Reina o terror entre os funcionários mais graduados do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte (Comunista).
As televisões e a agência noticiosa KNC anunciaram a expulsão do tio Yang (ou Chang) Song-thaek do ditador dinástico Kim Jong-uns de todos os cargos no partido e do Conselho de Defesa onde era vice-presidente, além de chefe de uma zona no norte do país destinada à instalação de fábricas estrangeiras para exportarem. O terror dos funcionários resulta do fato de os noticiários não falarem só do comportamento contra revolucionário ao serviço do inimigo da parte do tio Yang, mas sim de uma vasta clique de funcionários que o acompanhavam. Nos regimes deste tipo, mais que estalinista, ninguém sabe se pertence aos contra revolucionários ou aos revolucionários e o medo resulta de não se saber se foi o sobrinho que se quis livrar de um tio que tudo sabe ou se há um golpe militar, pois a televisão norte-coreana mostra imagens do jovem “Querido Líder” sempre rodeado de uns marechais e generais cheios de medalhas e nenhum civil.
Todavia, recordemos que na Coreia do Norte todos os altos dirigentes do Partido são generais. O próprio tio Yang e a mulher foram promovidos a generais em 2010 e 2011. A maior parte dos generais são políticos e, mesmo assim, não seguiram a carreira de oficiais comissários políticos que existem em todas as unidades. Foram geralmente promovidos a partir do Buro Político do Partido dos Trabalhadores. Mas, também é a partir de uma reunião desse buro que alguém pode ser preso. A televisão norte-coreana mostrou o tipo Yang a ser levado por dois soldados numa reunião do “politburo”. O local é indicado porque os respetivos membros não vão às reuniões acompanhados pelos seus guardas pessoais.
O poder pode estar agora mais nas mãos do Marechal Choc Ryong-hae, chefe político das Forças Armadas ou do Ministro da Segurança do Estado Kim Kyon-um que não é da família dos Kim. Este é também o chefe de departamento de pessoal do Partido dos Trabalhadores, tal como foi Estaline quando subiu ao poder, e dispõe de uma força especial de 20 mil homens que oficialmente faz a segurança dos dirigentes políticos e do Estado, além de uma secreta altamente infiltrada nas forças armadas e na sociedade em geral.
Mas, há coisas muito estranhas na Coreia do Norte. As fotografias de satélite mostram que há cerca de um ano, o imenso palácio do avô e do pai do jovem “Querido Líder” foi totalmente deitado abaixo e uma piscina olímpica também desmantelada. Ficou um edifício com o aspeto exterior de armazém onde vive o jovem Kim Jong-uns e umas tantas moradias de luxo muito mais pequenas, sendo uma destinada à tia Kim Kyong-hui, esposa de Chang, também general e responsável pela indústria ligeira do país e a outra ao marido Yang. Alguns funcionários dizem que o edifício “imperial” foi arrasado porque se via do cimo de um hotel em construção e o poder norte-coreano não gosta de ser visto. As moradias atuais estão rodeadas de árvores e são invisíveis de fora e ficou um vasto terreno relvado. Aparentemente, parece que algo foi preparado para uma saída rápida de helicóptero. Consta que o jovem “imperador” vive num luxuoso e profundo bunker debaixo do tal armazém.
Neste momento, a tia está em Singapura a seguir um tratamento anticanceroso, dizem os próprios meios de informação da Coreia do Norte. Parece que a família “imperial” dos Kim ainda não pode ser abatida.
Tudo indica pois que o jovem Kim Yong-um poderá ficar como uma espécie de deus vivo aos modos do Imperador do Japão nos tempos dos Samurais, ficando os generais comissários com o poder político.
A Coreia do Norte é algo de fascinante no sentido dramático das peças de Shakspear. Assim, a filha do casal Yank e Kim Kyong-hui foi mandada para Paris há anos para estudar numa universidade. A rapariga enamorou-se de um colega e queria casar com o rapaz, mas os pais não deixaram e ordenaram o seu regresso. Em vez disso, a jovem suicidou-se.
Na base de toda a problemática norte-coreana estão as reformas que, talvez, a família Kim ou uma parte queria agora implementar, tendo já havido uma pequena abertura a certas propriedades privadas e a tia Kyong-hui chegou a abrir uma espécie de McDonald na capital do País, Pyongyang para vender “sandes de carne amaciada” como foram designadas.
O tio Yang parece que está preso em casa e muitos funcionários temem que lhe suceda aquilo que é hábito na Coreia do Norte, isto é, que morra de repente num acidente de automóvel como tem sucedido várias vezes a detentores de altos postos ou que tenha um ataque repentino de coração ou caia das escadas.
As televisões vão relatando os crimes do tio Yang, dizendo que era um mulherengo que vivia luxuosamente, o que é apanágio de todos os altos dirigentes norte-coreanos, e que estaria rodeado de uma vasta clique de contrabandistas que consumiam as divisas do país na importação de automóveis e outros objetos de luxo, o que era precisamente o que os militares faziam e fazem porque esses é que vendiam equipamento militar e deslocavam-se a muitos países para instruir os compradores e ajudar a instalar fábricas de mísseis, munições, submarinos, etc. Parece que não perdoam o fato do tio Yang lhes ter tirado a possibilidade de receberem os dólares resultantes das vendas e trabalho fora que vão agora para o banco central.
Yang já esteve ostracizado com a mulher entre 2002 e 2004, mas foi reabilitado. De resto, casou contra a vontade do irmão, o ditador Kim Il, filho do presidente eterno da Coreia do Norte Kim Il Sung. A Coreia do Norte não tem um presidente vivo, mas sim morto, e ninguém ocupou ainda aquele cargo. O poder presidencial está na presidência do Conselho de Defesa.
O tio Yang conheceu a esposa na Universidade Kim Il Sung frequentada pela nobreza do partido à qual pertencia, mas a um nível muito inferior ao da família imperial. O rapaz então tocava bem guitarra, o que encantou a irmã do ditador que para evitar o casamento o mandou estudar para Moscovo. Quando regressou acabou por casar mesmo.
Seguem-se os próximo capítulos da novela do tipo Shakspear da Coreia do Norte.
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