Os italianos vão referendar no próximo dia 4 de Dezembro uma proposta do atual PM, Matheo Renzi, de alteração constitucional no sentido de tornar o país mais governável e com menos mudanças de governo. Desde 1945, a Itália conheceu 60 governo e confronta-se com um gravíssimo problema financeiro, proporcionalmente semelhante ao português.
A dívida pública italiana é de 2,2 biliões de euros que correspondem a 133% do seu PIB, portanto em % superior à portuguesa.
Vários políticos italianos como Beppe Grillo com o seu partido 5 Estrelas e Berlusconi com a sua Lega Norte pedem o Não à alteração constitucional. Matheo Renzi, o PM, disse antes que se demitiria se a sua proposta constitucional fosse recusada, mas agora parece que não seria de imediato para não deixar o país enfrentar a crise financeira sem governo e com uma economia de crescimento muito débil.
A Itália tem um parlamento de duas câmaras com eleitos por voto proporcional. O Senado tem 315 elementos e a câmara baixa mais de 620 deputados. Renzi quer reduzir o número de senadores e modificar as leis eleitorais de modo a permitir maiorias mais saudáveis e mais conciliação entre Senado e Câmara Baixa, já que os representantes de ambas são eleitos segundo uma metodologia diferente.
As leis circulam entre uma e outra câmara durante anos, salientando-se o caso mais curioso o da tortura. Há 27 anos atrás, o governo de então assinou a convenção da ONU contra a tortura, mas ainda hoje não foi possível elaborar uma lei que criminalize a tortura, continuando o texto a subir e descer entre as duas câmaras com emendas e mais emendas.
Quase todos os partidos da oposição querem votar Não e querem a saída da Itália da União Europeia e do Euro, o que seria um cataclismo financeiro, já que pagar a dívida com euros seria impossível porque o BCE não iria emprestar mais dinheiro e com liras desvalorizáveis os credores não vão aceitar ou aceitam sem emprestar mais. O Pib italiano é mais de 1,6 biliões de euros ou quase 10 vezes o português.
Sendo a terceira ou quarta maior economia da Europa, a Itália sofreu o desastre da mecânica europeia de enviar para Bruxelas uma elevada parte do IVA e de direitos de importação e ter de receber de volta apenas para projetos decididos por funcionários de segunda categoria de Bruxelas e no valor de metade dos projetos de investimento apresentados. Assim, tal como Portugal, a Itália foi confrontada nas últimas décadas com investimentos públicos quase obrigatórios em alternativa à perda dos biliões enviados para Bruxelas.
Os governos italianos foram igualmente enganados pela Merkel quando esta pediu a todos os países da União para em 2008/9 investirem o mais possível a fim de evitar uma grande depressão devido à crise americana. Só que Schaeuble não quis alterar as condições de financiamento e não deixou injetar liquidez nos mercados. Queria investimentos sem dinheiro ou à custa dos salários e reformas dos pensionistas em que o mercado de obras públicas aumentava enquanto o mercados dos consumos pessoais diminuía. Para os alemães, só as reformas estruturais (cortes nas referidas pensões e salários) é que devem ser feitas.
Por outro lado, a Itália com o Euro forte sofre muito a concorrência da globalização, não tendo os seus empresários feito os mesmos esforços que os alemães, apesar de que a Itália é ainda um país exportador e importador. A sua economia é muito importante, mesmo com a dívida, e não conseguiu reduzir ordenados que não são muito altos, mas gigantescos a nível extra-europeu devido ao euro.
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