Interior do Luxuoso Bairro Residencial dos Governantes Chineses
Em Beijing, o poder esconde-se atrás dos altos muros que rodeiam o imenso bairro de Zhongnanhai. Aí reside o Presidente da República Popular e secretário-geral do Partido Hu Jintao e o Primeiro Ministro Wen Jibao que em breve deixarão os seus cargos e quase todos os ministros e membros do comité central do partido. Para o lugar de Hu Jintao foi escolhido há quatro anos o dirigente Xi Jinping que, curiosamente, não tem aparecido nas televisões e jornais, o que causa a ideia que Hu Jintao não quer ceder o seu lugar de líder do partido este ano e de presidente em Março de 2013 como está previsto. Hu Jintao tem-se desdobrado em discursos contra o radicalismo maoísta defendido pelo derrubado Bo Xilau, filho de um herói do partido na guerra contra o Japão e na revolução levada a cabo por Mao Zedung.
Em linguagem cifrada, muitos blogers e jornalistas estrangeiras relatam uma inusitada entrada de viaturas militares de um lado e da polícia de outro. No meio passaram as limusinas dos altos dirigentes do partido e do Estado. Como já relatei, Bo Xilau, o secretário do partido em Xongqing, município
de 32 milhões de habitantes, demitiu-se ou foi demitido e o seu chefe de polícia preso, mas o seu aliado e amigo Zou Yong, chefe da segurança chinesa no Politburo do Partido, continua a exercer o seu cargo e a comandar as forças policiais, enquanto o presidente e o primeiro ministro detém o poder sobre as forças militares. Há quem tenha dito ter ouvido tiros vindos do interior do
bairro residencial do poder.
Em termos de noticiário nada se sabe, a não ser que o atual presidente continua a ser a estrela da televisão, aparecendo quase todos os dias, ao
contrário do seu sucessor designado. O partido tem silenciado tudo a seu respeito, pelo que o aparecimento do Zou Yong na televisão foi uma tentativa de mostrar que está tudo normal, mas os ativistas políticos chineses não se deixam enganar porque Zou não era figura habitual nas televisões e não
significa que tenha ganho a partida.
A luta é profundamente ideológico e há muito esperada. Um país dirigido por um Partido Comunista não pode ser eternamente a maior nação capitalista do mundo e, enquanto o atual presidente Hu Jintao defende uma linha mais à direita e mais favorável à elaboração de leis que devem ser respeitadas por todos, incluindo qualquer coisa que se possa aproximar ligeiramente de uma democracia, Bo Xilau, Zou Yong e outros querem um regresso ao comunismo. Claro, nestas lutas partidárias, o confronto ideológico é muitas vezes apenas um pretexto porque o que está em
causa são os lugares cimeiros do poder.
Consta que Bo Xilau quando dirigia Xongqing, mandava a juventude das escolas cantar as velhas canções revolucionárias dos tempos da Revolução Cultural e antes nos parques e avenidas da cidade, sendo muito aplaudidas pela imensa massa de chineses deserdados e explorados que passavam por aquelas zonas. Também se terá empenhado na construção social e na instalação de cozinhas coletivas para os mais pobres. Os investidores estrangeiros começam a sentir calafrios, pois querem situações estáveis e temem um conflito entre as duas alas do maior partido político do Mundo com 85 milhões de militantes.
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