Ângela Merkel
Para a líder da democracia cristão alemã CDU, Ângela Merkel, a campanha eleitoral da coligação CDU/CSU (sociais cristão da Baviera) e FDP (liberais) não passaria de um passeio, ou antes, de uma festa, pois todas as sondagens lhe davam uma esmagadora maioria até ao fim de Agosto passado.
Tão certa estava a senhora Merkel de vir ser a próxima Chanceler da RFA que já nomeava ministros e escolheu mesmo uma eminente personagem para ser o próximo ministro das Finanças, o professor Kirchhoff, ex-presidente do Tribunal Constitucional, professor de direito constitucional e fiscal, director de um Instituto de Investigação Económica e Social, enfim um homem impoluto de reconhecidíssimo mérito intelectual e profissional.
Sucede que quando o homem começou a surgir na televisão e apareceu com a sua proposta de choque fiscal, as sondagens começaram a andar para trás e, neste momento, SPD/Verdes e CDU/CSU/FDP estão quase empatados nas sondagens.
Kirchhoff propôs reduzir todos os impostos directos a duas únicas taxas. A zero para rendimentos até 10 mil Euros anuais por adulto singular ou 20 mil por casal e 6 mil por criança. A partir daí, toda a gente paga 25% qualquer que seja o rendimento e a origem do mesmo. Ao mesmo tempo acabaria com as muitas deduções aos impostos sobre o rendimento pessoal, equivalente ao IRS, que chegava a ser 402. Por exemplo, um trabalhador que mora muito longe do seu local de trabalho tem uma dedução específica no seu IRS.
Os alemães dividiram-se entre os que apoiavam o modelo mas não acreditava que possa ser implementado e os que se opõem por considerarem que seria um bónus gigantesco aos milionários e aos ricos em geral.
Kirchhoff disse na televisão que as famílias mais pobres iriam ficar isentas e cobriu-se de ridículo quando citou o exemplo de um casal com cinco filhos que só pagaria imposto a partir dos 50 mil euros de rendimento anual. Só que toda a gente se riu. Na Alemanha, como em quase toda a Europa, já não há casais com cinco filhos, à excepção dos turcos recém-chegados da Anatólia.
Depois, o professor engasgou-se quando lhe perguntaram se tinha feito as contas aos seus rendimentos e se iria pagar mais ou menos de acordo com o seu esquema. Não foi capaz de responder num debate televisivo. Tinha feito uma lei revolucionária, mas esqueceu-se de a verificar com os seus proventos.
Os alemães estão zangados com o SPD de Gerhardt Schroeder que aplicou uma política denominada Harz IV que reduziu algumas regalias sociais e mexeu nas reformas, tanto dos funcionários públicos como dos privados e alterou o sistema de concessão de subsídios de desemprego. Mas, a maioria percebeu que a direita quer ir muito mais longe nesses aspectos e a pequena esquerda agora unida numa espécie de Bloco de Esquerda com o antigo partido comunista e um grupo saído do SPD sob a direcção de Lafontaine não parece credível. Pelo menos não terá a capacidade de fazer chover dinheiro nem de provocar mais investimentos que alterem a desgraça dos quase 5 milhões de desempregados que a Alemanha tem, principalmente quando a indústria automóvel entrou em recessão e tanto a VW como a Opel estão a despedir dez mil trabalhadores cada. A Mercedes já informou que vai licenciar 5 mil trabalhadores.
A direita alemã tem afirmado que para arranjar mais emprego é preciso flexibilizar muito mais o despedimento como se o desemprego gerasse o próprio emprego. Na verdade, as empresas alemãs estão a deslocalizar as suas unidades de produção para os países de mão-de-obra paga a preços de miséria como são os ex-países comunistas e a actual China Comunista.
Enfim, já nada está seguro quando ao resultado das eleições alemãs. Tudo pode acontecer e tanto pode sair uma vitória da esquerda como da direita ou um empate com formação de uma grande coligação SPD/CDU ou uma coligação dita de semáforo (Vermelhos SPD, Verdes e Amarelos do part
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