A Dra. Manuela Ferreira Leite é, sem dúvida, um nome forte com possibilidade de ganhar as directas no PSD, dada a fraqueza dos que já se apresentaram como candidatos.
Todavia, MFL tem pontos fracos; uns pelas suas convicções políticas e outro devido à idade. Ela é quase vinte anos mais velha que Sócrates, não tem mais experiência governativa que o nosso actual PM e, se ganhasse as eleições de Outubro de 2009 governaria até aos 73 anos de idade. É muito para ter a pedalada do Eng. Sócrates. MFL não teria a energia para fazer as reformas que Sócrates fez como a de acabar com quase 25% das Direcções-Gerais, Institutos, etc. Foram só 1.468 altos quadros dirigentes que desapareceram das folhas salariais e das regalias como gabinete, carro, condutor, etc. O Estado emagreceu em quase 100 mil trabalhadores, enquanto o número de aposentados aumentou no mesmo número para mais de 400 mil pessoas. Os funcionários não se deitam para o lixo como garrafas vazias.
No aspecto político, MFL tem revelado ideias anti-estatistas radicais. No último Congresso do PSD defendeu a privatização total da educação e da saúde em Portugal, mas não disse quem iria comprar todas as escolas, institutos politécnicos e universidades, centros de saúde, hospitais, etc. Ou seriam “doados” e a quem e com que direito iria MFL doar aquilo que pertence aos contribuintes.
Claro, a Segurança Social pode ser entregue aos seus proprietários, os trabalhadores, criando-se com isso um segundo Estado dirigido por pessoal eleito pelos trabalhadores, pois ninguém vê como poderiam os trabalhadores governar o sistema sem ser pela via eleitoral.
Em dois recentes pequenos artigos que publicou no Expresso insurgiu-se contra a descida do IVA e mostrou-se totalmente contra as grandes obras públicas, afirmando que “a intervenção pública se deve limitar a criar condições para que outros o fizessem”, neste caso referindo-se ao crescimento do PIB que não deveria passar pelas obras públicas, mas sim pelas empresas privadas.
MFL não sabe que os dinheiros que enviamos anualmente para Bruxelas são um “pé-de-meia” para investimentos no âmbito do QREN no âmbito de três sectores estratégicos: Educação (Centros Escolares), Investimentos Públicos para Melhorar o Território e Apoio a Empresas dentro de condições muito especiais.. Para além disso, em qualquer grande obra, o Estado cobra quase 50% em impostos como imposto sobre combustíveis, viaturas e máquinas, IRS, descontos para a Segurança Social, IVA, IRC, etc.
De acordo com a legislação comunitária, nenhum Estado pode desvirtuar a livre concorrência ao financiar empresas privadas para colocar os seus produtos nos mercados externos a preços de “dumping”, ou seja, falsamente baratos. Para Portugal há algumas pequenas excepções como alguns apoios em termos de formação de pessoal trabalhador que tem sido utilizado como uma forma um pouco encapotada de financiar empresas exportadoras e há uns programas para apoio ao investimento de empresas situadas em zonas desfavorecidas do interior, mas tudo muito controlado. Também há apoios para a investigação científica e tecnológica, o que não tem faltado a muitas parcerias entre universidades e empresários oriundos dessas mesmas universidades. Isso tem dado alguns frutos, mas não se decreta, pois as boas ideias não surgem em catadupa do nada.
Portugal resolveu o problema do défice, mas em equilíbrio instável devido à situação económica mundial com o petróleo a chegar aos 140 dólares no mercado dos futuros. Portugal cumpriu a meta do défice antes do prazo a que se tinha comprometido com a EU tal como ultrapassou no campo das energias renováveis a meta imposta por Bruxelas para 2010 que era produzir 39% da electricidade consumida sem recurso a combustíveis fósseis ou nucleares. No ano passado, 2007, Portugal chegou aos 42%, o que foi um recorde europeu e com isso começou a desenvolver-se uma indústria de equipamentos eléctricos, pás de turbinas, pilares, etc. Isto é desenvolvimento sustentado, dirigido em grande parte pela energia de um Governo de pessoas muito mais jovens que MFL e já com efeitos importantes na exportação.
Enfim, não se vê na Dra. Manuela Ferreira Leite qualquer solução para o País e muitas das suas ideias são as do PSD na generalidade qualquer que seja o candidato ou líder a ser eleito.
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