Jornal Socialista, Democrático e Independente dirigido por Dieter Dellinger, Diogo Sotto Maior e outros colaboradores.

Segunda-feira, 9 de Outubro de 2006
A Bomba Coreana

 

   

 

 

 

A bomba norte-coreana veio alterar o xadrez político-militar na região. Duas nações, a China e a Coreia do Norte, estão agora armadas atomicamente enquanto outras três, Taiwan, Coreia do Sul e Japão, não estão. Mas, o PIB destas três últimas é muito superior ao da China mais a Coreia do Norte e as três possuem um elevadíssimo nível científico e tecnologia e dominam bem tudo o que respeita à física nuclear. Claro, são signatários do Tratado de Não Proliferação, não sendo certa a posição de Taiwan, pois ao ser reconhecida mundialmente e pelas Nações Unidas como parte da China, pode equipar-se atomicamente, já que a China é uma potência nuclear. Quer dizer, de algum modo, Taiwan não é signatária de nenhum tratado por não ser nação, mas apenas território autónomo por auto-proclamação e denomina-se oficialmente República da China, pelo que pode fazer tudo o que a China continental faz.

 

De qualquer modo, a Coreia do Norte com armas atómicas e mísseis surge como um perigo para qualquer nação aliada dos EUA, pelo que a bomba mais não vai provocar que um estreitamento mais íntimo da aliança entre EUA, Japão, Coreia do Sul e Taiwan e, em termos económicos, não se trata da aliança entre uma grande nação e outras mais pequenas, pois o PIB japonês é quase igual ao americano. Todavia, não basta ter a bomba para se ser uma potência militar.

 

O teste nuclear foi feito a grande profundidade na terra e causou um tremor de terra de pequena magnitude, 3,8 para uns sismógrafos e 4,5 para outros. Por isso, a Coreia do Sul e o Japão dizem que será uma bomba pequena equivalente a 550 toneladas de explosivos convencionais, enquanto os russos dizem que poderá ser da ordem das 15 mil toneladas com um poder explosivo igual ao da Bomba de Hiroshima.

 

 

 

A bomba pequena será bem mais perigosa para a Paz mundial porque poderá ser exportada com mais facilidade e utilizada em qualquer conflito. Além de que, várias bombas menores provocam mais estragos que uma bomba de grande potência. Em caso de conflito, interessa mais destruir forças inimigas que cidades e provocar massacres de populações civis que mais não fariam que induzir retaliações insuportáveis para um atacante, principalmente se este não tiver o poder militar dos EUA mais os seus aliados directos, portanto a Nato mais Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Austrália, Nova Zelândia e Israel.

 

O Japão pode pedir aos EUA para estacionarem no Mar Interior do Japão alguns submarinos lançadores de mísseis nucleares, o que eliminará qualquer arrogância ou veleidade conflitual da parte do regime comunista ditatorial hereditário coreano.

 

Claro, resta saber se os coreanos têm  capacidade para fabricar ogivas nucleares capazes de ser instaladas nos mísseis que têm experimentado. Não há dúvida que terão a capacidade de o fazer se é que não o fazem já. De qualquer modo,  com o tempo chegarão lá. Para já , parece que possuem a bomba e fica a dúvida quanto ao tipo de ogiva que têm ou terão no futuro.

 

Claro, para os americanos há dúvidas quanto ao facto de ter havido mesmo uma explosão nuclear subterrânea, já que eles sabem mais que ninguém como são difíceis de fabricar as bombas pequenas pelo que admitem um embuste em que os coreanos tenham apenas amontoado uma grande quantidade de explosivos convencionais. Mas, oficialmente a bomba coreana existe, o respectivo governo anunciou-o.

 

Os coreanos dizem que necessitam da bomba para se protegerem de uma agressão. A realidade é que em 1950, a Coreia do Norte invadiu a parte sul da respectiva península e conquistou quase tudo excepto uma pequena porção de terreno no sul. Os norte-americanos desembarcaram perto de Seul, portanto a norte da Coreia do Sul e quase cortaram as linhas de comunicação do exército comunista que teve de se retirar apressadamente. A guerra continuou num impasse em que os americanos organizados em força da Nações Unidas com tropas de numerosos países não quiseram conquistar a Coreia do Norte toda e aceitaram um armistício que colocou um fim à guerra em 1953, sem que tenha surgido um tratado de Paz entre as duas Coreias, pelo que estão juridicamente em guerra suspensa.

 

Depois de 1953, portanto durante 53 anos, ninguém quis atacar a Coreia do Norte que diariamente afirma em todos os seus noticiários que está ameaçada. Para os EUA, um país comunista ditatorial e hereditário é ouro sobre azul até porque mantém a sua população num estado de miséria total a vê-se obrigado a receber esmolas em alimentos por parte da altamente industrializada e desenvolvida Coreia do Sul e dos EUA, além do Japão. Ali, naquele pequeno triângulo, a ditadura familiar dos Kim é um exemplo do péssimo e óptimo para todos os inimigos do comunismo. Essa também é a razão poruqe os EUA não invadiram directamente Cuba. Claro, ambos os países não têm petróleo.

 

Agora, a bomba é mais um presente para os EUA pois permite manter alianças que, por serem velhas, perderam a vitalidade proporcionada pela acabada guerra-fria. E pode provocar uma corrida regional aos armamentos de que a China e a Coreia do Norte sairão altamente prejudicadas, dada a imensa capacidade tecnológica da dupla EUA-Japão.

 

Os EUA comprometeram-se na Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares em 2005 a continuar a não desenvolver novas armas nucleares. E as novas são fundamentalmente as pequenas ou pequeníssimas. Assim, os EUA comprometeram-se a não construir a mini-bomba de Hidrogénio baseada na fusão de uma pequena quantidade de átomos de deutério sem a utilização de uma bomba atómica de Urânio ou Plutónio como detonador ou criador da necessária e altíssima temperatura de fusão dos átomos do referido isótopo de hidrogénio. De resto, já em 1993, o Congresso americano aprovou a Lei Spratt-Fuse que dizia que a política dos Estados Unidos é de não realizar investigações e desenvolvimentos que conduzam à produção de novas armas nucleares, incluindo armas nucleares de baixa potência e grande precisão, entre as quais se incluíam as ogivas de penetração em terrenos ou bunkers de cimento.

 

Por isso compreende-se que a Rússia diga que a explosão foi de uma bomba de 15 mil toneladas, portanto igual às muitas que estão em depósito, e não de 500 toneladas que desencadearia uma nova corrida ao pequeno armamento nuclear, afinal o mais perigoso.

 

De qualquer modo, é óbvio que a maior vítima da bomba coreana é o seu próprio povo que está a distâncias galácticas do nível de vida e desenvolvimento humano da Coreia do Sul.

 

 

 A maior de todas as bombas nucleares, a de 100 megatoneladas, junto à mais pequena, incorporada num projéctil de artilharia de 152 mm, em exibição no Museu de Chelyabinsk na Federação Russa

 

 

 

 



publicado por DD às 23:25
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