Jornal Socialista, Democrático e Independente dirigido por Dieter Dellinger, Diogo Sotto Maior e outros colaboradores.

Terça-feira, 7 de Julho de 2015
Dívidas da Zona Euro - Realidades Impagáveis


Os políticos, tal como o homem da rua, e até os economistas têm muita dificuldade em lidar com números grandes e a Europa não teve a sagacidade de inventar o equivalente ao “conto de reis” para facilitar as contas de cabeça como fizeram os portugueses nos tempos do escudo.

Toda a gente fala da Grécia como se tivesse a barriga ou os cofres cheios e ninguém estivesse encarcerado em dívidas impagáveis.

O axioma da zona euro é o seguinte: o seu Pib é de 9,5 biliões (milhões de milhões) de euros, o que dá 30.645 euros per capita e a dívida total dos 19 países é de 94% do Pib, correspondente a 8,949 biliões ou 20,8 mil euros per capita.

Curiosamente, a dívida portuguesa de 208 mil milhões de euros dá 20 mil euros por habitante e a dívida grega é de aprox. 17,7 mil euros por residente.

Como se vê, o conjunto dos países do euro têm dívidas superiores às dos portugueses e gregos em termos individuais, mas não relativamente aos seus rendimentos que são mais baixos.


O País mais pesporrente da Europa, o da Merkel e Schaeuble, tem um Pib de 3.852,5 mil milhões de euros e uma dívida de 74,7% que dá 2.877,8 mil milhões ou 35,97 mil euros por cada um dos seus 80 milhões de habitantes.

Como se vê, a dívida alemã per capita é mais do dobro da grega e é 75% superior à portuguesa.

Não há verdadeiramente um problema grego, mas sim da zona euro que não consegue lidar com uma dívida de 94,2% do seu Pib porque tem um Banco Central que durante anos não emitiu dinheiro, permitindo um endividamento irreal que na maior parte nem é dinheiro, mas sim registos informáticos utilizáveis para pagamentos.

Cumpriu-se a profecia do Nobel da Economia Paul Krugmann que deu cerca de 10 anos para o euro destruir a Europa ou ser destruído. Estamos precisamente nesse ponto de inflexão. No futuro muito próximo ou acaba o euro ou a União Europeia porque ninguém é capaz de enfrentar os números na sua execrável realidade.


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publicado por DD às 00:23
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Domingo, 13 de Novembro de 2011
Euro morre ou já morreu?
Do meu Facebook:
 
O Euro já morreu? Perguntam todos. Se não morreu, a criança ainda sem fazer os dez anitos está em estado comatoso.Mas pode morrer uma moeda que nunca o foi? Boa pergunta.
O Euro serviu para gastar a moeda antiga, exaurir aquilo que ela representava de valor e trabalho. Gasta a moeda antiga, a nova passou a ser crédito, só serviu para pagar a estranhos vindos de fora com juros, não para garantir o trabalho honrado e sério. O Euro que temos na carteira paga juros a Frankfurt, em português Francoforte, não serve para trabalhar e ganhar. Apenas para ser despedido com a mais pequena compensação possível e um irrisório subsídio de desemprego.
O Euro morre, ficam os sem abrigo, os novos pobres a viverem nos carros abandonados envoltos em mantas antigas e a comer de uns cêntimos que algum passante lhes atira para a mão. Morre o Euro, definham os pensionistas, os funcionários públicos. Os outros não se importam, mas em Janeiro o patrão vai dizer-lhes que tem e baixar o seu magro salário. O Euro morreu para emagrecer as gorduras do Estado e, afinal, serve para nos emagrecer a todos.
Morre o Euro, ficam os cêntimos como de cinzas do finado já cremado fossem.
 
A Standard & Poor informou na quinta- e sexta-feira vários clientes em mails confidenciais que a França teria perdido a classificação AAA. Hoje, veio anunciar que se tratou de um erro dos computadores, a França continuaria com o seu AAA. Apesar de só terem sido informados alguns clientes, houve um início de pânico em França, já como que anulado pela S&P ao dizer que foi um erro. Muitos observadores acham que não foi erro, mas sim um pré-aviso como que a indicar que depois da Itália virá a França ou, talvez, a Espanha antes disso que, de resto, já levou uma desqualificação pelas agências de rating. Curiosamente, fala-se que a zona euro pode ver o seu rating reduzido, dado ter 4,5 biliões de euros no exterior, portanto, de dívida. A China, que mantém ainda o dólar como moeda principal de reserva, já tem 800 mil milhões de euros, com os quais pode comprar o que entender na Euro, nomeadamente empresas, cujo valor bolsista não parou de descer nos dias e semanas.
Todos aqueles que acusam Sócrates de ser o causador de uma dada crise não percebem que o que se trata é de um erro sistémico do capitalismo político, diferente da economia de mercado. Capitalismo de Estado ou Político e economia de marcado não são já a mesma coisa.
Quando o euro foi criado como moeda não dos estados ou nações, mas dos bancos privados, surgiu o erro sistémico que já descrevi aqui. Foi dado a entender que os bancos podiam comprar todas os títulos de dívida dos Estados, que se tornaram no meio de financiamento público, e depois o BCE compraria tudo o que a banca poderia querer vender e não o fez, deixou grande parte da banca com a criança nos braços, o euro. Hoje, a banca do euro está descapitalizada e Paul Krugman disse ontem ao jornal alemão "Handeslblatt" que o BCE deveria passar a ter o funcionamento equivalente ao da Reserva Federal dos EUA antes de se assistir ao rebentar de todas as economias europeias. A dívida da Zona Euro é de um valor absurdo e insuscetível de ser paga. Só a Alemanha terá mais de 5 biliões de euros de dívida real, apesar de dizer que só deve 2 bilhões e qualquer coisa, o que também não é pouco. Infelizmente ninguém percebe isso, ainda ontem Alfredo Barroso falou muito, mas nada disse e o "Monde Diplomatique" publicou um artigo sobre o BCE em que não chega a ir ao fundo da questão, ficou-se pela rama, mas quase tocou no problema.
Krugman e Stiglitz (Nobeis da Economia) previram que o euro não duraria muito mais de 10 anos. Isto há uns 9 anos atrás. Não acreditei e julguei que era inveja americana, mas eles leram os estatutos do BCE e viram que sem emissão de moeda e privilegiando só a estabilidade, toda a zona euro acabaria estagnada em crise e foi o que aconteceu. Ao contrário do que faz qualquer Banco Central, o BCE não ...compra dívida aos estados, mas só no mercado secundário, tendo levado os bancos a comprarem muita dívida na convicção que a venderiam ao BCE sempre que fosse necessário. O BCE não conseguiu assim controlar os montantes das dívidas dos países membros e dos bancos até se chegar à crise generalizada. A privatização de uma moeda foi a origem de um descontrolo global e resultou de uma posição ideológica dos muitos partidos de direita europeia. O BCE enganou toda a banca europeia com a ideia de comprar toda a dívida europeia, algo que não está a fazer.

 


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