O Primeiro-Ministro Berthie Ahern da Irlanda demitiu-se subitamente ao fim de onze anos de chefia do Governo e mais outros tantos anteriores como ministro das Finanças.
Ao longo deste longo período Ahern foi considerado como o melhor líder político da Europa; aquele que mais terá feito crescer a economia do seu país, o qual se tornou um exemplo a seguir por todos.
Contudo, Berthie Ahern não consegue explicar as razões porque lhe foram entregues importantes quantias em dinheiro e teve que declarar em tribunal que recebeu de vários empresários um presente de milhares libras para adquirir uma casa na sequência do seu divórcio da primeira esposa. Posteriormente, ao mesmo tempo que declarava que nunca tinha tido uma conta bancária, são referidas importantes entregas de dinheiro a pessoal do seu gabinete que não se sabe se eram para o seu partido, o Fianna Fail, ou para ele mesmo.
Na Irlanda há um departamento estatal de planeamento que concede licenças e subsídios a empresas diversas, principalmente estrangeiras, e é dito que muitos benefícios foram concedidos a troco de comissões e estão a ser investigadas pelos tribunais. A situação resultou da divulgação de contas bancárias e contabilidade de empresas que entregaram dinheiro ao PM da Irlanda.
A falta de explicações convincentes referente a casos concretos e a afirmação continuada de que não recebia dinheiro, excepto um “pequeno” presente de empresários amigos, levou à demissão do maior “dinossauro” da política europeia, mostrando que não há políticos ideais e perfeitos.
Em Portugal houve sempre a tendência para endeusar aquele país devido ao crescimento do seu PIB por via do impulso dado pelas multinacionais que se instalaram na Irlanda. A maior parte era do sector informático que careciam de pessoal de língua inglesa e no vizinho Reino Unido pagavam salários muito superiores. Claro, num pequeno país com 3,8 milhões de habitantes e 72 mil km2 não é preciso muito para empurrar o PIB para cima, até porque a Irlanda investiu muito na escola massificada para todos, nos cursos técnicos secundários e superiores, não fazendo muito mais que tem feito Portugal, mas não foi capaz de construir uma verdadeira economia nacional, seja industrial, agrícola ou de serviços, apesar de ter algumas coisas como têm todos os países.
Acontece que a Irlanda tem apenas 100 km de auto-estradas e as famílias irlandeses vivem em menos de metade das habitações que têm as portuguesas, além de terem menos carros, etc. E porquê?
Pela simples razão que as famílias de um país vivem do RNB (Rendimento Nacional Bruto), anteriormente denominado PNB (Produto Nacional Bruto) que é o valor do PIB menos as receitas das empresas estrangeiras residentes enviadas para o exterior mais as receitas das empresas nacionais localizadas no exterior e trazidas para o país de origem. O respectivo saldo chegou a ser de -33% na Irlanda, há uns tempos atrás quando li isso, quando em Portugal foi de -7% em 2005. 25% do PIB irlandês a menos representa um valor muito substancial e significa que a Irlanda tem, efectivamente, muitas multinacionais no seu território e poucos investimentos nacionais no exterior.
Pena é que um economista tão elucidado como Aníbal Cavaco Silva nunca tenha visto isso que foi publicado num artigo em português nos “Cadernos de Economia”, a revista oficial da Ordem dos Economistas, precisamente por um grande economista e professor universitário irlandês. E também outros brilhantes economistas da nossa praça não leram esse artigo que data de alguns anos atrás.
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