Dizem os jornais que Cavaco anda a telefonar ao FMI com a anuência de Passos que se considera já o Primeiro Ministro. Ambos estão aflitos com a ideia de no governo terem de chamar o FMI, o que significa aprovar um PEC mais gravoso que o rejeitado na AR.
O PSD se for governo vai cair na profunda contradição de ter rejeitado um PEC suave e suscetível de algumas emendas para dotar o País de algo muito pior.
Mas, Cavaco anda a telefonar sem dizer nada a ninguém e sem negociar com o governo e oposição quais as medidas que exigem e quais as propostas que fará.
No fundo, Cavaco está na posição de Sócrates quando do PEC rejeitado. Primeiro é preciso negociar lá fora e e elaborar linhas de orientação capazes de serem aceites por quem irá emprestar dinheiro a juro mais baixo e depois apresentá-las ao País.
Mas, a maior hipocrisia é do PSD que rejeitou um PEC e agora quer que o governo demissionário negoceie qualquer coisa que não pode deixar de ser pior.
Curiosamente, os comentadores das televisões e o líder da bancada do PSD falam no FMI, mas nunca num vasto plano de austeridade inerente e que levará Portugal a um longo período de recessão. Basta para o efeito ver o PEC imposto à Grécia para ajuizar o que pode vir para Portugal e, ainda por cima, a Grécia não se viu livre de juros bem mais altos que os praticados pelos mercados a Portugal.
Eis pois as linhas gerais do que foi imposto à Grécia:
Sector Público
Sector Privado
· Alargar os limites pelos quais os empregadores podem despedir funcionários:
· Redução das indemnizações por despedimento, que também poderão ser pagas bimensalmente;
· Pessoas jovens, com menos de 21 anos podem ser contratadas durante um ano recebendo 80% do salário mínimo (592€). O pagamento da segurança social também será apenas de 80% e findo o ano de contrato têm direito a ingressar nos centros de emprego;
· Pessoas com idades entre os 15 e os 18 anos podem ser contratadas por 70% do salário mínimo, o que dá 518€;
· Os empregados considerados redundantes não podem contestar o despedimento a menos que o empregador concorde;
· Empregados pela primeira vez, com menos de 25 anos, podem ser pagos abaixo do salário mínimo;
· Pessoas que auto empregadas com OAEE (sistema de seguro para empresários em nome individual), que por qualquer motivo não tenham trabalho, são cobertos pelo seguro durante até dois anos desde que:
· Liberalização das profissões ou sectores fechados (são aquelas profissões ou sectores que necessitam de autorizações do estado ou que estão altamente reguladas, tais como notários, farmácias, cirurgiões, etc.). Esta medida não foi implementada dado que há processos a decorrer no Tribunal Europeu;
· Cancelar o segundo pagamento de pagamentos de solidariedade (NT: não sei muito bem a que se referem estes pagamentos.);
· Aumentar as contribuições para a segurança social em 3%, tanto para empregados como empregadores.
Pensões/Reformas
Notar que a reforma do sistema de pensões já tinha sido discutida muito antes da entrada do FMI, mas nunca tinha sido implementada. A Grécia tem uma percentagem desproporcionada de população idosa, cerca de 2.6 milhões e uma população activa na ordem dos 4.4 milhões, isto para uma população total de 11.2 milhões. Isto obriga o estado a contrair empréstimos para puder efectuar os pagamentos mensais.
A 8 de Julho aprovou um conjunto de princípios depois de terem sido efectuadas mais de 50 emendas à lei. As medidas mais importantes foram:
· Aumento da idade de reforma para mães trabalhadoras:
· Retirada da pensão aos ex-empregados públicos que sejam apanhados a trabalhar e tenham menos de 55 anos; Corte em 70% se tiverem mais de 55 anos e se a pensão for mais de 850€/mês. A partir de 2011;
· Limitar a transferência de pensão de pais para filhos segundo critérios de idade e rendimento, o que inclui o pagamento de 26 000 a filhas divorciadas ou solteiras de empregados bancários e empregados públicos. Se os filhos podem receber duas destas transferências, apenas receberão uma delas, a maior, a partir de 2011;
· A pensão completa pode ser transferida para viúvas/os se a data da morte ocorreu após cinco anos de casamento e o cônjuge vivo tem mais de 50 anos e se certos parâmetros de rendimentos são cumpridos. No entanto, durante os primeiros três anos após a morte os pagamentos serão retidos;
· Estabelecimento de uma pensão mínima garantida de 360€;
· As pensões não devem exceder 65% do rendimento auferido enquanto se trabalhava (anteriormente este número podia chegar aos 96% baseado nos últimos anos de trabalho e nos mais bem pagos);
· Os que não pagaram segurança social podem receber a pensão mínima desde que tenham mais de 65 anos, não tenham rendimentos e que vivam há mais de 15 anos na Grécia;
· Fusão dos 13 fundos de pensão Gregos até 2018. Os fundos dos trabalhadores por conta de outrem, agricultores, empresários em nome individual e trabalhadores do sector público, serão integrados na segurança social até 2013;
· Reduzir o número de fundos que servem os advogados, engenheiros, jornalistas e médicos;
· Reforma completa das condições de reforma dos militares e forças de segurança o que inclui aumentar a idade de reforma e a remoção de bónus especiais;
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