Os relatos que nos chegam da China pobre e largamente maioritária fazem-nos lembrar os livros de Pearl Buck. Apesar das estatísticas financeiras e de exportação, nada mudou nos 65 anos de domínio absoluto da ditadura do Partido Comunista.
Antes, já matavam os nascituros femininos, mas, talvez, na não escala atual, faziam encolher os pés das meninas porque achavam que isso as tornavam mais prezáveis. Hoje, nada valoriza o sexo feminino. A política comunista de filho único levou a uma espécie de eutanásia de sexos. Mais de vinte por cento dos fetos avançados femininos são abortados ou os nascituros sem pilinha mortos logo após o parto. Como a lei atual já autoriza o segundo filho, aqueles casais que tinha uma filha do primeiro parto ao terem uma segunda liquidam-na mesmo, nascendo a nível de segunda criança 190 rapazes para 100 raparigas. As famílias acham que criar e educar uma filha é fornecer algo a outra família, esquecendo que trocam uma filha por uma nora. Mas, tal como noutros continentes, as mães nunca apreciam muito as noras, querem os rapazes só para elas. Claro, em Portugal e na Europa evoluiu-se muito nesse aspeto, havendo mais consideração por noras e genros e há a mais completa igualdade de géneros.
O resultado na China é que a imensa massa dos jovens pobres não consegue casar e a falta de raparigas não fez aumentar o estatuto da mulher, antes pelo contrário, tornou-a ainda mais mercadoria. Os aldeões pobres que são mais de mil milhões vendem as jovens de 16 anos à nascente classe média das cidades do litoral que também luta com o mesmo problema. O trabalhador que vai para as grandes cidades construir os imensos arranha-céus, pontes e linhas de comboios de alta velocidade a troco de salários miseráveis não têm possibilidade de se casarem nem de conhecerem sexualmente uma pessoa do sexo oposto.
Os velhos oligarcas, milionários ou simplesmente ricos e os grandes do Partido podem dar-se ao luxo de terem não uma mulher, mas várias e adquirirem o que há de melhor no mercado para os filhos. Por outro lado, é crescente o rapto de jovens adolescentes nas aldeias para “casarem” com machos mais abastados ou para irem para a prostituição, dado que o governo chinês não permite a importação de trabalhadoras filipinas e tailandesas.
A questão pode vir a tornar a China num barril de pólvora porque o desejo sexual depois de politizado é incontrolável. Poucas pessoas sabem que muita da revolta árabe tem a ver com a falta de raparigas para os jovens sem emprego que deambulam nas cidades sem trabalho e dinheiro; dormem nas casas paternas em corredores ou entradas em camas de abrir ou sacos-cama.
Na China há trabalho, mas pouco dinheiro para a imensa maioria dos jovens trabalhadores que também não têm acesso a uma educação conveniente. Com uma classe mediana de 200 a 300 milhões de pessoas, a China tem os engenheiros e técnicos que os monopólios ocidentais necessitam para fabricarem o portátil em que escrevo e muita coisa mais. De resto, uma única fábrica, a Foxcom, com mais de um milhão de trabalhadores fabrica quase todos os portáteis do Mundo, qualquer que seja a sua marca.
Na Índia sucede um pouco o mesmo e daí uma rapariga não poder andar sozinha à noite nas ruas ou acompanhadas por apenas um membro do sexo masculino; são violadas em autocarros e em tudo quanto é sítio. As famílias adquirem por vezes uma jovem aldeã para servir todos os rapazes lá de casa, dado que nunca houve limitação de nascimentos na Índia, mas o macho é predominantemente o nascituro que se safa à pena de morte por pertencer ao género feminino.
A mudança das mentalidades para uma liberdade de ter filhos na China, Índia e outros países asiáticos pode conduzir a uma explosão demográfica de consequências imprevisíveis, apesar das famílias estarem já mentalizadas para terem menos filhos.
Na China, sem a liquidação dos nascituros femininos, a população teria crescido em mais uns 600 milhões de indivíduos nos últimos 30 anos e teria agora uns 2 mil milhões de habitantes, cujo trabalho o Ocidente não seria capaz de absorver na íntegra e a terem um nível de vida mais razoável levavam o país ao completo colapso ecológico.
A revolução e guerra por falta de sexo está a caminho na China e não devemos esquecer que o problema é igualmente sentido pelos militares e polícias e até pelos militantes e quadros mais baixos do Partido Comunista.
De acordo com uma série de artigos publicados no jornal “New York Times”, os iPhones, iPods, as impressoras HP, as consolas da Sony, Nintendo, Microsoft, os computadores da Dell, IBM e muito outro material informático é fabricado pela maior empresa industrial do Mundo, a chinesa Foxconn com 1,2 milhões de trabalhadores ao seu serviço.
As condições de trabalho são duríssimas, os salários inferiores a um dólar por hora e, mesmo os engenheiros não ganham mais de 3 a 4 dólares por hora. A taxa de suicídio dos trabalhadores é enorme. Por dia registam-se cerca de 13 suicídios em média. Os trabalhadores chineses praticamente escravizados não aguentam e retiram-se deste mundo porque não aguentam o trabalho em que um erro num artigo provoca castigos de duas a três horas de trabalho a mais de toda a linha de produção ou montagem.
A Apple é o maior cliente e sócio da empresa e para evitar que a situação dos trabalhadores melhor já instalou uma fábrica escravocrata numa das regiões mais pobres do Brasil e pretende instalar outra no Cambodja onde os trabalhadores ganham em média 30 cêntimos do dólar por hora.
Enfim, o comunismo criou a exploração do trabalho mais dura e brutal que alguma vez se viu na história da Humanidade. Dizem que até os escravos no Império Romano, no Brasil e nos EUA eram mais bem tratados.
Assim, sem Serviço Nacional de Saúde e sistema de reformas fora das cooperativas extremamente pobres das aldeias e bairros, os chineses são obrigados a trabalhar em condições verdadeiramente animalescas e quer uma troica e uma senhora Merkel que os trabalhadores portugueses, os mais mal pagos da Europa, cheguem ao nível chinês para que os juros especulativos e de roubo sejam pagos aos mercados gananciosos da Europa e, principalmente, aos grandes bancos alemães, entre os quais o gigantesco “Deutsche Bank” que é o pior de todo o Mundo, conforme se pode ler na revista “Der Spiegel” Nr. 5 da passada segunda-feira num artigo de 13 páginas que relata tais coisas sobre este banco que deixa toda a gente incapaz de alguma vez ter imaginado roubos de tantos biliões praticados com os seus negócios em todo o Mundo e, em particular, nos EUA.
Enfim, estamos a criar um "Maravilho Inferno Novo" neste Mundo que parecia ser a concretização de todas as esperanças das gerações anteriores.
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