de Paulo Santos Sousa"
PartilharNa mais recente purga do MRPP, a polémica não se fica pelas querelas ideológicas: está em causa saber quem controla o dinheiro proveniente da lei de financiamento dos partidosNa sequência do desaire eleitoral (60 045 votos contra 62 610 em 2011) que, mais uma vez, deixou o PCTP-MRPP às portas de São Bento, Garcia Pereira foi suspenso, juntamente com os outros membros do comité permanente do comité central, acusados de "incompetência, oportunismo e anticomunismo primário". Nas últimas semanas, a luta entre a autoproclamada "linha marxista-leninista", do líder histórico Arnaldo Matos, e a "linha capitulacionista", assim batizada pelos opositores de Garcia Pereira, azedou no seio do partido maoista.A crise no PCTP-MRPP foi desencadeada por uma carta incendiária publicada no jornal online Luta Popular, logo no dia seguinte às eleições. Assinada "Espártaco", exigia a purga dos dirigentes que falharam a missão, apesar de terem "as melhores condições objetivas de sempre para alcançar os seus objetivos políticos imediatos: uma situação política geral de profundo repúdio pela política de austeridade governativa, cerca de 800 mil euros em dinheiro, provenientes da lei de financiamento dos partidos (12 euros por voto obtido nas eleições legislativas de 2011 e durante quatro anos), e um membro do comité permanente do comité central com um programa de televisão semanal na ETV [Garcia Pereira]".Ao mesmo tempo, multiplicaram-se no jornal online do partido os artigos assinados por Arnaldo Matos, de 76 anos, o líder histórico que abandonara formalmente o MRPP há quase quatro décadas. Ao longo dos últimos 30 anos, o advogado madeirense, que ficou conhecido em 1975 como o "grande educador da classe operária" (ver caixa), continuou a ser considerado pelos militantes como um mentor. Mas há muito que, para os media e para os eleitores, o rosto do PCTP-MRPP passara a ser outro advogado: Garcia Pereira.O litígio que agora opõe os antigos camaradas não se deve, unicamente, a divergências políticas. Logo na primeira carta, Espártaco ordenava: "Os atuais responsáveis pelas finanças do partido devem apresentar o relatório e contas de todo o tempo em que dirigiram financeiramente o partido, entregando a pasta à nova comissão no prazo de 15 dias, sem prejuízo de entregar imediatamente à Comissão Financeira as contas bancárias e os dinheiros do partido."No meio da lavagem de muita roupa suja, Sandra Raimundo identifica Espártaco como um pseudónimo de Arnaldo Matos. E faz várias referências a questões financeiras, que terão afinal contribuído para tornar desavindos camaradas com mais de quatro décadas de militância em nome do proletariado.
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