda essa via, o problema é quase geral no Mundo. Qualquer dia grande parte dos alunos terá o 12º ano e depois até a licenciatura de Bolonha, o que é muito positivo, mas implica que estudos posteriores para aquisição de conhecimentos a níveis elevados.
A massificação é fundamentalmente positiva e os casos de indisciplina não devem ser tão generalizados como está a ser.
Hoje, o Correio da Manha diz que a professora da Patrícia até autorizou nessa aula livre os telemóveis para SMS e ouvir música, mas ficou furiosa com o atendimento de uma chamada da mãe da menina.
A massificação da escola é como os automóveis, todos podem ter, mas não os caríssimos Mercedes e os BMW. A escola massificada é o Corsa, Polo ou Clio.
A escola massificada não é a antiga escola de elites, mas não deixa de ser o solo de onde nascem elites melhores porque escolhidas entre a totalidade da população e em concorrência uns com os outros nos estudos e trabalhos posteriores.
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