Engenharia do Pensamento: Criacionismo ou Evolucionismo
A subida ao poder no Brasil e nos EUA de dois presidentes e chefes de governo crentes no criacionismo arcaico veio recolocar novamente o problema da dúvida quanto às descobertas científicas que desde Darwin até hoje apontam para o evolucionismo
Tanto Bolsonaro como Trump são crentes com mais ou menos hipocrisia, mas são apoiados por centenas de cultos e igrejas cristãs e colocaram muitos dos seus apaniguados em lugares chaves da administração.
Há não muito tempo houve juízes nos EUA que condenaram professores de ciências naturais por não ensinarem o criacionismo e, hoje, muitos acham prudente fazer uma referência à tese bíblica que Deus terá criado o Universo e tudo o mais há uns 6 mil atrás, ou seja, há 3.964 anos antes do nascimento de Jesus Cristo. No Brasil, a nova ministra da educação é fanática do criacionismo, pelo que se aconselha a mesma prudência aos professores de ciências, mesmo que não acreditem.
Os muçulmanos, hindus, judeus e até os budistas acreditam em algo igual ou semelhante.
Teoricamente há uns 5,4 mil milhões de humanos no Mundo que acreditam nos chamados livros sagrados e, como tal, na extrema juventude da criação. Os 1,5 mil milhões de muçulmanos serão os mais crentes porque nos países em que são maioritários e o poder é religioso torna-se extremamente perigoso acalentar qualquer dúvida. Já no mundo cristão de 2,4 mil milhões de pessoas não é certo que o velho testamento seja matéria de fé para todos nem que o número de praticantes corresponda ao das estatísticas. Pelo menos, não em Portugal em que maioritariamente a população não pratica qualquer ritual religioso e nem gosta de discutir a essência de qualquer religião, não se dispondo a discutir a fé ou o ateísmo, o que não quer dizer que seja todos ateus.
A indiferença parece ser a religião maioritária em Portugal e talvez nalguns países da Europa, que mais não seja, a nível de classes médias e população urbana em geral.
A astrofísica tem feito descobertas fenomenais nos últimos tempos que refutam a idade pretensamente infantil conferida à criação pelo antigo testamento. Assim, a expansão contínua e acelerada do Universos no que respeita às galáxias permitiu datar o começo dito big bang entre 13,7 e 14 mil milhões de anos.
O Sol tornou-se estrela há 4,568 mil milhões de anos, constituído a partir de gases e poeiras cósmicas que formaram em torno da nossa estrela um disco protoplanetário que no curto espaço de tempo de um milhão de anos entrou na fase de acreação, formando corpos celestes que se entrechocaram para originar os planetas, entre os quais a Terra que começou por ser muito quente, arrefecendo rapidamente enquanto os elementos químicos de maior peso atómica migravam para o seu centro aos mesmo tempo que se formava o núcleo, o manto e a crosta terrestre.
Não muito tempo depois deu-se a colisão com o planeta Thelia do tamanho de Marte, ejetando para fora a atmosfera primitiva e dos restos da colisão nasce a Lua e durante 400 milhões de anos a Terra sofre o bombardeamento de numerosos astroides e formam-se os oceanos, emergindo deles os continentes, ou antes, o continente primitivo Godwana. A partir de 3,8 milhões os continentes começam a separar-se e surge o oxigénio.
A água e a primeira vida que originou o oxigénio na Terra resultaram indiretamente da proteção dada pelo campo magnético terrestre produzido pelo efeito de dínamo produzido pelas correntes elétricas que percorrem o núcleo de ferro líquido em rotação no núcleo. Esse campo magnético protege a crosta terrestre das partículas com carga elétrica oriundas do Sol como são os eletrões, protões e iões.
A atmosfera da terra nascente há 4,5 milhões de anos era praticamente irrespirável até se ter transformado e constituir-se com 21% de dioxigénio resultante dos primeiros seres vivos, as cianobactérias com vida aquática que utilizaram a fotossíntese. A energia luminosa permitiu a essas bactérias dissociar o dióxido de carbono e sintetizar moléculas orgânicas que emitiam o dioxigénio (O2), o qual oxidou o ferro presente nos oceanos muito quentes. A grande oxidação foi catastrófica para as muitas bactérias então existentes, fazendo quase desaparecer a vida na Terra, mas o primeiro oxigénio foi de curta duração porque reagiu com o metano, originando a formação de água e gastando o metano e o dióxido de carbono (gases com efeito de estufa).
Sem esses gases, a Terra arrefeceu e conheceu as primeiras glaciações. Quase sem cianobactérias, o CO2 que ficou originou um aquecimento global com o reaparecimento da água líquida e as cianobactérias voltaram a multiplicar-se em grande quantidade, retomando o processo de oxigenação da atmosfera e redução do CO2 que se dissolveu na água dos oceanos, provocando novas glaciações.
Só quando a luminosidade do Sol aumentou e impediu as glaciações é que o processo de oxigenação continuou e formou-se o ozono (O3) que nas camadas superiores da atmosfera impediu os raios ultravioletas do Sol de chegarem em quantidade à Terra, dando azo a que várias formas de vida começaram a aparecer e a cerca de 825 milhões de anos do nosso surgem animais multicelulares, provavelmente criados pelas cianobactérias como forma de se protegerem do efeito tóxico do O2 e de evolução em evolução surge o género Homo, cuja função com os mamíferos e outros animais é de abrigar um número gigantesco de bactérias anaeróbicas que no nosso corpo superam o número de células e ajudam-nos no metabolismo.
Enfim, estamos aqui a prazo, porque o Sol deverá consumir toda a sua energia resultante da fusão do hidrogénio em hélio e elementos pesados e tornar-se uma estrela anã quase sem atividade. Talvez daqui a uns 10 mil milhões de anos.
Astronomicamente somos jovens, mas nada do que se pareça com os 6 mil anos bíblicos, cujos crentes podem acreditar em tudo o que quiserem menos nas leis da física temporal e no facto de há 6 mil anos já egípcios e povos da Mesopotâmia construíam cidades e túmulos gigantescos.
Fim da I. Parte
Rua em Lagos - Nigéria
A população mundial tem estado a crescer a uma média de 100 milhões de pessoas por ano, podendo chegar aos 10 mil milhões em 1950 e aos 15 mil milhões no fim do século atual
É certo que a tecnologia pode fazer muita coisa para aliviar o peso dos gases de estufa e evitar a catástrofe das alterações climatéricas. mas não parece que se possa fazer muita coisa sem estabilizar a demografia atual.
A temperatura mundial pode subir mais de 4ºC a partir de 2050, o que fará aumentar o nível dos oceanos com os degelos árticos e antárticos. Nada evitará a poluição provocada por uma população excessiva, já que tudo o fazemos polui e até a nossa respiração e dos animais que servem para a nossa alimentação.
Mesmo com células fotovoltaicas, automóveis a eletricidade, irrigação dos desertos com água dessalinizada não parece que seja possível alterar muita coisa.
Contudo, a Humanidade atua mesmo sem o comando dos políticos e pensadores. No seu todo, a sociedade humana, tal como as de muitos animais tem uma espécie de pensamento coletivo.
É um facto que nos países em que se verificou um maior desenvolvimento, a natalidade tende a diminuir, mesmo em muitos países africanos que estão longe do desenvolvimento.
Hoje, a natalidade mundial média rondará os 2,2 filhos por mulher com tendência a descer ainda mais.
No continente africano, a tendência para os 7 ou mais filhos por mulher desceu já para os cinco ou quatro, o que continua a ser excessivo e um caminho para o desastre se a descida não continuar, o que a acontecer passará pela redução da influência das organizações religiosas que lutam contra toda a planificação familiar e contraceção.
Há países muçulmanos como o Irão que sabem controlar a natalidade, mas há também grupos muçulmanos mais ou menos radicais que querem conquistar a Índia e o continente africano, sonhando com a Europa também, pela via sexual, isto é, pela multiplicação dos seus acólitos.
Há um autocontrole da natalidade como se verifica em Portugal e em toda a Europa e nos EUA, Canadá, Japão, Oceânia e nalguns poucos países sul americanos desde que se verifiquem os seguintes fatores, educação generalizada, incluindo das raparigas, assistência médica, principalmente nas crianças e adultos até os filhos serem independentes, emprego para todos ou quase e segurança social.
Claro que a ordem pode começar pelo emprego por via de atividades económicas como turismo, indústria, agricultura, exploração de recursos naturais, etc. e os resultados em termos de natalidade menor não resulta da perfeição dos sistemas, mas começa logo com pequenos avanços.
Observou-se o fenómeno em dois países, a China e a Tailândia.
No primeiro, durante muitos anos foi seguida a política obrigatória de um só descendente que estabilizou um pouco o crescimento populacional. No segundo, não houve nenhuma política de controle da natalidade, mas o progresso no turismo, indústria e outras atividades permitiu um aumento do nível de vida e o trabalho feminino com a escolarização e assistência na saúde e na velhice para se se produzir automaticamente uma queda da natalidade.
Quando as famílias sentem que os filhos não morrem em criança e que o pai também vai ter uma esperança de vida maior deixam de pensar em muitos filhos como forma de garantir a segurança social na velhice por via do trabalho dos filhos.
Este fenómeno produz aquilo que já aqui escrevi. A baixa natalidade com o progresso começa por provocar um aumento da população devido a uma maior esperança de vida, mas a prazo a situação demográfica tende a equilibrar-se, havendo mais pessoas idosas, mas ninguém fica por cá.
O nosso planeta deveria poder chegar ao fim do século com não mais de 7 mil milhões de habitantes para evitar as alterações climatéricas ao mesmo tempo que promove o referido desenvolvimento e uma mudança tecnológica no sentido de evitar a produção de CO2.
O projeto de instalar uma grande central de energia solar fotovoltaica flutuantes nas águas da barragem de Alqueva é um excelente exemplo para permitir três grandes vantagens como a retenção de água no sul da Europa que tende para a seca cada vez mais permanente, a dupla produção de energia elétrica por via do sol e da água ou tripla se forem adicionadas na região torres eólicas destinadas a permitir o funcionamento de bombas de recuperação da água de Alqueva retida na barragem da Rocha da Galé.
A construção de mais uma barragem na zona de Portalegre tornará aquela região quase desprezada mais rica em energia e água para desenvolvimento futuro.
Nenhum país da bacia do Mediterrâneo e zonas limítrofes pode dar-se ao luxo de desprezar a pouca chuva que cai, lançando-a para o mar.
O homo sapiens que somos está destinado a colonizar o espaço, nomeadamente os exo planetas em zonas habitáveis, mas tecnicamente estamos ainda muito longe de tornar isso possível, pelo que devemos preservar o ambiente até emigrarmos para o espaço.
Recordemos que o homo sapiens nasceu em África e há uns 100 mil anos iniciou a grande aventura de colonizar toda a Terra porque antes de ter inventado a agricultura e a pecuária necessitava de muito espaço para que pequenas tribos pudessem sobreviver com a caça e recolha de plantas silvestres comestíveis. Conseguiu povoar zonas árticas e as mais distantes ilhas do Pacífico, incluindo a Austrália e Nova Zelândia, navegando em jangadas ou pirogas duplas em mares e oceanos completamente desconhecidos, orientando-se pelas correntes, ventos e muito especialmente pelo voo das aves que admitia-se que se dirigiam sempre a alguma terra fértil.
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