Foi um presidente muito nervoso que falou ao País sobre as alterações ao Estatuto dos Açores.
Transmitiu ideias que não são correctas sobre o equilíbrio dos poderes entre assembleias e PR no que respeita ao verdadeiro poder de dissolver uma assembleia regional. Só que o novo estatuto obrigava o PR a ouvir a própria assembleia, naturalmente em votação no plenário com discussão pública.
As alterações ao Estatuto dos Açores foram aprovadas por unanimidade na Assembleia dos Açores e na Assembleia da República e isso deixou Cavaco muito incomodado, porque uma maioria de dois terços na AR já tem poderes constitucionais.
Para Cavaco, a questão colocada quanto aos Açores transportada para um novo Estatuto Constitucional da AR retirava ao PR o poder de dissolver repentinamente a Assembleia sem que tenha havido previamente uma decisão democrática da própria assembleia que não o obrigaria a não dissolver a AR se o quisesse fazer, mas iria colocá-lo numa posição extremamente incómoda perante a opinião pública.
Cavaco teme pois que surja um estatuto semelhante para a AR. Ele pensa que o PS pode ganhar as próximas eleições sem maioria absoluta e ser obrigado a formar um governo minoritário que faria o país cair no pântano do jogo político de todos contra todos. Numa situação dessas, Cavaco poderia dissolver a AR e convocar novas eleições no sentido de permitir a vitória do PSD. Mas, se tivesse de ouvir previamente a AR, poderia acontecer que houvesse uma maioria PS, PCP, BE ou outra qualquer contra a decisão de dissolver. Mesmo assim, Cavaco dissolvia a AR, mas não deixaria de prejudicar o partido que esperaria sair vencedor das novas eleições, o PSD, acusado de promover em conluio secreto com Cavaco a dissolução da AR. Sabe-se que o povo português não gosta muito de eleições repetidas e é contra a instabilidade política, castigando os que a provocam.
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