A ideia que a política de fomento de Sócrates é a causa da necessidade de uma austeridade suicida é completamente errada.
Primeiro porque as políticas de fomento foram impulsionadas pela União Europeia, já no governo de Cavaco, seguidas pelo de Guterres e depois de Sócrates.
A quota paga por Portugal à UE só regressa em termos de políticas de fomento infra-estrutural. Segundo os estatutos da UE os dinheiros de Bruxelas não permitem pagar despesas gerais e ordinárias como ordenados, pensões, etc.
Cavaco lançou a primeira e a maior PPP que foi a Ponte Vasco da Gama com a exploração e alargamento da ponte 25 de Abril, na qual se colocou o comboio.
A UE provocou a política de obras públicas, aceitou a entrada de Portugal no Euro e hoje retirou-se das suas responsabilidades, não deixando o BCE emitir moeda para colocar as economias a produzirem riqueza e não a criarem o desemprego.
Saliente-se que UE não permitia o fomento industrial, agrícola e piscatório. Antes pelo contrário, pagou para se produzir menos. Assim, a UE não deixou o Estado investir em novo alto forno na Siderurgia Nacional e fez uma entrega monetária para que não se reconstrua o alto forno, ficando a SN a produzir algum ferro a partir de dois fornos elétricos muito pequenos e a fazer corte de chapa e ferro importados.
Qualquer manual de Macroeconomia ensina-nos que o crescimento económico implica o aumento dos agregados monetários contidos no M3 e de capital investido a longo prazo. Isso consegue-se com muitas exportações, mas praticamente só há dois grandes exportadores no Mundo, a China e a Alemanha. O Japão ainda é exportador, mas já não tanto e possui um vasto império empresarial espalhado pelo Mundo que lhe proporciona rendimentos apreciáveis. A Coreia do Sul é um exportador equilibrado. Os restantes países do Mundo exportam mais ou menos ao mesmo tempo que importam bastante. O Brasil, a Argentina, os EUA, o Canadá dependem muito da cotação das matérias primas que exportam e umas vezes estão nos píncaros e outras vezes nas profundezas dos infernos.
A austeridade imposta a Portugal pela troika é suicida e irrecuperável porque o País não pode ir aos mercados a partir de 2014 para fomentar a produção agrícola e industrial. Algumas empresas exportadoras podem crescer se ganharem dinheiro suficiente, o que é cada vez mais difícil na atual conjuntura em que já a China e a Alemanha deixaram de ver as suas exportações a crescer.
Mário Draghi do BCE percebeu isso e quer emitir moeda para comprar títulos de tesouro em segunda mão e vencerem no prazo máximo de três anos. Enfrenta uma oposição feroz da Alemanha, já nem centrada na Merkel, mas no partido liberal e na ala mais conservadora da Democracia dita Cristã ao mesmo tempo que enfrenta também no seio do seu partido uma forte oposição às medidas de austeridade já assumidas desde há anos.
Os alemães descobriram agora não vão ter reformas. Quem tiver ganho um ordenado médio de 1.800 euros nos próximos 40 anos terá uma reforma de 400 euros e quem recebeu uma média de 3.600 euros terá uns 800 euros. Para receber uma reforma de mil euros torna-se necessário ganhar durante os referidos 40 anos cerca de 4.000 euros de média mensal global. Por outro lado, os fundos privados perderam em média mais de 80% do seu valor.
A não emissão de moeda, levou a uma queda brutal do valor de todos os ativos europeus, ou mesmo, de todos os bens e serviços, o que levou a troika a querer que os baixíssimos salários portugueses descessem ainda mais e o capital visse o custo do trabalho reduzido numa pequena percentagem. Curiosamente, ao capital isso não lhe agrada porque sabe que paga pouco e sem clientes solventes não vai a parte alguma. E que interesse têm os bancos que emitem ações a 4 cêntimos como está a fazer o BCP-Millenium. O governo quer taxar as casas que valem mais de um milhão de euros. Quantas são? Alguma dúzia. Nem o Estado, nem o Capital e, menos ainda, o Trabalho resolvem seja o que for com a queda de todos os valores traduzíveis em moeda.
O Euro é a moeda de 330 milhões de habitantes e há uma grande responsabilidade da parte do BCE e dos países da zona euro no seu conjunto. As previsões apontam para um crescimento zero ou negativo da mais próspera economia europeia este ano, a alemã, e crescimentos negativos em quase todas as outras. O Euro é de todos e tem de servir todas as economias. Não podemos chegar a 2014, um século depois de iniciada a I. Guerra Mundial, com uma Europa totalmente destruída pela guerra alemã do Euro.
As recentes manifestações em Barcelona apontam para uma declaração de independência da Catalunha que pode levar a uma guerra civil porque as Forças Armadas Espanholas não querem independências regionais. Não devemos esquecer que a Guerra Civil Espanhola foi o prólogo da II. Guerra Mundial. Começou em 1936 e acabou precisamente em 1939, ano em que começou a referida guerra mundial
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