Os meios de comunicação social e os partidos políticos estão presos à ideia de saber se há cerca de 20 anos atrás o então jovem deputado Passos Coelho recebeu ou não um salário da Tecnoforma ou do Centro Português para a Cooperação.
Isso não me deixa muito apreensivo, até porque a justiça não pode intervir. Mas o que me interessa é saber porque razão o comunista Guo Guangchang, deputado ao Congresso Nacional do Povo da China, comprou a empresa de seguros Tranquilidade à CGD, onde tenho os meus seguros, incluindo o seguro de saúde por mil milhões de euros. E como é que um ainda jovem comunista chinês de 47 anos de idade controla o grupo Fusan que vale, segundo o Expresso, 4,2 mil milhões de euros e lucrou 253 milhões no ano passado, o que dá 6% do capital investido.
Tal como Passos, Guo foi dirigente da juventude do seu partido e, nessa qualidade, estudou filosofia na Universidade Fudan, tendo aos 23 anos de idade criado a primeira empresa do grupo Fusan que explorava um pequeno grupo de operários no fabrico de kits de diagnóstico da hepatite com um investimento de 4,9 mil euros, provavelmente copiados de algum modelo suíço ou alemão.
Hoje, Guo controla um vasto império na China e no estrangeiro que inclui o gigantesco arranha-céus de Nova Iorque, o edifício Chase Manhattan Plaza adquirido por 565,3 milhões de euros.
O comunista está altamente interessado na aquisição do Grupo Espírito Santo Saúde e meteu já dinheiro na REN.
Na sua ingenuidade, os jornalistas do Expresso descrevem-no como proprietário do grupo, quando na verdade controla 58% do mesmo, o resto está disseminado em bolsas capitalistas diversas. O redator Tavares passa por cima de uma frase dita pelo comunista de que está interessado em melhorar o nível de vida das classes médias na China.
Ninguém pensou no significado de tal afirmação. O comunista não deve ser dono de nada, mas controla fundos de investimento que vende aos chineses mais bem pagos e que não têm um estado social que lhe garanta uma reforma condigna. Assim, no mais execrável capitalismo compram títulos de mais de uma centena de fundos controlados pelo comunista Guo, o qual faz emissões de papel, reservando para si uma percentagem ao valor nominal e vende depois aos balcões dos bancos chineses e nas bolsas pelo dobro ou mais desse valor. Com esse dinheiro investe em tudo o que esteja a venda, principalmente a patacos como acontece com as empresas públicas do Estado Português ou da CGD lideradas em última análise pelo acionista Estado que depende a 100% do Primeiro-Ministro Passos Coelho disposto fanaticamente a vender a Pátria a quem quer que aparece, seja comunista ou não, mas hoje só circula mesmo dinheiro comunistas porque só estes sabem tirar gigantescas mais valias às classes operárias, coisa que o verdadeiro capitalismo consegue menos e o socialismo democrático nem quer tentar.
O capitalismo hoje, não é de património como escreveu Thomas Piketty em “Le Capital au XXI Siècle”, mas sim de papel e não sabemos se o lucro de 6% obtido pelo grupo Fusan resulta de verdadeiros proveitos depois de pagos os impostos nos diversos países ou de dinheiro que entrou para a compra de mais papel. Toda a gente sabe que os chineses têm a paixão pelo jogo e agora o da bolsa é para as classes médias de uns 200 ou mais milhões de pessoas algo extremamente interessante que os faz sonhar em fortunas fabulosas.
Já se viu em Portugal que não há grandes capitalistas patrimoniais. O Amorim vendeu agora a sua participação no BIC porque deve muito do que investiu na Galp; os Mellos devem mais de 5,5 mil milhões de euros, dos quais mil milhões à CGD que lhe recusou mais dinheiro para adquirirem a ES Saúde, as família Espírito Santo está completamente falida e as dívidas do grupo Sonae e Jerónimo Martins são igualmente gigantescas, estando muitas das suas ações embrulhadas nuns papéis a que chamam fundos de investimento. A Setenave foi adquirida por um euro por dois engenheiros que gerem as dívidas à CGD e Fundos Diversos, tal como a Semapa do PQP. O Santander anda atrás de todos os clientes insistentemente para comprarem papel, ou sacos de papel de embrulho sem fundo. Os gestores de contas chamam áquilo Fundos, mas eu não acredito porque nos impressos que me mandaram não vi lá nenhum fundo palpável.
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