O Correio da Manhã escreveu que no inquérito dos procuradores e juiz de instrução de Aveiro foi descoberta a entrega de cheques no valor de 72 mil euros a Santana Lopes para apoiar a sua candidatura à CML por parte do empresário da sucata, Sr. Godinho.
Verbas deste nível destinam-se geralmente a corromper políticos, ou seja, obter favores de elevadíssimo valor. Sucede que o homem trabalha com sucatas e, por aquilo que vem dito de Aveiro, como sendo dinheiro entregue a administradores, encarregados, directores, políticos, incluindo oferta automóveis de alta gama, estaríamos já na ordem de um valor muito superior a meio milhão de euros.
Mas alguém é tão estúpido para acreditar que o negócio da sucata envolve verbas que permitam ofertas desse valor? Será que o procurador ou juiz de Aveiro julga que ninguém sabe o que é sucata?
A sucata limpa de um só material como alumínio, ferro e cobre vale entre 5 a 7 cêntimos por kg, mas só a vendem empresas que desmontaram equipamentos ou descarnaram fios ou cabos eléctricos ou então fábricas metalúrgicas que vendem os restos dos cortes de peças para varandas, janelas, etc.
A CML recolhe resíduos sólidos que não têm valor como frigoríficos, fogões, máquinas de lavar, mobílias velhas, etc. e os enterra como fez no Vale do Forno ou entrega a sucateiros que pouco fazem com isso pois a indústria portuguesa de sucata está limitada aos automóveis e à transacção da tal sucata limpa. Mesmo um automóvel dá muito trabalho a transformar em sucata, pois a Siderurgia Nacional comprava, não sei se ainda compra, carroçarias comprimidas em pacotes de automóveis e para os fazer tem de se tirar o motor, os diferenciais, as suspensões, as partes de plástico, o interior, etc.
Não vejo pois que a sucata vendida pela PT, REN, CP, etc. tenha assim tanto valor para se pagarem luvas de montantes tão elevados. Até porque o material circulante do Metro ou da CP, os cabos de alta tensão, os transformadores, etc. duram muito tempo, pelo que não originam toneladas de sucata por ano e essas empresas só têm sucata pura resultante de pequenas reparações feitas nas suas oficinas, montagens, etc., o que é ainda menos. Nem sequer a sucata roubada pela empresa O2 de Manuel Godinho, ou seja, os carris da linha do Tua. Carris datados de 1882 e resultam de uma das poucas linhas férreas desactivadas desde aquela data.
A minha interpretação é que há ali uma conspiração de elementos do PSD para derrubarem o Sócrates e derrotarem o PS e que estão também contra o Santana Lopes para evitar que também ele se candidate a presidente do PSD. Recordemos que foi Santana Lopes que recolheu assinaturas para se fazer em breve um congresso partidário. Certamente que o fez para ser mais um candidato. Bom ou mau, mas isso não é da conta do juiz de Aveiro.
Claro, também pode ser tudo invenção de jornalistas com os mesmos fins. Mas, nesse caso, o tribunal de Aveiro tem a obrigação moral para consigo e para com os visados de fazer uma declaração formal a dizer o que é verdade e não é. Não pode ser imputado um certo comportamento a uma dada instância judicial sem que esta venha a público repor a sua verdade e defender a sua honra, porque isto tudo põe em causa a honorabilidade dos procuradores e juízes de Aveiro. Se continuarem sem dar explicações, os portugueses têm o direito a admitir que há manobras de bastidores e estratégias capciosas com fins politiqueiros no Tribunal de Aveiro.
Repare-se nesta diferença de atitudes da justiça portuguesa. A licenciada Cândida de Almeida diz que na operação Furacão foram detectadas cerca de 500 empresas que fugiram ao fisco com facturas falsas, transacções com offshores, etc. e vão dar origem a 13 processos. Mas, até agora não se conhece um só nome de um dessas 500 empresas e dos seus empresários. O segredo de justiça foi aqui rigorosamente observado.
Porquê?
A meu ver, pela simples razão de que nenhum dos empresários é ministro ou foi ministro ou secretário de Estado de qualquer governo e nem sequer deputado.
Onde não há políticos, o segredo é bem guardado, apesar de nessas 500 empresas deve estar muita gente conhecida e, provavelmente, bancos, construtoras, supermercados, etc., só que não são políticos.
Há uma guerra de elementos da Justiça contra a política democrática, apesar desta lhes ter proporcionado ordenados muitas vezes acima do que ganham os portugueses médios, incluindo os licenciados.
O juiz e procurador está distorcido pela ideia que é membro de um órgão de soberania e não admite concorrência. Quer ser o senhor inimputável nas suas decisões e nas suas falcatruas com a fuga ao segredo de justiça e quer ser o ditador no País.
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